tag:blogger.com,1999:blog-85922154859061365472010-08-03T15:34:56.276-03:00Cavaleiro da HistóriaCelso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.brBlogger26125tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-36966374789052315182010-05-03T10:22:00.001-03:002010-05-03T10:27:00.676-03:002010-05-03T10:27:00.676-03:00A Partilha da África - Teorias explicativasAo longo da história tenta-se explicar as causas e os fatores que influíram para que ocorresse a partilha da África ao final do século XIX e inicio do XX, neste contexto iniciaremos por apresentar as diferentes teorias a respeito das causas da partilha da África.<br />
<br />
<b>A Teoria econômica </b><br />
A princípio ninguém se opunha a idéia do caráter econômico para a explicação da expansão imperialista, mesmo entre os especialistas não-marxistas. As origens teóricas desta noção surgem em 1900 quando Rosa Luxemburgo apresenta o imperialismo como último estágio do capitalismo. A clássica forma desta teoria esta contida na afirmação de John Hobson:”a superprodução, os excedentes de capital e o sub-consumo dos países industrializados levaram-nos a colocar uma parte crescente de seus econômicos fora de sua esfera política atual e a aplicar ativamente uma estratégia de expansão política com vistas a se apossar de novos territórios”. Para Hobson esta seria a raiz econômica do imperialismo, e mesmo com a atuação de outras forças, e apesar delas, a decisão final ficaria com o poder financeiro.<br />
Lênin salientava que o novo imperialismo caracterizava-se pela transição de um capitalismo de orientação “pré-monopolista”, no qual predominava a livre concorrência e que prosperava exportando mercadorias, para o estágio do capitalismo “monopolista”, em que o avanço depende da exportação de capitais, e intimamente ligado a intensificação das lutas pela partilha do mundo. <br />
Nacionalistas, revolucionários do terceiro mundo, uniram-se a numerosos especialistas marxistas, na aceitação do imperialismo como resultado de uma exploração econômica descarada. Muito embora nem Lênin nem Hobson tenham se ocupado do caso específico da África, não resta duvidas de que suas observações contribuíram na analise da história da África. Não podemos descartar o fator econômico da partilha, mas, não podemos reduzi-la a este único fator.<br />
<br />
<b>As Teorias psicológicas</b><br />
As chamadas teorias psicológicas estão divididas aqui em: Darwinismo social, Cristianismo evangélico e Atavismo social. Basicamente estas teorias apontam na direção de uma superioridade da “raça branca” em relação ao africano, o que de certa forma justificaria a colonização.<br />
<br />
<b> Darwinismo social</b><br />
Tendo como fonte de inspiração o livro “A origem das espécies por meio da seleção natural, ou a conservação das raças favorecidas na luta pela vida”, escrito por Darwin e publicado em 1859, onde se basearam os analistas para justificar a partilha como algo natural, pois era destino da “raça superior” conquistar e dominar as chamadas “raças não evoluídas”.<br />
<br />
<b>Cristianismo evangélico</b><br />
Para o cristianismo evangélico a teoria de Darwin representava uma grande heresia, muito embora discretamente aceitasse as implicações racistas da obra. As conotações racistas do cristianismo evangélico ficavam encobertas por “zelo humanitário” e “filantropia”, idéias muito disseminadas entre os governantes europeus no período da partilha e colonização da África. Sustentava-se desta forma a necessidade de “regenerar” os povos africanos. Apesar da provável participação de missionários nos preparativos para a colonização da África, apenas este fator não se sustenta como uma teoria geral da ação imperialista na África, haja visto que esta teoria é limitada e não contemplaria uma análise por toda África.<br />
<br />
<b>Atavismo social</b><br />
Joseph Shumpeter foi o primeiro a explicar o imperialismo em termos sociológicos, para ele os fatores psicológicos superam os fatores econômicos na explicação da colonização da África. Segundo Shumpeter o desejo natural do homem em conquistar e subjugar outro homem, estava intimamente ligado ao processo imperialista da África. A expressão atavismo social é relacionada por uma manifestação de uma regressão aos instintos políticos e sociais do homem primitivo. Shumpeter defende que o capitalismo é antiimperialista, e que por isto mesmo a teoria econômica deveria ser descartada como possibilidade de análise da colonização.<br />
<br />
As teorias psicológicas, podem sim conter verdades, que ajudam a compreender a partilha da África, no entanto, não conseguem explicar porque esta ocorreu neste exato momento, e não em outro momento qualquer. Apesar de não dar conta de uma explicação do porque da partilha, fornece elementos na direção de explicar porque a partilha foi possível e até considerada desejável.<br />
<br />
<b>As Teorias diplomáticas</b><br />
Oferecem uma explicação puramente política para a partilha da África. É talvez a mais comumente aceita. Para analisá-las dividiremos em: “prestígio nacional”, ‘o equilíbrio de forças” e a “estratégia global”.<br />
<br />
<b></b><b> Prestígio nacional</b><br />
Carlton Hayes, defende que o novo imperialismo era um fenômeno nacionalista. E que os defensores do imperialismo possuíam sede ardente de reconhecimento e prestigio nacional, assim resumido por Hayes: “ A França procurava uma compensação para as perdas na Europa com ganhos no ultramar. O Reino Unido aspirava compensar seu isolamento na europa engrandecendo e exaltando o império britânico. A Rússia, bloqueada nos Bálcãs, voltava-se de novo para a Ásia. quanto a Alemanha e a Itália, queriam mostrar ao mundo que tinham direito de realçar seu prestígio, obtido à força na Europa por façanhas imperiais em outros continentes. As potências de menor importância, que não tinham prestígio a defender, lá conseguiram viver sem se lançarem na aventura imperialista, a não ser Portugal e Holanda, que demonstraram renovado interesse pelos impérios que já possuíam, esta última principalmente, administrando o seu com redobrado vigor."<br />
<br />
<b> Equilíbrio de forças</b><br />
F. H. Hinsley destaca que o desejo de paz e de estabillidade europeu foi a principal causa da partilha da África. Segundo Hinsley a partir do Congresso de Berlim, as nações européias estiveram a Beira de um conflito generalizado, que somente não ocorreu por habilidade dos estadistas. No entento, havia um crescente conflito de interesses na África, que ameaçava a paz na Europa, portanto, segundo Hinsley, não havia outra forma de manter a paz e a estabilidade européia senão com a partilha da África.<br />
<br />
<b> Estratégia Global</b><br />
Se pensarmos em uma frase que resumisse a idéia da estratégia global poderíamos dizer que: “A grande responsabilidade pela partilha da África é dos próprios africanos.” A chamada Estratégia Global acendeu entre os especialistas em historia da África reações negativas, no entanto, foi irresistível entre historiadores não africanistas e mesmo junto ao grande público, mas, uma analise mais profunda desta tese torna difícil sua aceitação.<br />
Os grandes defensores desta teoria, Ronald Robinson e John Gallagher, atribuem a responsabillidade da partilha aos movimentos “protonacionallistas” na África, que passaram a ameaçar os interesses estratégicos globais das nações européias. Estas “lutas românticas”, segundo os autores, teriam culminado por “forçar” os estadistas europeus a partilhar a África, mesmo contra sua própria vontade, em defesa dos interesses de suas nações no âmbito global.<br />
<br />
<b> Teoria da Dimensão africana </b><br />
Esta teoria admitia superficialmente os motivos econômicos da partilha, mas não como elemento principal. Nos anos de 1930, George Hardy, especialista em História colonial francesa, demosntrou a importância dos fatores africanos locais da partilha, tratando a África como uma unidade histórica.<br />
Tratar a África apenas no quadro ampliado da Europa é um erro grave, estaríamos de certa forma, negando a existência de “vida inteligente” no continente africano. É necessário examinar os motivos da partilha do ponto de vista das sociedades africanas. Uzoigwe acredita que as teorias eurocêntricas que explicam a partilha completam-se com a teoria da dimensão africana, rejeita, no entanto, a idéia de que a conquista do continente africano era inevitável, para ele existiu um processo que iniciou-se bem antes do século XIX, e que os faotres econômicos foram vitais na tomada de decisão da conquista e partilha. Precipitados é bem verdade, pelas resistências africanas a invasão crescentes executadas pela Europa, o que teria militarizado o processo de ocupação.<br />
<br />
Por; Celso de Almeida<br />
<br />
Resumo do texto: Partilha eurpéia e conquista da África de Godfrey N. Uzoigwe.<div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-3696637478905231518?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-600562855635490062010-03-25T08:56:00.003-03:002010-03-25T09:03:51.195-03:002010-03-25T09:03:51.195-03:00Rio de Janeiro colonial – a vocação para o comércio<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.consciencia.org/imagens/ary/image004.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="236" src="http://www.consciencia.org/imagens/ary/image004.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div>Inicialmente a corte portuguesa faz a opção de colonizar São Vicente, fundada por Martim Afonso. Mas, como podemos explicar este interesse? Já que não é uma localização que favoreça a extração do pau-brasil (que por lá não existia), tampouco seria pela adequação para a produção da cana-de-açúcar, afinal o nordeste possuía uma produtividade muito maior, além do que, sua proximidade com a Europa tornava o valor do frete um grande diferencial dos custos. Porem são Vicente era ponto inicial de uma trilha guarani que levava ao Paraguai estando desta forma mais próximo ao Prata. Eis ai a razão da atenção maior por são Vicente no início da colonização do sudeste.</div><div style="text-align: justify;">Em 1562 a coroa portuguesa criou a Capitania Real de São Sebastião do Rio de Janeiro. Que passa a ser a base política da corroa em relação à região do Prata. Com a expulsão dos franceses de Cabo Frio em 1575, o Rio inicia sua historia como porto do comércio atacadista do tráfico negreiro. Este comércio, apesar de fazer aportar na cidade um grande número de africanos escravizados, não fazia com que o Rio de Janeiro possuísse uma grande quantidade de escravos, pois, a maioria dos desembarcados tinham como destino a região do Prata (no auge do contrabando da prata). Ressalta-se que o escambo contrabandeado de negros por prata foi uma das primeiras atividades regulares da cidade.</div><div style="text-align: justify;">O comércio entre a Europa e o Oriente sempre foi deficitário para os europeus, sempre muito interessados nos caros produtos orientais, que em contra partida possuíam pouco interesse nos produtos na Europa (armas e tabaco eram exceções). Este déficit exigia que o comprador europeu realizasse vultosas transferências de ouro e prata (preferencialmente) a fim de saldar os pagamentos dos produtos orientais. Neste sentido a prata da América foi chave primordial para a manutenção deste comércio. Para Portugal a prata inicialmente entrou em seus cofres pelo contrabando de escravos e mercadorias a partir do Rio de Janeiro com a região do Prata, este comércio foi de importância capital para o Império português. O Rio recebia mercadorias das mais diversas, vindas de diferentes locais, mais não resta dúvida que a mais valiosa das mercadorias era o escravo.</div><div style="text-align: justify;">Para Carlos Lessa: “a atividade econômica e a prosperidade do Rio colonial pré Geraes eram, por conseguinte, de natureza mercantil urbana. O Rio, antes de ser um centro com vida urbana, já era urbano por suas articulações externas. O porto era o principal equipamento e a razão de ser da vila.” Assim durante o século XVIII, o comércio entre o Rio de janeiro e a região do Prata deu lugar as necessidades de abastecimento das Minas Gerais. Isto aprofundou ainda mais a vocação comercial do Rio, ensaiadas desde os primeiros tempos da colonização.</div><div style="text-align: justify;">O Rio foi consolidando-se como um entreposto comercial, Amaral Lapa destaca esta importância de centro obrigatório de passagem de mercadorias: “a reexportação dos artigos originários de salvador pelo porto do Rio não se destinava apenas ao Prata(…) No final do século XVIII (…) encontramos ordens para que o tabaco baiano, exportável para a Índia, passasse a ser enviado antes ao Rio de Janeiro de onde seria transportado ao oriente.”</div><div style="text-align: justify;">Mas o Rio não foi somente comércio, outras atividades foram desenvolvidas; extração de pau Brasil, produção de açúcar e aguardente; de alimentos, principalmente a farinha de mandioca, criação de gado e alguma construção naval. Em 1614, o governo autorizou que o açúcar fosse utilizado como moeda para o tráfico negreiro, além disto, a produção de aguardente também era importante no comércio com a África. Sem dúvida que essas duas passagens explicam o crescimento e incentivo da atividade agrícola da cana de açúcar no Rio de Janeiro. É interessante observar que em São Vicente a atividade açucareira não prosperou, apesar de possuir condições climáticas bem semelhantes ao Rio de Janeiro, portanto o fator diferencial entre o sucesso do Rio e o fracasso de São Vicente no que diz respeito à cana de açúcar foi, inexistência de uma relação direta com o tráfico negreiro. O tráfico combinado ao contrabando terminou por gerar um fortalecimento da urbanidade e do desenvolvimento do Rio de Janeiro.</div><div style="text-align: justify;">Quando ocorreu a União Ibérica o Rio de Janeiro foi amplamente beneficiado, pois com a união de Portugal e Espanha não haveria limites ao comércio com o Prata. Os portugueses, exímios pilotos de navegação no estuário penetraram cada vez mais rio adentro em suas pequenas embarcações. Este avanço se deu de tal forma que ao ser extinta a União Ibérica havia cerca de 6.000 portugueses no Peru e 25% da população de Buenos Aires era de lusitanos (LESSA, 2005), estes números servem para destacar a importância atingida pelo comércio com a região, lembrando-se que a base de todo o comércio com a região era o Porto do Rio de Janeiro.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>O Rio prosperando no século XVII</b></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não existem muitas fontes documentais que mostrem este processo de expansão do Rio no século XVII, no entanto podemos avaliar este processo de crescimento através da análise da multiplicação de templos religiosos: Nossa senhora da Apresentação (1613), em Irajá; São Francisco da Penitência (1619); Convento do Carmo (1619); São Francisco Xavier (1625); São Cristóvão (1627); Candelária (1627); Igreja de Santa Cruz dos Militares (1628); Igreja de Nossa Senhora da Conceição (1634); Igreja da Penha (1635); Igreja do Rosário (1639); Nossa Senhora do Bom Parto (1649); Mosteiro e convento de são Bento (inaugurado em 1652); em 1659 a ordem de São Francisco cria a Província do Rio de Janeiro (agora separada da província de Salvador); Da Glória do Outeiro (1671); Convento da Ajuda (1678) e Igreja de São Roque (1697), em Paquetá, são exemplos desta proliferação. </div><div style="text-align: justify;">Um grupo foi particularmente beneficiado com o crescimento da vila, os Sá, descendentes do fundador, herdaram ou capturaram para si grande parte do Rio de Janeiro. Eram os controladores do porto, na medida que a eles cabia a emissão do atestado de carga, além disto também pertencia a eles o trapiche de ver o peso, em termos de terras os Sá chegaram a possuir 50% das terras de campos dos Goytacazes, além da Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Guaratiba e de metade da Ilha do Governador. Dentre os Sá o de maior notoriedade é Salvador Correia de Sá. Quando da União Ibérica esteve ao lado dos espanhóis sendo nomeado para cargos em Tucuman, Paraguai e Peru. Mais tarde, rompida as relações com a coroa espanhola, é nomeado para cargos de grande importância também no Império portugues, foi general das frotas do comércio do Brasil e chefiou a reconquista de Angola em 1648. Foi administrador das minas de São Paulo e São Vicente, mas ao final do século XVII, Salvador de Sá já sabe que o verdadeiro Eldorado não eram as minas, mas, o trafico de escravos. Vieira de Mello sintetiza: “Os Sá, do Rio de Janeiro eram, sobretudo traficantes de escravos, e para tal fim lhes serviam os seus estaleiros, engenhos, alambiques, as culturas de mandioca e de cana-de-açúcar.”</div><div style="text-align: justify;">Em 1680 é fundada a colônia de Sacramento, e os meios para esta empreitada vem do Rio de Janeiro, tanto em forças (protetoras) como em recursos financeiros, a intenção era estabelecer um ponto de apoio ao comércio com a região do prata. No entanto os espanhóis atacam e destroem Sacramento, somente em 1682 Tavares Rondon recupera-a. Para a manutenção da colônia mais uma vez o Rio envia recursos, o centro mercantil do Rio de Janeiro exige e obtém em 1697 o controle total do comércio da colônia. O Rio financiou a política no prata, e foi de grande importância geopolítica na retaguarda da expansão Lusa na região sul. No entanto, esta opulência financeira externa não representou um aumento significativo da monetarização interna da vila. Mas como entender então que tanta riqueza externa não representasse um aumento de riqueza circulante dentro da vila? A resposta é o entesouramento, sendo assim o Rio, desde o início, comportou-se como grande caixa-forte de reservas de metais preciosos, legais ou ilegais. Grande parte destas reservas foi transformada em objetos de uso, justificando o grande número de ourives que possuía o Rio de Janeiro.</div><div style="text-align: justify;">A partir do início do século XVIII intensifica-se o tráfico negreiro, este aumento tinha como objetivo o abastecimento de escravos nas Minas Gerais e o aumento da produção de açúcar, neste momento o Rio chega a ocupar a terceira posição na produção açucareira atrás de Bahia e Pernambuco. Para que possamos avaliar, segundo Carlos Lessa: “Entrou de 1736 a 1810 pelo porto do Rio de Janeiro a multidão de 580 mil escravos.” Neste período existiam 17 navios registrados dedicados exclusivamente ao comercio escravo no Rio de Janeiro. Mas o Rio não era apenas centro do comércio exterior era também o centro do comércio de cabotagem da colônia. Escravos eram trocados pelo fumo baiano e por alimentos com a região sul. O Rio centralizava o comércio atacadista da colônia. Vende escravos, alimentos e produtos manufaturados importados e em troca recebe ouro e diamantes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>A importância do porto: crescendo com a cidade e fazendo a cidade crescer</b></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O porto foi fundamental para a vida do Rio colonial, afinal através dele o “Rio comercial” se desenvolveu, e a partir dele a cidade cresceu, foi de grande importância na vida e no crescimento da cidade, sua importância foi tanta que o local inicial do porto (região da praça XV) manteve a centralidade da cidade mesmo com o deslocamento do porto.</div><div style="text-align: justify;">O porto onde se podia fundear a nau em segurança, protegida contra ventos e assaltos, onde se podia abastecê-la e realizar manutenções. Assim o Rio manteve suas características iniciais de crescimento, o porto era o centro e a partir dele o Rio se expandiu em camadas “feito casca de cebolas”, e manteve até hoje o mesmo modelo expansionista. A cidade do Rio, é um local em que o centro da cidade na verdade não está em seu centro, se assim podemos dizer, o centro do Rio encontra-se um uma de suas “laterais”, e isto devemos a forma como o Rio cresceu, fazendo de seu principal ponto seu centro (o porto) muito embora não o fosse geogaficamente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;"><b>O papel dos jesuítas na economia do Rio colonial</b></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desde o inicio a companhia de Jesus exerceu importante papel na vida econômica do Rio de Janeiro, desde o século XVI. A ordem fundou o colégio, no morro do castelo e operou o primeiro porto na base do morro. Muitos engenhos, como Engenho Novo, Engenho Velho, São Cristovão, Macaé, Campos dos Goytacazes e Santa Cruz, são exemplos de engenhos fundados pelos jesuítas. Em Santa Cruz e em Campos a ordem ainda desenvolveu a pecuária, vindo a tornar-se importante abastecedora de carne para a vila do Rio. Os implementos da companhia eram rentáveis, ela controlava a educação. Sua engenharia era avançada, tendo construído na região de Sepetiba uma rede de canais navegáveis, além de drenagem das baixadas, interligando a região do rio Guandu ao rio Itaguaí. </div><div style="text-align: justify;">Ao assumir o governo português, o Marquês de Pombal decidiu pela expulsão dos jesuítas das terras portuguesas, em 1760, 200 padres são expulsos do Brasil e as terras da companhia foram desapropriadas e loteadas. O Rio cresceu lentamente, mas, seu crescimento dinamizou toda a região em torno da vila desde os primeiros momentos de sua fundação, o comércio se fez uma atividade presente, mais tarde a economia açucareira foi o desdobramento do capital obtido com o comércio com a região do prata e com a África.</div><div style="text-align: justify;">Podemos assim dizer: O Rio foi o laboratório onde foi gerada a urbanidade do Brasil. Uma vila, até certo ponto modesta, porem forte praça comercial e marítima.<br />
<br />
Por: Celso de Almeida. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-60056285563549006?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-92213118376875498952010-03-03T13:06:00.001-03:002010-03-03T13:08:45.745-03:002010-03-03T13:08:45.745-03:00Escravidão, construção da identidade e a Guerra de secessão dos Estados Unidos da América<meta content="text/html; charset=utf-8" http-equiv="Content-Type"></meta><meta content="Word.Document" name="ProgId"></meta><meta content="Microsoft Word 12" name="Generator"></meta><meta content="Microsoft Word 12" name="Originator"></meta><link href="file:///C:%5CUsers%5CCELSOD%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><link href="file:///C:%5CUsers%5CCELSOD%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx" rel="themeData"></link><link href="file:///C:%5CUsers%5CCELSOD%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml" rel="colorSchemeMapping"></link><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Cambria Math";
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-1610611985 1107304683 0 0 159 0;}
@font-face
{font-family:Calibri;
panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:swiss;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
text-align:justify;
text-indent:35.45pt;
line-height:150%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
mso-bidi-font-size:11.0pt;
font-family:"Times New Roman","serif";
mso-fareast-font-family:Calibri;
mso-fareast-language:EN-US;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-size:10.0pt;
mso-ansi-font-size:10.0pt;
mso-bidi-font-size:10.0pt;
mso-fareast-font-family:Calibri;}
@page Section1
{size:595.3pt 841.9pt;
margin:70.9pt 2.0cm 2.0cm 70.9pt;
mso-header-margin:35.45pt;
mso-footer-margin:35.45pt;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A luta contra a escravidão nos Estados Unidos começou através de religiosos e da imprensa dos estados nortistas. Essas idéias de liberdade espalham-se rapidamente, pois ao contrário do Brasil, onde os escravos não recebiam qualquer tipo de escolaridade, nos Estados Unidos, a religião protestante incentivava a leitura da bíblia, o que obrigava a instrução dos escravos. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Estados do norte e do sul possuíam modos de vida diferentes, provocando em terras da colônia: Como a terra da liberdade e igualdade poderia conviver com escravidão? Nos estados do sul a firme convicção de que era impossível o convívio entre as raças e só a escravidão dava a certeza de manutenção da ordem social. Ainda mais, o sul tinha sua economia fortemente baseada no escravo seja no seu comércio, onde seu alto valor gerava bons lucros, ou no fato de que a produção nas fazendas estava totalmente vinculada à mão-de-obra escrava. Para “equilibrar” as diferenças era necessário estabelecer um “ponto de união” nacional, este ponto foi a expansão territorial, durante este processo de expansão ocorrem conflitos com o México, e a dura batalha gera heróis e mártires nacionais, e acirra a idéia do <b>“destino manifesto” que era, de que o povo norte americano era o novo, “povo escolhido”, e que seu destino era levar democracia e liberdade para todos os povos e religiões (luz para o mundo), processo semelhante ao ocorrido com o nacionalismo europeu que “vendia” a idéia de que era necessário levar “progresso e civilização” a Ásia e a África. <o:p></o:p></b></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Mas, a expansão territorial, como ponto de união nacional não foi plenamente alcançado, permanecia o conflito de idéias escravistas e anti-escravistas, sobre de que forma os novos territórios tratariam a questão da escravidão. Entra em cena David Wilmot que apresenta ao congresso uma proposta de fim da escravidão nos novos territórios, a “Cláusula Wilmot”, apesar de não aprovada, gera nos estados sulistas um sentimento de ira, talvez pela correta percepção de que a escravidão caminhava para um ponto de encontro com seu fim. Tentando de alguma forma <b>salvar seu modo de vida</b> (para os estados sulistas este foi o mais forte dos motivos para a guerra) os estados do sul passam a cogitar com mais seriedade a possibilidade de abandonar a união.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A Guerra de Secessão (1861-1865)<o:p></o:p></span></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Mesmo com a conquista de novos territórios gerando um reforço da identidade nacional, o problema estava longe de ser resolvido, o norte permanecia em expansão industrial e urbana, e via o surgimento de uma classe media nas cidades, em oposto ao sul que permanecia com sua economia centrada na zona rural e mantinha a relação escravo e senhor, como forma de não modificar seu modo de vida, onde prevalecia uma verdadeiro regime aristocrata, que não desejava abrir espaços para qualquer possibilidade de mudança. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em comum o norte e o sul tinham a parceria no comércio exterior e a idéia da superioridade da “raça” branca. Racismo e preconceito existiam dos dois lados, ao sul claramente escravista esta posição já é suficientemente estabelecida, e no norte onde a pressão contra a escravidão era mais forte, o preconceito manifestava-se pela ausência do negro nas esferas decisórias, é importantíssimo lembrar que ambos, tanto norte quanto o sul, não possuíam dúvidas da inferioridade “racial” negra. <b>Portanto a guerra que se aproxima não tem uma ligação direta com da manutenção ou não da escravidão, o que os dois lados lutavam era para manter seu modo de vida, suplantando assim as idéias do adversário.<o:p></o:p></b></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O rompimento das relações veio logo após a eleição de Abraham Lincoln, que apesar de acreditar na superioridade branca, era um anti-escravista, no entanto não possuía uma clara posição sobre uma possível abolição da escravidão, esta posição de dubiedade de Lincoln fazia com que os nortistas defensores do fim da escravidão o vissem como um conservador e como um abolicionista pelos sulistas. Na verdade o presidente era contra a escravidão nos novos territórios, e favorável a que a escravidão fosse isolada aos estados onde já existia. A grande radicalidade de Lincoln residia na defesa da união nacional, fortemente defendida por Lincoln, não admitindo de forma alguma a possibilidade de secessão. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Os estados dos sul julgavam que a expansão territorial, e o conseqüente aumento da área escravocrata, era fundamental para a manutenção do modo de vida sulista, para estes a eleição de Lincoln representava um bloqueio em suas pretensões, uma vez que a expansão da escravidão para os novos territórios encontrava oposição forte do presidente, esta “queda de braço” acabou por ser o estopim que faltava para o inicio da guerra. A Carolina do Sul foi o primeiro estado a romper com a união sendo seguida pelos demais estados escravistas, esta posição entrava diretamente em choque com o único ponto que Lincoln considerava inegociável.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Erros e acertos dos dois lados<o:p></o:p></span></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O primeiro erro de estratégia de ambos os lados foi a avaliação do tempo de duração da guerra nortistas e sulistas julgavam que esta seria uma guerra rápida, é claro que os dois lados imaginavam-se vencedores ao final, erraram, foi uma longa guerra onde morreram cerca de 618.000 americanos, batalhas sangrentas foram travadas, atrocidades e carnificinas foram cometidas pelos dois lados, em números reais foi a guerra que mais americanos matou. O norte, já a esta altura em franca expansão industrial, estava mais aparelhado militarmente, possuía uma boa malha ferroviária, o que facilitava o deslocamento da logística necessária a guerra, além disto, possuía uma capacidade de recrutamento bem maior que o sul. O sul “aristocrata”, munido com seu tradicional sentimento de superioridade racial, avaliou que a guerra contra a “ralé” nortista seria breve e que sua vitória seria rápida. Apesar de possuir os melhores comandantes e estrategistas isto não foi suficiente contra a superioridade bélica e numérica do norte, fazendo com que a guerra se prolongasse, e longa duração da guerra trouxe mais prejuízos ainda para os sulistas, seu contingente de recrutamento era baixo, tendo em vista tratar-se de uma economia latifundiária centrada na mão-de-obra escrava e afinal, em princípio, os escravos não iam a guerra. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Neste ponto do conflito havia duas sociedades lutando por suas ideologias de vida, o sul lutando pela preservação do seu modelo de sociedade e o norte lutando para impor a não secessão de estados.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">A confederação (sulistas) comete então outro grave erro, julgando que sua produção agrícola, principalmente algodão, fosse fundamental para a Europa, a confederação suspende as exportações para o “Velho continente” na esperança de que alguns países compradores pudessem vir com seu socorro, erraram, a Inglaterra, principal compradora já não dependia do algodão dos estados confederados, tendo encontrado fornecedores alternativos esta estratégia agrava a já combatida economia sulista, dificultando a manutenção do financiamento para a guerra. A economia do sul combalida pela guerra e pelas estratégias adotadas sofre então mais um duro golpe; o bloqueio comercial feito pela União (Norte) que gera desabastecimento e fome generalizada. Como atitudes desesperadas os governantes sulistas tomaram duas decisões que só viriam a agravar o quadro já existente: confisco de alimentos para a manutenção das tropas e o alistamento de escravos, o primeiro gerou a perda do apoio popular, ou o que restava dele, já a segunda feita para solucionar o grave problema das deserções só serviu para agravá-lo ainda mais, ainda contribuindo para a diminuição da produção pela falta da mão-de-obra, que agora desertava e fugia para o norte.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Neste tempo as “leis de confisco” promulgadas por Lincoln, que davam direito de posse aos nortistas sobre os bens confederados, para isto bastava que aquele que conquistasse a terra liberta-se os escravos capturados ou fugidos. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Devemos lembrar ainda que a grande parte , quase uma totalidade, dos combates ocorreram e terras sulistas o que ocasionou grande destruição nas áreas onde estes se desenvolviam, enquanto isto no lado da união o crescimento da industrialização transcorria de maneira normal.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Lincoln e a guerra<o:p></o:p></span></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">No início o principal foco de Lincoln não era o fim da escravidão, seu principal objetivo era a manutenção da união, porém, no transcurso da guerra, a política abolicionista e a grande fuga dos escravos do sul para terras nortistas acabaram por transformar a luta pela união em luta que envolvia também a abolição da escravidão. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">O norte venceu a guerra graças a sua superioridade numérica, possuía uma indústria têxtil que se fortaleceu com a guerra juntamente com a indústria armamentista, houve também um grande engajamento de imigrantes que chegavam em busca da “terra da liberdade e da igualdade”, pois no pensamento de todos participar da guerra os integrava de forma inquestionável ao novo país. A guerra forneceu o elemento de identificação nacional que faltava, um modelo único de sociedade. A abolição da escravidão serviu de justificativa moral para o conflito, e a ideologia nortista, agora imposta, defendia a democracia e da liberdade o “destino manifesto” da nação estava agora consolidado para muitos historiadores somente com o fim da guerra de secessão é que realmente consolidou-se a independência norte-americana.</span><br />
<br />
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Por: Celso de Almeida. </span><br />
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span><br />
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span><br />
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-9221311837687549895?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-28106362279003786172009-11-06T12:37:00.005-02:002010-02-03T10:30:28.047-02:002010-02-03T10:30:28.047-02:00O clientelismo no Brasil dos oitocentos-análise.<div style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/S2MQSaIe81I/AAAAAAAAAKQ/fwup1LgHnD4/s1600-h/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/S2MQSaIe81I/AAAAAAAAAKQ/fwup1LgHnD4/s320/images.jpg" /></a> </div><br />
<div style="text-align: justify;">O texto de Ivan Vellasco tem como principal objetivo realizar uma análise da sociedade brasileira e apresentar explicações para sua inaptidão para universalizar direitos e a incapacidade do Estado de construir e avalizar um contrato social baseado na realização plena da cidadania, entendendo-se cidadania como um corpo de direitos alicerçados em bases contratuais e assegurados pelo Estado. Para tal, Vellasco realiza um debate bibliográfico e historiográfico, o autor aponta pontos de convergência e discordância entre diversos autores. Levando em consideração que este texto não tenha pretensão de ser didático e sim um texto mais acadêmico, podemos observar que o vasto debate realizado entre os autores torna sua leitura instigante. </div><div style="text-align: justify;">Tem-se elaborado diversos modelos na tentativa de explicar as razões do nosso atraso e constantemente a base de apoio para estas explicações esta calcada na formação da nossa sociedade, e quais os motivos apontados para que não estivéssemos incluídos no fluxo de progresso das sociedades ocidentais, esses motivos seriam frutos de nossa formação. Os elementos formadores de nossa sociedade podem estar apoiados em base herdada ou construída, mental ou social. </div><div style="text-align: justify;">Alguns fatores aparecem com freqüência como causas determinantes deste atraso: herança ibérica; determinações de uma sociedade feudal com um patriarcado rural, a escravidão; como limitador de nossas ações, estrutura agrária e concentradora e uma sociedade calçada nos vínculos de dependência pessoal. Neste emaranhado de postulações existe, segundo o autor: “uma virtual inexistência de homens livres, no plano das escolhas e dos horizontes mentais, da dominação asfixiante dos senhores rural”, evidente que uma sociedade construída sobre as bases da não liberdade e da subordinação ao interesse de poucos sobre os direitos de muitos não poderia de forma alguma ser destinada ao progresso.</div><div style="text-align: justify;">Diante destas constatações o texto passa a discutir as relações entre Estado e sociedade. Neste debate um fator tem sido apontado constantemente, a presença e permanência da lógica privada no interior do espaço público. Este fato seria o definidor do nosso comportamento na esfera pública, sempre inundada das relações pessoais como fator de determinação de políticas públicas, culminando assim, em uma privatização do público. Este hábito prolongado através dos tempos acaba por sugerir que este seja um comportamento seja uma espécie de conscientização da normalidade, mais ainda, surgem os defensores que afirmam que tal método seria válido. A inquietação com a possibilidade de aceitação de que é correto que o menor (privado) valha mais que o maior (público) é que determinou a escrita do texto de Ivan Vellasco. Ampliado para as novas formas de entendimento da moderna historiografia.</div><div style="text-align: justify;">O texto trabalha estas questões a partir do subtítulo: Ordem privada, dependência e clientelismo: os modelos interpretativos. O texto apresenta uma gama variada de análises do pensamento social brasileiro, ancorado pelo pensamento do domínio da lógica privada, a favor do patronato e do clientelismo como formas de determinação social pode-se trabalhar com três linhas de explicação.</div><div style="text-align: justify;">A primeira linha de análise esta baseada nas determinações da estrutura social como sendo definidas pelo processo de colonização, apresentadas em uma estrutura social, onde existia um Estado incipiente e fraco frente aos poderosos proprietários rurais, estes sim, com seus poderes absolutos, que tornam “suas propriedades” as instituições públicas locais para a realização de seus interesses privados, sempre na busca da obtenção e distribuição de benesses, autores como Oliveira Viana e Nestor Duarte são defensores desta linha de pensamento. Esses proprietários frente à fraqueza do Estado, que se via impossibilitado de quebrar este circulo, formavam verdadeira rede da qual o clientelismo era sua principal fonte de domínio. E neste modelo de sociedade inexiste a possibilidade de um sistema liberal, que incorpore indivíduos à cidadania, é um tipo de estrutura social marcada pela preponderância do poder privado e pela dependência e incapacidade propositiva dos dominados. É nos postulados de Oliveira Viana que Caio Prado busca embasamento para a imagem de um clã patriarcal, como descrito em seu livro, Formação do Brasil Contemporâneo, uma sociedade formada por uma categoria de senhores e de escravos, nitidamente definidas e que encontravam coerência na racionalidade do modo de produção econômica reduzida a monocultura exportadora e ao grande latifúndio escravista que nos incluiria modelo de mercado capitalista. Existiria ainda segundo Caio Prado uma categoria dos desclassificados, formada por uma massa disforme, tosca, sem lugar ou função no sistema, descartáveis para a apreensão do movimento social. Para Maria Silvia de Carvalho esta massa de “descartáveis” vagou ao longo de quatro séculos, e seu único vinculo com a sociedade se dá através das relações senhoriais de dependência, era uma massa submissa e incapaz de demonstrar interesses, mesmo porque não seriam capazes de efetivá-los, neste sentido, serviam perfeitamente a lógica da dominação privada. Em consonância com Caio Prado, Luiza Werneck afirma ainda, “desse indivíduo dependente não sai o cidadão”. Maria Silvia aponta ainda que a falta de recursos de um Estado, sabidamente patrimonializado, como um dos fatores que o impediam de implantar uma ordem social racional-legal, seria necessário portanto, uma transformação a fim de produzir um Estado capaz de separar os espaços e interesses públicos dos privados. Esta era uma visão simplista da estrutura social, e a ela Kátia Mattoso opõem-se com a seguinte afirmação: “de maneira peremptória e definitiva, a mais pobre das visões, a mais imprecisa das descrições de uma sociedade”. Destas relações de favor entre os senhores e os pobres livres surgia um contexto da sociedade, baseada nas benesses da patronagem e do clientelismo.</div><div style="text-align: justify;">A segunda vertente de que o texto trata fornece como forma de estruturação da sociedade brasileira o transplante do Estado patrimonial ibérico, esta vertente da conta do transporte e reprodução das estruturas de Portugal e que aqui teriam sido reproduzidas ao longo de séculos, uma estrutura altamente centralizadora e imune a interferências de grupos sociais, até mesmo porque aqui não existiam estas forças capazes de interferir no processo. Simon Schwartzman destaca que a estrutura apresentada no modelo de transposição ibérica impossibilita a construção de uma ordem racional-legal, condição necessária a modernização e ao progresso. Neste sistema de domínio patrimonial-burocrático possuidor de um individuo desprovido de iniciativa e sem direitos diante de um Estado Centralizador, mesmo que este se apresente ineficiente. Schwartzman argumenta que apesar das deficiências o poder do Estado sustentava-se na própria máquina burocrática como forma de conseguir manter-se acima das estruturas locais, que só poderiam se expressar através de uma associação com o Estado.</div><div style="text-align: justify;">Para destacar a postulação da terceira vertente interpretativa das nossas estruturas sociais destacaremos um trecho do autor; “analises acentuam nossa herança ibérica e formação social específica, que dariam as bases de uma cultura patriarcal, marcada palas relações pessoais, pelos vínculos afetivos e pelas relações familiares, todos esses avessos à lógica da universalização e indistinção que definiriam as instituições de um Estado moderno”. Esta analise é encontrada na obra Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, onde este aponta para os problemas na formação da sociedade brasileira como fruto da herança cultural ibérica, na forma do personalismo, também desenvolvido em solo brasileiro e que aqui for reforçado pela estrutura rural, contribuindo para definir as características do nosso patriarcalismo e patrimonialismo, em que se destaca de forma inequívoca a invasão da esfera publica pelo privado, em outras palavras poderíamos dizer que é o Estado tomado pela família. Holanda destaca a sociedade que tem nos laços de sangue e de coração como fornecedora de um modelo de sociedade baseada nas relações pessoais. O Estado brasileiro não foi formado com base em impessoalidade e na universalidade, fatores que caracterizam a formação do indivíduo moderno. No Brasil “cada individuo afirma-se ante os seus semelhantes indiferentes a lei geral (...) atento apenas ao que o distingue dos demais”. Nossa cordialidade , não iguala, mas distingue, distancia, hierarquiza. Roberto Damatta é outro autor que se põem em consonância com os escritos de Sérgio Buarque de Holanda, para ele uma sociedade formada através deste processo inspira constantemente “total desconfiança nas regras e decretas universalizantes”. Para Damatta o apadrinhamento e o compadrio solapam a universalidade dos direitos e deveres, o que em outras palavras impedem o estabelecimento da cidadania, que não teria se formado entre nós por falta de um Estado capaz de mostrar autoridade e solidariedade de forma tradicional.</div><div style="text-align: justify;">Clientelismo, Estado e redes de poder</div><div style="text-align: justify;">José Murilo de Carvalho destaca a maneira pela qual este tema é tratado, em uma espécie de senso comum, é um tema que todos têm conhecimento e do qual se sentem confortáveis para abordar. Segundo o autor, o conceito de clientelismo implica “um tipo de relação entre atores políticos que envolve concessão de benefícios públicos (...) em troca de apoio político”. O clientelismo se apresenta com variados matizes, ora aparecendo como uma manifestação do mandonismo local e suas variantes outras vezes parecem um fenômeno bem próximo ao “coronelismo”, ora se oponha a este como um correspondente urbano. Na obra de Richard Graham, este aborda o clientelismo como fruto de um sistema que superou na política brasileira ao longo do século XIX, não é, portanto, surpresa que os “homens do império” passassem a maior parte do tempo na construção de redes de clientelismo. Essas redes, propagadas e acionadas, através das eleições tornavam uma corrente capaz de ligar a corte até o local mais remoto do Território Brasileiro. Já Jose Murilo de Carvalho provoca uma reviravolta no conceito de clientelismo, afirmando que ao contrário do que se possa imaginar o desequilíbrio da balança política pendia para o lado dos senhores rurais. Ao que parece o Estado era cliente do senhoriato rural.</div><div style="text-align: justify;">Outras linhas de análise vêm sendo adotadas, linhas estas que apontam para uma possível rede de clientelas nucleadas na família e ampliadas através de alianças, que garantiriam coesão política e econômica. </div><div style="text-align: justify;">Autores como Hespanha e Xavier, participantes das reflexões mais recentes a cerca da historiografia brasileira, apontam para uma nova forma de entender estas relações, baseadas na “economia do Dom ”. Estes mesmo autores salientam que as redes clientelares não se resumiam a relações de dominação e submissão, ao contrário, eram fundamentadas na ambigüidade, como uma geradora de “redes de interdependências”. Não havia somente a lógica do controle unilateral e do interesse, havia um jogo de reciprocidade, direitos, deveres e compromissos, que acimentavam uma rede social, que de outra forma não se sustentaria.</div><div style="text-align: justify;">O texto mostra que as relações clientelistas devem ser pensadas em uma lógica de reciprocidade onde ocorria uma ajuda mútua e que as ações dos envolvidos, ou dos que acreditam dela participar, era determinada pelo laços da parentela e da aliança. Hespanha e Xavier mostram nesta afirmação a síntese de seus pensamentos sobre o clientelismo: “na relação patrão-cliente exige-se uma contensão de parte a parte, numa busca incessante de justiça (...) esse tipo de relação é todo menos arbitrária”.</div><div style="text-align: justify;">A partir das preposições apresentadas, Ivan Vellasco procura trabalhar no sentido de realizar uma análise das idéias, ele destaca o evidente posicionamento dos autores que situam o fenômeno das redes clientelares como parte de uma lógica estruturante das relações sociais produzidas no antigo regime, uma sociedade historicamente definida e que mais tarde ganharia um tom espúrio e ilegítimo. A economia do Dom como forma de equilíbrio entre os poderes locais e centrais, privado e Estado, em uma lógica de alimentação recíproca desde as primeiras décadas dos oitocentos. </div><div style="text-align: justify;">Não podemos ficar atrelados a esta ou aquela corrente; Estado Forte, Estado Fraco, Poder local suplantando o Estado Central, tudo isto na realidade fez parte do processo de estabelecimento desta sociedade em formação, que por fim foi forjada no calor das negociações. Por um lado o período colonial fica caracterizado com o predomínio do privado sobre o poder público, das redes de clientela sobre a lógica das instituições de governo, a partir da Constituição de 1824, e o desenvolvimento inicial do Estado-Nação gera o início de um longo processo de polarização e ao menos tendencialmente, de inversão.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Análise do texto de Ivan Vellasco: Clientelismo, ordem privada e Estado no Brasil oitocentista: notas para um debate.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por:Celso de Almeida.</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-2810636227900378617?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br1tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-77303491367558132352009-11-06T12:29:00.002-02:002010-01-29T14:55:33.262-02:002010-01-29T14:55:33.262-02:00As notícias em Paris: Uma pioneira sociedade da informação no Séc. XVIII<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/S2MS3QBTf3I/AAAAAAAAAKg/oPSYVS_c8jk/s1600-h/iluminismo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="174" src="http://2.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/S2MS3QBTf3I/AAAAAAAAAKg/oPSYVS_c8jk/s200/iluminismo.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> Podemos afirmar que a Paris do Antigo Regime possuía um peculiar modo de propagação de notícias, oficiais e extra-oficiais, as notícias oficiais publicadas em jornais, com forte crivo da censura e uma publicação voltada para atender aos interesses do governo, mas, sem dúvida as notícias que “corriam” de forma extra-oficial, são as mais interessantes, por não estarem sob o jugo da censura, eram mais livres e recheadas de temas que na maioria das vezes eram contrários aos interesses da monarquia. Então poderíamos perguntar: como se ficava sabendo das notícias em Paris por volta de 1750? Se a leitura de jornais não trazia grandes novidades (censurados pelo governo) o “jeitinho parisiense” era recorrer a conversas informais, como por exemplo, os que aconteciam sob um grande e frondoso castanheiro localizado no coração de Paris, apelidado de Árvore de Cracóvia. Como um poderoso imã a árvore atraía boateiros (nouvellistes de bouche) que espalhavam de boca em boca as notícias sobre os eventos correntes. As notícias, geralmente sobre os bastidores do que ocorria no poder, eram dadas com a “certeza” de sua veracidade, eram “sempre” informações vindas por informantes de dentro do próprio Palácio de Versalhes. O próprio governo mandava à árvore seus espiões, para saber do que se falava nas ruas, governos estrangeiros enviavam mensageiros, para colher e também implantar boatos. Mas, não era somente na Árvore de Cracóvia que ocorriam tais reuniões; outros centros nervosos também transmitiam “rumores públicos”: cafés, bulevares, tulherias e o Jardim de Luxemburgo, eram outros dos pontos de transmissão das notícias.</div><div style="text-align: justify;">Os parisienses tinham um ávido apetite por informação, que era coletada e comparada a fim de descobrir o que de fato estava acontecendo. Famosos salões de Paris também se encarregavam desta rede de transmissão de notícias, mas acima de tudo na Paris destes tempos, ter acesso a notícias significava postar-se na rua e manter ouvidos atentos.</div><div style="text-align: justify;">Por mais atípico que pareça as diversas formas de circulação de notícias, quer fossem: oral, manuscrita e impressa, feita clandestinamente era, muito provavelmente, a mais “confiável” no que tange a realidade do que estava acontecendo, pois através de jornais e gazetas autorizadas, as notícias que circulavam eram somente aquelas que interessavam ao governo. Os censores do governo não somente reprimiam a heresia e a sedição, também protegiam privilégios, pois que, alguns jornais possuíam “privilégios régios” para a cobertura de certos assuntos, e qualquer novo periódico não poderia se estabelecer sem pagar aos inspetores do comercio de livros. Muitas vezes a própria imprensa francesa exagerava ao falar do servilismo dela mesma, existiam numerosos periódicos, muitos deles escrito em Francês, fora da França, que forneciam informações sobre os eventos políticos, especialmente durante o reinado relativamente liberal de Luís XVI. Mas claro, se algum desses se aventurasse a criticar o governo era imediatamente liquidado pela máquina repressora do regime, seja pela repressão policial, quer pela exclusão do correio . Portanto jornais existiam, mas traziam poucas noticias, e contavam com pouca confiança do leitor, mesmo os impressos fora da França.</div><div style="text-align: justify;">A imprensa estava longe de ser livre, era subdesenvolvida, se comparada à imprensa holandesa, inglesa ou alemã no mesmo período. Este subdesenvolvimento, no entanto não pode ser creditado de forma alguma a capacidade do público leitor, uma vez que, esse público era bastante curioso a respeito dos negócios públicos e começava a tomar consciência de si próprio como uma nova força política, começava assim a surgir a “opinião pública”, mesmo ainda sem direito a voz na condução do governo. Existia, portanto uma clara oposição entre uma população sedenta de notícias e um governo de formas absolutistas que mantinha sob a imprensa pesada mão de ferro.</div><div style="text-align: justify;">Não se pode observar os meios de propagação de notícias na França do antigo regime de forma anacrônica, não havia os meios que hoje existem, no entanto isto não significava simplicidade ou falta de meios, era diferente, no entanto existia uma densa rede de comunicação formada por meios e gêneros hoje esquecidos. Notícias transmitidas em mensagens sobrepostas e entrecruzadas; faladas, escritas, impressas, desenhadas e cantadas. De todas, a de mais difícil observação e análise para o historiador é comunicação oral, porque esta quase sempre desaparece no ar. Mas felizmente para o historiador o antigo regime francês era um estado policial (entenda-se “policial” a maneira do século XIX, como administração municipal) e esta polícia era sensível à importância da opinião pública, mantida sob constante vigilância por espiões em todos os lugares onde s pessoas se reuniam. Claro está que não se deve levar em conta literalmente o que está escrito nos arquivos policiais. Eles tinham um viés embutido, que muitas vezes revelava sobre seus autores do que sobre as pessoas observadas.</div><div style="text-align: justify;">Os documentos que dispomos na Bastilha é uma amostra tendenciosa, claro, mesmo porque a polícia não prendia as pessoas que falavam a favor do rei, desta forma devemos levar em consideração que importantes instrumentos que nos possibilitariam análises podem ter sofrido distorções. A análise destes documentos também revela que assuntos como a vida sexual da corte era assunto que fornecia vasto material para os “fuxicos”, e que a opinião pública nem sempre estava contra os acontecimentos da corte, havia momentos de júbilo e de revolta. Muitas histórias eram contadas utilizando-se personagens fictícios. As canções também foram um importante meio de transmissão de notícias, muitas delas originavam-se na corte, mas terminavam por alcançar as massas populares, os parisienses possuíam uma forma peculiar de lidar com as canções, eles compunham novos versos e utilizavam velhas melodias, de acordo com os novos acontecimentos que desejavam retratar. Nesta Paris podia-se mesmo dizem que havia “uma monarquia absoluta temperada por canções” neste ambiente, uma canção envolvente poderia facilmente espalhar tão rapidamente quanto um rastilho de pólvora, e à medida que se espalhava seu crescimento era inevitável, pois a ela eram acrescentadas novas palavras e versos: muitos destes versos, escritos em pequenos pedaços de papel e trocados nos cafés, ainda podem ser encontrados em “caixas, guardadas na Bibliothéque de L’arsenal em Paris, tendo sido confiscados por inspetores de polícia aos prisioneiros da bastilha. Pelo episódio que envolveu o conde de Maurepas, ministro da marinha e amigo íntimo do rei, pode-se ter uma noção d proporção do “sucesso” que alcançou este tipo de midi na Paris absolutista, Maurepas se serviu das canções para regalar ao rei, levando a estes canções que falavam tanto de seus inimigos, como também aquelas que falavam dele mesmo. Isto sempre divertiu Luis XV, até o dia em que Maurepas deixa vazar em forma de canção um episódio ocorrido dentro dos aposentos do rei, onde só se encontravam o rei, sua amante (Mme Pompadour) juntamente com uma prima sua e o próprio conde, evidentemente Luis chegou à conclusão obvia de que quem havia “vazado” os acontecimentos fora o conde, tendo o rei providenciado sua dispensa do cargo e seu banimento de Versalhes.</div><div style="text-align: justify;">As letras das canções eram de tal forma, acrescidas de palavras e versos e passadas de um para outro, que a polícia de Paris pode constatar a impossibilidade de chegar do verdadeiro autor de qualquer uma delas, como no exemplo da música “monstre dont La noire furie” (Monstro cuja negra fúria), ofensiva a Luis XV, mas que a polícia depois de 14 detenções cada uma produzindo um relatório diferente, se viu impossibilitada de determinar seu autor.</div><div style="text-align: justify;">Fossem cantados ou recitados de memória estes versos não tardavam a chegar às gazetas manuscritas e mais tarde as impressas. Tal importância ganhou este tipo de propagação das notícias que dois longos poemas que falavam de forma hostil a história do reino de Luis XV, não tardaram a tornar-se “best-seller” na década de 1780. Ao discutir o surto de canções e poemas em 1749, a obra comentava:</div><div style="text-align: justify;">“Foi nessa época vergonhosa que o escárnio geral pelo soberano e sua amante começou a tornar-se manifesto, depois continuou a crescer até o fim do reinado [...]. Esse escárnio irrompeu pela primeira vez em alguns versos satíricos sobre a infâmia cometida contra o príncipe Edward [Charles Edward Stuart, ou Belo Príncipe Charlie, o Jovem Pretendente, que foi preso em Paris em 10 de dezembro de 1748, e expulso do reino em conformidade com exigências britânicas aceitas pela França na paz de Aix-la-Chapelle], nos quais Luís XV é interpelado numa passagem que o compara com aquele ilustre exilado:</div><div style="text-align: justify;">Il est roi dans les fers; qu’êtes-vous sur le trône? </div><div style="text-align: justify;">[Ele é um rei sob grilhões; quem és tu no trono?] “</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Todas as figuras públicas eram satirizadas pelos versos e canções, as estrofes cobriam todos os grandes eventos e os assuntos políticos entre 1748 e 1750, a versificação era tão simples que novos alvos de zombaria podiam facilmente ser acrescentados a medidas que os eventos se desenrolavam. É impossível aquilatar o tamanho desse “corpus”, mas podemos ter idéia quando se constata as evidências encontradas nos arquivos em Paris. E a conclusão é de que se tratava de uma mídia de gigantescas proporções, portanto, impossível de ser parada ou detida. Hoje ainda se pode ter acesso nas principais bibliotecas de paris, a um grande número de versos que a aproximadamente 250 anos formavam canções, claro que com o passar do tempo os sons se perderam.</div><div style="text-align: justify;">Ao estudar os meios de comunicação da Paris do antigo regime não podemos pensar em separação, deve-se entender como um processo que não importava a origem da mensagem, mas sua ampliação e de que maneira alcançava o público, uma propagação que não reconhecia territórios ou classes sócias, até mesmo porque nesta Paris todos os públicos se cruzavam por toda parte. É imperativo também se realizar uma análise da maneira que eram compreendidas as notícias, esta compreensão envolve recepção e difusão. A toda esta profusão de notícias, passadas por canções ou poesias escritas em pequenos pedaços de papel, muito dificilmente poderíamos chamar de história séria, talvez o mais correto e tratá-los como folclore político, no entanto não podemos ignorar este tipo de “noticiário”, é correto levá-los a sério, mesmo porque talvez ele tenha sido fundamental no colapso do antigo regime francês. </div><div style="text-align: justify;">Os assuntos dos Libelles e Chroniques Scanda Leuses variavam pouco basicamente a corte fornecia o assunto que se fazia necessário a publicação como pode observar neste trecho:</div><div style="text-align: justify;">“a corte está sempre afundando mais e mais na depravação, os ministros estão sempre enganando o rei, o rei está sempre deixando de cumprir seu papel como chefe de Estado, o poder do Estado está sempre sendo mal utilizado, e o povo está sempre pagando o preço pelas injustiças cometidas contra ele – impostos mais elevados, sofrimento crescente, mais insatisfação e impotência diante de um governo arbitrário e todo-poderoso” (...) “a polícia era uma série interminável de variações sobre um mesmo tema, decadência e despotismo.”</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Para tentar explicar todo o processo é necessário remontar a renascença onde se desenvolveu a arte do insulto e da boataria, que com o passar dos anos modificou-se até culminar com esta vasta efusão de Libelles sob Luis XV e Luiz XVI. Certo é que: Libelles, fuxicos, poemas, canções, publicações, anedotas, todos se entrelaçavam em um sistema de comunicação tão poderoso que foi decisivo para a queda do regime.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Conclusão</div><div style="text-align: justify;">O texto possui uma escrita contagiante para qualquer um com o pela forma de propagação de notícias, trata-se de uma forma de mostrar a história no ponto de vista oposto ao oficial, mesmo assim o autor consegue implementar veracidade, utilizando-se de fontes históricas, e nos mostra que seja em Paris do séc XVIII ou no mundo globalizado do século XXI é impossível conter a disseminação das notícias, mas na Paris do Antigo Regime a oralidade foi por certo o maior dos veículos de notícia, tanto que, a partir deste instante fez surgir uma importante forma de expressão de um povo, a “opinião pública”.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Análise do texto de Robert Darnton:As notícias em Paris: Uma pioneira sociedade da informação.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por: Celso de Almeida.</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-7730349136755813235?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-37972556478309841482009-07-31T13:34:00.000-03:002009-07-31T13:40:41.893-03:002009-07-31T13:40:41.893-03:00A UNIVERSIDADE E A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O SÉCULO XXI<meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 12"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 12"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CUsers%5CANTONI%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><link rel="themeData" href="file:///C:%5CUsers%5CANTONI%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx"><link rel="colorSchemeMapping" href="file:///C:%5CUsers%5CANTONI%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1107304683 0 0 159 0;} @font-face {font-family:Calibri; panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; text-align:justify; text-indent:35.45pt; line-height:150%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; mso-bidi-font-size:11.0pt; font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; font-size:10.0pt; mso-ansi-font-size:10.0pt; mso-bidi-font-size:10.0pt; mso-fareast-font-family:Calibri;} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:2.0cm 2.0cm 2.0cm 2.0cm; mso-header-margin:35.45pt; mso-footer-margin:35.45pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi;} </style> <![endif]--><p class="MsoNormal">Os caminhos para a excelência pessoal e profissional passam, necessariamente pela educação. É especialmente nos ambientes universitários, que os sujeitos despertam suas consciências para a necessidade de se tornarem competentes, com o objetivo de se diferenciarem enquanto profissionais. Percebe-se aí, um caminho fértil para os educadores contribuírem, de modo relevante, para que os futuros profissionais capacitem-se na arte do saber, do saber fazer, do saber ser e conviver (DELORS, 1996).</p> <p class="MsoNormal">Este artigo aborda a temática do ensino superior, alertando para a importância de se planejar e organizar um currículo que complete, no mesmo grau de importância, conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, visando à formação de profissionais competentes, capazes de atender às exigências do seu entorno social.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">O ensino superior tem figurado, atualmente, como tema polêmico e vem suscitando uma série de questionamentos e reflexões sobre o papel da universidade na formação de profissionais habilitados a lidar com a complexidade dos desafios que emergem, na sociedade mutante deste novo século. O mercado de trabalho vem mostrando-se, cada vez mais exigente, em qualquer área de atuação. Não basta ter conhecimentos científicos elaborados e saber aplicá-los, de modo comum, do jeito que todo mundo faz. É preciso ir além, demonstrar criatividade para inventar um jeito próprio, fugir do que é tradicional. Essa é uma aprendizagem que a universidade precisa desafiar seus acadêmicos a construir. Para isso, precisará vencer alguns limites, alargar horizontes e passar do ensino marcadamente teórico, acadêmico, para o ensino e a aprendizagem de conteúdos procedimentais e atitudinais.</p> <p class="MsoNormal">Na concepção de Zabala (1999) a aprendizagem de conteúdos procedimentais implica em aprender a fazer, na prática, aquilo que assimilou na teoria. Bem se sabe que o mercado de trabalho, as organizações que geram empregabilidade procuram um perfil de profissional, que, seguramente, não é aquele que apresenta o maior numero de títulos. É o que consegue ser capaz de demonstrar o que sabe e, em igual grau de importância, mostrar o que sabe fazer com os conhecimentos construídos, bem como, mostrar as competências do ser, as vivencias que lhe são proporcionadas no ambiente da organização.</p> <p class="MsoNormal">Seguindo essa linha de raciocínio, indaguemo-nos: - Como estão sendo trabalhados os conteúdos procedimentais e atitudinais nas nossas universidades? Certamente os conteúdos conceituais estão sendo muito bem elaborados e ensinados. Mas isso, somente, não capacita os estudantes a exercerem a profissão escolhida, com chances de sucesso.</p> <p class="MsoNormal">Demo (1999), ao discorrer sobre os desafios modernos da educação, questiona, de forma contundente, o papel da universidade. Na sua concepção, a universidade não pode se constituir num campus repleto de salas de aula, mas num lugar onde se fomenta a produção própria qualitativa, o “saber-fazer” e não o seguimento de caminhos desvendados e trilhados por outros, como mera copia da produção alheia. Se é da pratica que emerge a teoria, é com ela que os estudantes precisam ser desafiados a estabelecer vínculos concretos para a aprenderem a fazer.</p> <p class="MsoNormal">A realidade difere um pouco de como se apresenta na teoria. Ela nos surpreende com seus imprevistos, suas peculiaridades, já que resulta de um processo vivo, dinâmico. Nenhum padrão se adapta nesses contextos. É por isso que nossos estudantes precisam fazer vivencias que lhes permitam descobrir sua potencialidade e seu grau de limitação, podendo assim, ir aparando arestas, aperfeiçoando métodos, processos, amadurecendo raciocínios, melhorando concepções sobre padrões valorativos e ir transformando comportamentos e atitudes. Isso é aprender.</p> <p class="MsoNormal">Demo (1999) sinaliza que educação deve significar, na sua essência, emancipação, ou seja, a possibilidade de se aprender a fazer com autonomia e condena aqueles professores que só socializam o conhecimento, passando informações sobre a matéria, denominando-os de “auleiros”. A crítica de Demo mostra-se mais aguda, quando anuncia que: “Quem permanece no mero aprender, não sai da mediocridade, fazendo parte da sucata” (ibidem, p.131).</p> <p class="MsoNormal">O que o autor nos traz, como ponto de reflexão, é que a vida acadêmica precisa ultrapassar o âmbito do conhecimento teórico. Alem da qualidade formal, técnica, igualmente imprescindível, é que nossos acadêmicos aprendam, no exercício da pratica, como ser um profissional de excelência, preparando se para lidar com exigências de uma sociedade em continuo e irreversível processo de mudança.</p> <p class="MsoNormal">Demo define produtividade como a capacidade de pensar e intervir na realidade e alerta para o fato de que a universidade precisa preparar seus estudantes para consolidar essa competência nos espaços que vem urgindo no mundo moderno; ressalta que a formação desses sujeitos deve contemplar “visão e ação sempre renovadas em termos de inovação cientifica e tecnológica, nas quais, capacidade laboratorial, experimental, é crucial” (1999 p.132).</p> <p class="MsoNormal">Há que se refletir, igualmente, sobre a importância de se trabalhar com conteúdos atitudinais. Esses, não são conteúdo só para educação básica, como se pensa comumente. O processo de amadurecimento e evolução do ser humano não obedece a ciclos específicos; ele é permanente, gradativo e acontece por meio da educação. Como formar bons profissionais se não cuidarmos da formação das suas atitudes? Não há como. É fazer trabalho pela metade.</p> <p class="MsoNormal">Se a universidade almeja realizar um processo ensino-aprendizagem de relevância para o contexto social onde se insere, os educadores precisam desafiar-se a pensar formas de trabalhar conteúdos atitudinais. Esses futuros profissionais precisam aprender que conviver num ambiente de trabalho implica em respeito a regras, atitudes de cooperação e não de competição, em disciplinar a vontade para fazer escolhas que só a médio ou longo prazo lhes trarão retornos satisfatórios; precisam aprender a desenvolver inteligência emocional através do autoconhecimento, para construírem uma auto-estima saudável e desenvolver resiliência, para superar seus próprios limites diante de frustrações e de situações-problema que terão de experimentar, inevitavelmente, no curso da vida. Para ser educador, é preciso entender de gente, buscar nos estudos da psicologia, fundamentos para saber lidar com o comportamento humano; pesquisar e descobrir dinâmicas, textos, músicas, documentários, filmes e outros meios que sirvam como ponto de partida para a discussão, reflexão, formação de conceitos e de atitudes em relação a estes conteúdos, tão valorizados na composição de um perfilo de profissional para a propriedade do século XXI.</p> <p class="MsoNormal">Conforme sugere Oliveira (1997, p.17) “Devemos analisar as implicações de uma visão global da pessoa humana em seus aspectos racionais, afetivos e emocionais, pois precisamos nos livrar dos paradigmas despersonalizantes e puramente racionalistas pelos quais a pessoa humana não é tratada em sua globalidade, mais aparece como peça de uma engrenagem”.</p> <p class="MsoNormal">A discussão sustentada ate aqui pretende servir como uma proposta de reflexão, de análise, de possíveis planos coletivos e individuais Ed ação, em âmbito de universidade. Todos precisam chamar, para si, a responsabilidade de contribuir na formação de profissionais competentes no domínio do saber, do saber-fazer e do saber-ser junto aos outros, abrindo possibilidades para uma convivência enriquecedora, de trocas salutares, inteligentes, que contribuam para o crescimento das pessoas e das organizações.</p> <p class="MsoNormal">Cabe um chamamento aos estudantes da academia. É importante lembrar-lhes que cada escolha implica numa renúncia. E, a escolha por ser um profissional que fará a diferença no mercado de trabalho, implica em empreender esforço próprio, disciplinar a vontade, não ficar à espera que milagres aconteçam tão-pouco “pegar carona” na vida de outros, na dependência eterna da famigerada “cola”, ou pedindo para que acrescentem seu nome ao trabalho do qual sequer conhece o conteúdo. Dignidade, respeito pessoal e profissional constrói-se desde o início da formação. Luft (2004, p.107) defende uma tese interessante: “Acredito que viver é elaborar, é criar: são inevitáveis as fatalidades, doença e morte. O resto – que é todo o vasto interior e exterior – eu mesma construo. Sou dona do meu destino. É mais cômodo queixar-me da sorte em lugar de rever minhas escolhas e melhorar meus projetos”.</p> <p class="MsoNormal">É comum alguns estudantes encontrarem inúmeras justificativas para não fazerem, bem feito, aquilo que deles se exige. Essa postura não soma. Subtrai. Profissionais excelentes, que se destacam que são referencias na sociedade, não se construíram, assim, por acaso ou por influencia de qualquer traço de herança genética. Mas porque lutaram contra seu próprio desanimo, enfrentaram seus medos, construíram crença na sua capacidade, no poder divino que habita em seu interior e foram à luta, sem poupar-se, sem terem pena de si mesmos. Vale refletir sobre o alerta de Luft (ibidem, p.39) que vem reforçar esta reflexão: “Não é só culpa dos outros se ficamos truncados. Em cada estágio podermos colorir algum traço, algum ponto, alguma cor no projeto de quem pretendemos ser”.</p> <p class="MsoNormal">Eis o importante desafio que se Poe diante de educadores, de acadêmicos e da universidade, como um todo: empreender esforços e reunir o máximo de entusiasmo, de desejo interior para saber mais, fazer melhor e trabalhar para fazer aflorar todas as potencialidades do ser, educando-se e colaborando na educação dos outros para que todos se formem profissionais capazes de fazer a diferença, tornarem-se referencia e fazerem-se necessários, imprescindíveis onde quer que atuem.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">“Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.” (Bertold Brecht)</p> <p class="MsoNormal">Referências</p> <p class="MsoNormal">DELORS, Jacques et al. <b style="">Educação, um tesouro a descobrir.</b> Relatório da comissão internacional sobre educação para o século XXI. Lisboa: Asa, 1999.</p> <p class="MsoNormal">DEMO, Pedro. <b style="">Desafios modernos da educação.</b> 8. Ed. Petrópolis: Vozes, 1999.</p> <p class="MsoNormal">LUFT, Lya. <b style="">Perdas e ganhos.</b> 19. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.</p> <p class="MsoNormal">ZABALA, Antoni. <b style="">Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula.</b> Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal">Resumo</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: left;" align="left">Autora: Marisa Crivelaro da Silva</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-3797255647830984148?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-41708023672736336702009-07-31T12:47:00.002-03:002010-01-29T15:05:13.132-02:002010-01-29T15:05:13.132-02:00O MUNDO DOS SENHORES DE ESCRAVOS (USA)<div style="text-align: justify;"><meta content="text/html; charset=utf-8" equiv="Content-Type"></meta><meta content="Word.Document" name="ProgId"></meta><meta content="Microsoft Word 12" name="Generator"></meta><meta content="Microsoft Word 12" name="Originator"></meta><link href="file:///C:%5CUsers%5CANTONI%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><link href="file:///C:%5CUsers%5CANTONI%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_themedata.thmx" rel="themeData"></link><link href="file:///C:%5CUsers%5CANTONI%7E1%5CAppData%5CLocal%5CTemp%5Cmsohtmlclip1%5C01%5Cclip_colorschememapping.xml" rel="colorSchemeMapping"></link><style>
<!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1107304683 0 0 159 0;} @font-face {font-family:Calibri; panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; text-align:justify; text-indent:35.45pt; line-height:150%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; mso-bidi-font-size:11.0pt; font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; font-size:10.0pt; mso-ansi-font-size:10.0pt; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoPapDefault {mso-style-type:export-only; text-align:justify; text-indent:35.45pt; line-height:150%;} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:36.0pt 36.0pt 36.0pt 36.0pt; mso-header-margin:35.45pt; mso-footer-margin:35.45pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/S2MVDl3LXLI/AAAAAAAAAKw/FoLUD94H3tg/s1600-h/cuba5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="http://3.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/S2MVDl3LXLI/AAAAAAAAAKw/FoLUD94H3tg/s200/cuba5.jpg" width="200" /></a></div><b> Introdução</b> <br />
<br />
A visão do mundo construída pelos senhores de escravos no sul dos Estados Unidos era um tanto quanto singular e causava certo estranhamento se tomada por olhares munidos de conceitos já estabelecidos, principalmente por homens que incorporavam os princípios do liberalismo e a defesa de uma sociedade livre. Foi neste contexto que se desenvolveu no Sul a defesa pró-escravidão, que os senhores frente aos ataques dos liberais revelaram a sua concepção ideológica de organização social. <br />
É preciso analisar as circunstâncias que possibilitaram o surgimento de tal visão de mundo, são três os fundamentos que serão elencados: A adoção do Modo de Produção escravo, a separação da Grã-Bretanha e “(...) a realização de um acordo adequado durante a crise constitucional (...)” contribuíram para o estabelecimento do poder regional e as linhas gerais do nascimento de uma Ideologia. Algumas questões devem ser levantadas para que haja a melhor compreensão do que se passava com esses homens que viviam em dualidade. Por que cultivaram um sistema de organização da sociedade arcaico num contexto que inviabilizava a sua aceitação? O que sentiam e exprimiam esses homens acerca de sua “defesa”? Como essa visão de mundo construiu-se? O Porta Voz dos Senhores do Sul foi George Fitzhugh que como eles comungava dos princípios da Sociedade Sulista. <br />
A vigência do trabalho escravo passava por necessidades mais do que econômica. A classe dos fazendeiros surgiu, cresceu, desapareceu dentro do modo- de- produção escravo, as forças produtivas desenvolveram a elite sulista que continha em si, o mundo da fazenda patriarcal que era o fundamento dos princípios da visão de mundo desses homens que defendiam uma escravidão orgânica, em contrapartida a economia de mercado desenvolvida pelo mundo burguês. A realidade dicotômica vivida por uma classe essencialmente escravocrata dentro de uma economia de mercado levou a defesa de que a escravidão era orgânica e não uma relação comercial. Com isso, os Senhores do Sul desenvolveram um conjunto de idéias distintas dos liberais sobre a sociedade e sua estrutura. Segundo Genovese, esses princípios representaram a base da defesa intelectual da classe escravocrata: <br />
1) O que torna um homem humano é sua dependência das vontades alheias e suas existência com um ser em sociedade. <br />
2) A necessidade de contar com os outros implica no sacrifício da liberdade individual em troca da proteção. <br />
3) O homem sendo de incapaz de viver isolado, deve tudo à sociedade.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">4) O individuo pode alienar toda a propriedade de sua própria pessoa, não apenas da capacidade de trabalho e deve fazer isso se esperar a proteção e apoio de outrem. Como proprietário adquirir confiança e responsabilidade nesta relação, sua liberdade deve ser limitada à vontade geral dos proprietários como classe.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">5) A sociedade humana consiste em uma série de relações de marcado.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">6) Como a liberdade das vontades alheias é o que torna um homem humano, a liberdade da cada individuo pode juntamente ser limitada somente por obrigações e regras tais como as necessárias a garantir a mesma liberdade a outros. <br />
7) A sociedade política é uma invenção humana para proteção da sociedade do homem e, portanto, para a manutenção de relações regulares de produção entre indivíduos considerados proprietários ou propriedade de outros. No entanto, é mister considerar as impressões de uma conjuntura hibrida, de uma sociedade dual contraditória, como é bem evidenciado em Fitzhugh. Apesar da justaposição em seu sistema a Ideologia possuía coerência no que propunha. A relação senhor-escravo, à comunidade da fazenda, a vivência no modelo capitalista e sua crítica permearam o ideário dos Senhores de escravos levando a construção de uma ideologia própria fruto da contradição da escravidão numa sociedade “burguesa” suscitou o mecanismo de autodefesa do seu mundo. O argumento pró-escravidão originou-se após os primeiros ataques antiescravidão e tinha dentro da sua lógica um forte embasamento. Para a sociedade escravocrata, a escravidão era o modelo de organização mais adequado, perfeito para toda mão-de-obra. “Paulatinamente” os senhores de escravo, tomavam consciência das suas idéias e expunham a sua Ideologia ao mundo, não se tratava somente da defesa de uma classe ameaçada pelo perigo eminente que a circundava, estes homens realmente criam na sociedade escravista como uma experiência social positiva tanto para explorados quanto para exploradores. À Fitzhugh delegou-se a tarefa de levar o argumento a sua decisão final. A origem da elite escravocrata no sul foi marcada por um debate a cerca de sua inerente tendência aristocrática, porém o que vale como importância na análise apresentada, era o desfecho que a elite sulista teve em sua trajetória tornando-se uma classe consolidada com uma lógica toda própria em sua maneira de ser e conduzir a sociedade.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><o:p> </o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><b>Filosofia dos Senhores de Escravos<o:p></o:p></b></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><b><o:p> </o:p></b></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">À priori é relevante considerar que a defesa de uma filosofia no sul passou mais por questões sociais e por isso, é relacionada intrinsecamente a sociologia por seus precursores. Para a construção de um aparelho Ideológico social é preciso subsidiar-se em idéias que fomentavam a formulação decorrente do pensamento que ratifica a sua Ideologia. O desencadear deste processo evidencia-se na afirmação ou negação de conceitos sócio-politico-culturais e econômicos que por sua vez foram à alavanca de propulsão da defesa de seus princípios teóricos. O desenvolvimento da filosofia, ou melhor, Sociologia sulista representada principalmente por Fitzugh. Criticou os fundamentos do Iluminismo e segundo ele “(...) Os filósofos, argumentavam, confundiam o mundo moral com o fictício, e isto não era estranho, porque tinham começado a duvidar se havia qualquer outro alem do mundo ficticio(...)”. Cabe destacar que a crítica social do sul ao Iluminismo era isolada dento do contexto do mundo burguês em que se situava, ou seja, não era oportuno o momento de fazer-se uma defesa radical do modelo escravista, se para a sociedade não he causava “incômodo” . Nesta passagem observa-se a clareza desta exposição ”Nenhum esquema para uma mudança de sociedade pode fazer-se de sorte a aparecer agradável imediatamente exceto pela falsidade ate que a sociedade tinha se desesperado a tal ponto que aceite qualquer mudança. Uma sociedade cristã só se torna aceitável depois que se tinha examinado bem as alternativas”. O modelo social defendido pelo sul era a revitalização de valores que o mundo não cria mais e Fitzhugh, segundo Genovese foi o principal expoente, lançando as bases de um sistema filosófico alternativo. Mas no que consistia essa construção social? O alicerce do fundamento filosófico pró-escravista baseava-se além da crítica aos princípios burgueses na defesa de uma religião na vinculação dos valores direcionados à defesa da escravidão. A filosofia sulista criticava também o cosmopolitismo do liberalismo, a influência externa que os impedia de estabelecer sua individualidade intelectual e moral colocando-se numa postura um tanto quanto constrangedora, a defesa dos interesses econômicos entenda-se como fazenda levaria a negação da filosofia vigente no mundo burguês ao qual também pertenciam. Para os pró-escravistas o homem não formava a sociedade ele é fruto dela e subserviente do bem comum. O bem-estar dos não proprietários era defendido pelos proprietários em acordo já que a propriedade “(...) não é direito inalienável (...). (...) e deve funcionar para o bem publico” . Sendo assim, em sua teoria, os senhores de escravos são os responsáveis por proverem o bem a sociedade e dar a “proteção” necessária aos não proprietários dos meios de produção corroborando sua afirmativa antiliberal que promovia a disputa e o individualismo entre os homens. A escravidão trazia maior segurança ao trabalhador, seus valores não se centravam no lucro, era essa a imagem que o sul “vendia” acerca do regime. Todavia servia muito mais para manter a submissão, inferioridade, divisão de classe e a crença de uma elite de fazendeiros na tradição de um modelo reacionário que validava a sua existência. A crença sulista estava na compreensão da sociedade como sendo construída por fracos (escravos) que necessitavam da proteção dos fortes (elite de fazendeiros) e para o seu próprio bem-estar era dividida entre os possuidores de liberdade quem é destituído dela por sua fragilidade. Os senhores de escravos por necessidade de afirmação do seu ideário precisavam atuar no campo das idéias, entretanto para o seu principal representante a condução do mundo estava na questão social, na relação mais do que nas idéias era a experiência no modelo que mostrava a verdadeira diretriz da sociedade, não havendo como os senhores desvincularem- se do campo ideológico.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><o:p> </o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><b>A crítica do Capitalismo<o:p></o:p></b></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><b><o:p> </o:p></b></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">O embasamento sulista na defesa da escravidão na órbita em torno da crítica ao capitalismo, especificamente na crítica ao mercado livre e no aspecto moral da sociedade liberal. Elucidando esta questão tem-se a obra de Fitzhugh que exprime a “mediocridade” da sociedade capitalista burguesa, a escravidão sulista fora contemplada como o modo-de-produção ideal, possuía raízes, não era recente e “superficial” como o capitalismo liberal, sendo um sistema consolidado e estruturado em suas heranças. O capitalismo continha em si a macula a anomalia, o diferencial negativo. Ao apelo moral era imbuído demasiado fundamentalismo da crítica aos princípios da sociedade capitalista que vinculava o bem-estar à figura do indivíduo e sua força de trabalho. Já os escravistas julgavam à postura liberal como um meio de ascensão dos “ricos” sobre os pobres sem importar-se com o bem do outro. E era justamente nas falhas do sistema que consistiam os seus fundamentos. <br />
O sul escravista quase pregava uma filosofia social, não atingiu essa máxima pelas contradições existentes em seu modelo, o crescimento da escravidão, por exemplo, foi fruto do desenvolvimento do capitalismo e a exigência de mão-de-obra. Apesar disso, a crítica permaneceu de modo veemente sobre a sociedade liberal e o comércio livre. A hegemonia do sul e a ratificação dos seus fundamentos dependiam da destruição do mercado livre. Havia, no entanto o reconhecimento dos avanços científicos da sociedade burguesa, seu apelo encontrava-se no declínio dos padrões morais. Segundo Genovese, para Fitzhugh admitir os benefícios da sociedade capitalista, seria como afirmar a sublevação da sociedade escravista para a liberal, por isso suas afirmações não negavam os progressos, mas criticava os demais aspectos como a moralidade. São afirmações de Genovese: <br />
1) Os sistemas de trabalho pré-capitalistas eram, em geral, sadios, morais e bons.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">2) O capitalismo libertou mentes e corpos humanos da servidão.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">3) O capitalismo produziu avanços sem paralelos na economia mundial.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">4) O capitalismo é um sistema imoral, ou melhor, amoral que condenou a grande maioria das pessoas do mundo à fome e à privação. <br />
5) A escravidão devia, de alguma forma, ser restaurada em toda parte, de modo a restaurar a segurança, a ordem e a decência para todos os homens de boa vontade. O ataque ao comércio livre tinha como argumento o desenvolvimento dos valores corrompíveis gerados pelo capital, o dinheiro usado sem controle seria destrutível e um potente gerador de desigualdades, corrupção e opressão dos pobres, o que não aconteceria no regime escravista onde havia os princípios familiares que o limitavam ao essencial, a doutrina imbuída aos escravistas que poderiam ser comparáveis ao socialismo se não se tratasse do modo-de-produção escravo, baseado na exploração tanto quanto o liberalismo. Outro fator justificável de acordo com os pró-escravistas da crítica ao capitalismo, estava na apropriação de Teoria trabalhista do valor que desenvolvida por Fitzhugh ganhou ares de denúncia contra o mercantilismo (e a prática do empobreço teu- vizinho). Para o teórico dizer que o capitalismo gerava valor nas pessoas foi suficiente, para o fomento da teoria de superávit de Marx que consistia no lucro obtido pelo capitalista através da exploração da força de trabalho. Fitzhugh apropriou-se da teoria para corroborar seu fundamento social escravista, contudo se o superávit era o lucro oriundo da exploração do trabalho, não seria também a escravidão um sistema explorador? O meio encontrado para amenizar o papel da escravidão no superávit foi admitir que sua exploração dava-se de forma mais humanizada a alguns fora delegada a tarefa de conduzir os outros, o inadmissível era o individualismo, o egoísmo e a competição. Existia uma naturalidade na hierarquia social beneficiando o processo de construção ideológica da escravidão sobre o liberalismo. A Teoria pró-escravista considerou um capitalismo estático, subsidiando a defesa da escravidão sobre alicerces equivocados. Fitzhugh considerava o nível de subsistência gerado pela exploração do trabalho, fosse organicamente produzido pela sociedade liberal, quando de fato era um estado transitório indeterminado biologicamente, mas sim culturalmente. Apesar da má fundamentação de seus pensamentos expressava a posição de sua classe. O cunho moral sempre esteve latente na construção ideológica dos senhores de escravos: Economia e moralidade eram as engrenagens que movimentavam a Ideologia sulista. A moralidade ganhou roupagem religiosa e Deus passou a ser um coeficiente necessário a formação do ideário e dos senhores do sul. Deus havia dado-lhes sabedoria para que gerissem a sociedade construindo as instituições e a política na defesa dos fracos. A competição só servia para instaurar a animosidade entre os indivíduos, o que tinham a oferecer de bom os burgueses liberais? Contestava a opinião sulista, que contribuição traria aos laços familiares e patriarcais que moviam as relações nas fazendas? Na Ideologia que se criara fazia sentido a prática de hábitos que valorizassem a família e a moral, tanto que no sul, segundo Fitzhugh, o grande parentesco era admitido até o 5º grau estendendo ao seio da família e sua contribuição como ferramenta de alienação ideológica. A cristandade desempenhou um papel de articulação e afirmação na defesa pró-escravista. “O senhor abraça a moralidade cristã naturalmente porque seu papel na vida é essencial o de pai e protetor” (Genovese, 1979, p.200). A escravidão assim como a religião assume uma função moralizante. Só ela seria capaz de exterminar com o desespero da classe dos trabalhadores. Apesar da tradição Protestante era bem verdade que os senhores sulistas precisavam do tradicionalismo do catolicismo. A reforma protestante por mais que fosse admirada em termos de praticidade e reação social contra o movimento católico – analogia ao sul e seu movimento de afirmação – não exprimia o reacionismo e mais do que isto representava a burguesia. O Sul tão atribulado a tradição via-se imobilizada na herança protestante inglesa.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><o:p> </o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><b>Defesa da Escravidão<o:p></o:p></b></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><b><o:p> </o:p></b></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;">A família, o patriarcalismo e o casamento encontravam-se na base da defesa de uma solida estrutura familiar que estava intrinsecamente relacionada à filosofia escravocrata e a condução do modelo sulista. Os escravos eram a “família” preta da fazenda, a escravidão levava a proteção do pai aos filhos. O patriarca assumia responsabilidades atuantes no controle rígido da disciplina. Contudo, os elementos da Autarquia não estavam somente na ideologia seus alcances pretendiam adentrar na esfera governamental. <br />
O teórico sulista Fitzhugh criticava a estagnação econômica na agricultura e expunha a necessidade de modernização que alavancararia a industrialização e o desenvolvimento de cidades no sul. Para ele era preciso que a urbanização e o crescimento das indústrias fossem processos concomitantes para evitar a dependência ao comércio externo criando condições de escoamento interno para os produtos, desta forma o mercado estaria protegido (Autarquia). A escravidão nesse contexto passaria por uma adaptação as novas exigências da sociedade sulista. Para tanto, era preciso expurgar da sociedade sulista as mazelas do mercado livre; isto ocorreria através da autarquia familiar. Os princípios da fazenda seriam incorporados as práticas administrativas. A primogenitura e a ocupação dos cargos políticos administrativos possibilitariam a reestruturação social. A demasiada concentração de poder nas mãos dos proprietários geraria problemas, a resolução deste cisma, segundo o autor, estava na limitação no tamanho das propriedades dos senhores sulistas que efetivamente garantiriam o equilíbrio de força entre os proprietários e evitariam o distanciamento na relação senhor-escravo. Transformar a mentalidade da aristocracia fazia-se primordial para a manutenção do regime e descentralizar o cosmopolitismo de forma a garantir mais autonomia política. Os brancos não proprietários contavam nessa formação ideológica como mão-de-obra especializada cuja responsabilidade seria o trato com os escravos. O que se propunha não passava de uma escravidão branca velada, pois teriam o título de liberdade consigo, mas eram dependentes dos senhores de escravos. As contradições do capitalismo levariam ao colapso de suas instituições e a luta de classe demonstrava esse gérmen. A mentalidade escravista, apesar das semelhanças em alguns aspectos como o socialismo divergia em outros, sua tomada de consciência passava pela ruptura de fundamentos primordiais à ideologia sulista. “O perigo, como ele o viu, era a reação contra o capitalismo estava esguichando furiosamente em todas as direções e produzindo uma psicologia de reforma decidida a derrubar tudo na vida civilizada religião, família, governo, lei e a escravidão, naturalmente” (Genovese, 1979, p. 235). A agitação social promovida pelas contradições do liberalismo burguês seria contornada com o respaldo dado as massas e o controle ao capitalismo, essas proposições eram a utopia de uma aliança para a manutenção de um sistema, sendo necessária a aniquilação do comercio livre e do mercado competidor.</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><o:p> </o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0cm;"><b>Conclusão</b> <br />
Os pensamentos dos senhores do sul impregnaram-se de um racismo que eles mesmos não se deram conta. A afirmação de que a escravidão era essencialmente boa à sociedade promovendo a formação de uma casta branca que fundamentada em valores familiares, protegia os negros contra as práticas predatórias da burguesia continham em si o embrião da inferioridade racial, lançando a base ao racismo e a criação de duas classes. A aristocracia branca e os negros escravos que corroboravam a existência de uma classe escravocrata sulista, o posicionamento superior de um sobre o outro. Esta barreira foi a manutenção de uma elite fazendeira que levou ao ostracismo e sua falta de mobilidade. A sociedade estagnou-se e não viabilizou formas de manter o regime dentro de uma conjuntura propriamente adequada a sua sobrevivência. A incompatibilidade na convivência entre a sociedade escravista e o capitalismo liberal marcou a ideologia pró-escravidão decisivamente, tanto que os benefícios do regime e a autarquia foram efetivamente retratados por esses homens como prerrogativa a sua consolidação, talvez isso tenha significado a sua própria destruição na defesa de um modo-de-produção completamente contrário ao panorama que configurava economicamente ”Enquanto o sul significou uma ordem social arcaica (...), (...) e, enquanto não pôde de qualquer modo libertar-se da influência(...) (...) ele teve que continuar suspenso e estéril”. <br />
<br />
Análise do texto: O Mundo dos senhores de escravos:dois ensaios de interpretação.Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979. Autor GENOVESE, Eugene D.</div></div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-4170802367273633670?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br1tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-72946221070256201192009-04-25T15:17:00.000-03:002009-07-31T12:16:46.470-03:002009-07-31T12:16:46.470-03:00A COMUNA DE PARIS<a href="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SfNT32nQO-I/AAAAAAAAAHc/g68wcIfX320/s1600-h/comuna+de+paris.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5328695003127495650" style="margin: 0px auto 10px; display: block; width: 200px; height: 287px; text-align: center;" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SfNT32nQO-I/AAAAAAAAAHc/g68wcIfX320/s320/comuna+de+paris.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><div align="justify"><strong>A comuna, o governo da cidade</strong></div><div align="justify"><br />Em Paris 1871, finalmente acontece à revolução por muito tempo esperada, a revolução do povo, a cidade dando-se suas próprias autoridades comunais. Esse governo, feito pelo povo e para o povo, até então desejo de todo o trabalhador durou apenas 62 dias. Comuna seria o “governo dos produtores”, a “república do trabalhador”. O conceito de “comuna” significava, então, uma pequena unidade de comando que coordenava o trabalho social em todas as instâncias possíveis. Em um primeiro momento o comitê central, não conseguiu encontrar uma unanimidade para acertar o rumo dos acontecimentos. No entanto depois de muito desentendimento finalmente foi costurado um acordo que permitia as eleições, que foram mais freqüentadas que as realizadas no mês anterior para a eleição da assembléia geral; são eleitos membros de várias correntes; Blanquistas, Jacobinos, internacionalistas, republicanos; cada um dos eleitos está intimamente ligado aos episódios dos agitados meses anteriores.<br />A partir do momento de proclamação da comuna o exército francês sobre as ordens da Assembléia, agora instalada em Versalhes se reorganiza para voltar a Paris e retomar o comando da cidade e esmagar a revolução. Em um primeiro confronto entre as forças opostas observa-se um quadro completo para entender como Versalhes e Paris encaravam a guerra. Apesar dos federados possuírem uma força militar numerosa e bem armada, não havia idéias claras de comando. Para Versalhes, no entanto, as hipóteses de guerra eram muito fáceis de formular. Tratava-se de uma guerra “Sem trégua e sem piedade”, onde as regras clássicas de guerra não se aplicavam,este era um confronto entre valores sociais e ideológicos, definitivamente contrapostos.<br />Diante do quadro caótico que se instalava durante o período de enfrentamento uma carta de Rossel com seu pedido de renúncia revela a falta de linha político militar da comuna: “Não posso seguir assumindo responsabilidades onde todos deliberam e ninguém obedece; as vacilações do comitê central da guarda nacional freiam a administração; As preocupações mesquinhas dos chefes da legião paralisam a mobilização das tropas.” E finalmente termina : “Eu me retiro e tenho a honra de solicitar uma cela em Mazas.” (p.74)<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><strong></strong> </div><div align="justify"><strong>Estrutura do governo<br /></strong></div><strong></strong><div align="justify">O governo comunal estava organizado com representantes dos vinte e cinco subdistritos escolhidos a razão de um para a cada 25 mil habitantes de Paris. A comuna é um dragão executivo e legislativo ao mesmo tempo, onde os poderes não estão “divididos”, mas sim, “descentralizados”. Seu aspecto formal é o mesmo que apresenta qualquer prefeitura moderada, mas, acima dela nada existe. O simples conceito de comuna era suficientemente forte e atrativo para abranger uma interpretação política e social e unificá-las. A comuna de Paris, unidade política para desenvolver a “república universal”, deveria, entretanto governar uma complexa cidade durante o transcurso de uma guerra. Tinha que tomar as funções do estado e traduzi-las para a perspectiva do pacto comunal, além de encarregar-se dos serviços municipais básicos. Por outro lado, estimulava também uma descentralização em seu primeiro seio.<br />Os decretos, instrumentos pelos quais governavam a comuna, permitiam identificar o roteiro governativo que a comuna se propôs e as tendências que se tivessem desenvolvido se o pano de fundo de todas as medidas não fosse a guerra em curso, o que fazia com que todas as decisões acabassem relacionadas com as necessidades bélicas.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><strong></strong> </div><div align="justify"><strong>Medidas tomadas pela comuna:</strong> </div><div align="justify">· Reorganização do poder administrativo torna os estrangeiros elegíveis.<br />· Reformulação das relações de trabalho.<br />· Poder arbitral da “comissão de trabalho, indústria e comércio.”<br />· Reformas culturais, relacionadas com a solidariedade social, de economia de guerra vinculadas à organização do trabalho e da propriedade social.<br />· Medidas de guerra, objetivos ideológicos e bélicos simbólicos.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"> </div><div align="justify">No que se refere aos decretos e resoluções da comuna, a ação simbólica e a ação militar acabam se confundindo em uma única coisa. Houve por parte da comuna um programa explícito que reunia todas essas decisões, decretos, projetos e ações em que a guerra expressava-se também por alfinetações de fundo, conteúdo ideológico. Em todos estes documentos e fatos vêem-se claramente o traço irreligioso, igualitarista, universalista, racionalista, laico, e apelo à ciência. Cabe ressaltar que nada se expropriou nem se confiscou o próprio Banco da França foi administrado em termos tradicionais. A comuna pegou apenas o dinheiro que lhes pertencia enquanto o banco continuou com suas operações normais, com suas sucursais.<br />Neste confronto existem episódios que nos remetem a analisar quão bela e singular é uma revolução que se em um momento envia balões a céu aberto com propaganda para que camponeses tomassem conhecimentos do que estava acontecendo em Paris, esquecendo-se do pequeno detalhe de que os camponeses em sua grande maioria eram analfabetos, por outro lado escreve em um documento que: ”Paris fez um pacto com a morte, por trás de seus fortes ela tem muros; por trás de seus muros barricadas; por trás das barricadas, as casas...” (p.87), neste trecho está representado o pulso real da comuna, da sua idéia de guerra popular e de resistência, a comuna foi obra da guarda nacional convertida em lar de todas as ideologias revolucionárias daquele momento histórico.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"><strong>Os derradeiros dias</strong><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"> </div><div align="justify">No domingo dia 21 de maio, 62 dias depois de iniciado o conflito, os Versalheses entram em Paris uma cidade que se mostra despreparada e confiante. Como exemplo de despreparo dos comandantes da comuna ressalta-se que no momento em que as tropas Versalhesas entram em Paris, a comissão da comuna encontrava-se discutindo a conveniência ou não da intervenção do estado nas artes e na cultura. O último delegado de guerra da comuna, o jacobino Delescluze Lança um manifesto chamando à “Guerra revolucionária”, este chamado justificava-se pelo pensamento de que: A razão política é mais profunda quando se desvencilha de carcaças e ossaturas organizativas. A revolução estava sendo derrotada. Os combates nas ruas de Paris duraram sete dias; O comitê de Salut Publique afixa um proclama dirigido ao exército de Versalhes, estes dizeres mostram o desespero diante da derrota eminente: “Se atirardes contra o povo, vossos filhos não vos perdoarão (...) Vocês também são proletários” (p.89), isto de nada adiantou, haja vista o exército regular já sentir o gosto da vitória.<br />No segundo dia de combate metade de Paris está nas mãos de Versalhes. Os incêndios à noite iluminam toda a cidade. As canhoneiras da comuna já nada podem fazer, os Versalheses fuzilam sistematicamente os prisioneiros da guarda nacional. Neste momento alguns oficiais da comuna despojam-se da farda azul e das belas barbas que, semanas antes, eram orgulho revolucionário. É que os Versalheses fuzilavam por: semelhança, cheiro de pólvora, sinais de ter pegado um fuzil; enfim, por qualquer pretexto. Neste momento também o exército da comuna através de alguns oficiais resolve começar a fuzilar reféns. A comuna não tem um discurso para sua própria derrota. Os combates são desiguais, um exército poderoso muito bem armado, contra um punhado de soldados dispersos, sem comando, sem esperanças, sem saber o que acontece no quarteirão vizinho. Sábado 27 de Maio, a cidade esta envolta em fumaça, no cemitério de Pène Lachaise, são fuzilados os últimos sobreviventes da comuna contra um dos muros interiores, é o “muro dos federados”, ao meio dia do domingo, dia 28 caem os últimos grupos federados que resistem. Imediatamente começam os fuzilamentos sumários. Vinte mil soldados e simpatizantes da comuna são mortos desta forma. Milhares de pessoas são internadas em campos de concentração em Versalhes. A maioria delas e destinada às cortes marcias e finalmente a deportação em nova Caledônia, uma ilha francesa na Melanésia. Após o término dos combates uma frase atribuída ao general Gallifet resume a forma como os legalistas encarnaram o verdadeiro extermínio em massa promovido ao final dos combates: “Acabamos com qualquer possibilidade de insurreição na França por muitos anos” (p.93).Mesmo que essa frase não tenha sido pronunciada, a política adotada pelo “Partido da ordem” foi de extermínio e massacre, contra os partidários da comuna.<br />Observando os fatos pode-se concluir que os integrantes da comuna não cometeram excessos sequer comparáveis aos cometidos pelos versalheses. A comuna era uma revolução que não conhecia seus próprios limites e combinava diversos estágios temáticos, um modesto municipalismo com a organização federativa de todo o continente, a autonomia na gestão social com o libertário iluminista. Oito anos após o fim dos combates, anistia restrita, que depois se transformará em uma anistia total para os communards exilados. Estes vão voltando aos poucos, uns em silêncio, outros escrevendo livros.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"><strong>Os “Assaltantes do Céu”</strong> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="justify">Os “Assaltantes do céu”, expressão cunhada por Marx, que a empregava para designar os participantes dos movimentos que contavam com muita energia revolucionária, mais com pouca propensão para análise das condições objetivas da sociedade. Buscavam os Communards inspiração no efeito de grandes guerreiros, para lutar contra todos que não fossem o que se pode chamar de “Homem produtor”, e nesta luta estavam dispostos a tudo.<br />Resumo: A comuna de Paris “Os assaltantes do céu”<br />A História Moderna registra algumas experiências de regimes comunais, mas sem dúvida a que mereceu maior destaque foi a Comuna de Paris. Reveste-se ainda de mais importância por ter sido o primeiro governo operário da história.<br />Durante a guerra Franco-Prussiana, as províncias francesas elegeram para Assembléia Nacional uma maioria de deputados monarquistas francamente favoráveis à capitulação ante a Prússia. A população opunha-se a essa política.<br />A Comuna de Paris adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da primeira internacional. Os Communards, assaltantes do céu, ousaram construir um governo irrestrita e radicalmente democrático, estabeleceram uma democracia direta sem subterfúgios, e este exemplo não podia ser tolerado. A organização da comuna era extraordinariamente simples: Todos os cargos públicos eram eletivos e revogáveis, estavam submetidos ao sufrágio dos cidadãos, inclusive os conselheiros municipais, que eram responsáveis perante seus eleitores e poderiam ter seus mandatos revogados a qualquer momento por esses mesmos eleitores. O salário dos servidores públicos não poderia ultrapassar os dos operários em suas respectivas atividades. Nenhuma restrição foi imposta aos estrangeiros residentes.<br />O tempo de duração da comuna foi de 62 dias, seu esmagamento pelas forças legalistas, comandadas por Thiers, revestiu-se de extrema crueldade, foram executados cerca de 20.000 Communards. A verdadeira aniquilação dos communards deveu-se não somente ao fato da revolta propriamente dita, mais acima de tudo foi um exemplo para que outras cidades não tivessem idéias liberais semelhantes que não podiam ser toleradas.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"><strong></strong> </div><div align="justify"><strong>O legado da Comuna<br /></strong></div><strong></strong><div align="justify"></div><div align="justify">Marx deixou cunhada uma interpretação onde os feitos da Comuna ganham uma autonomia quase completa com relação aos seus promotores originais, oferece uma história que suas mais evidentes relações com os partidos e agrupamentos ativos na França nas décadas anteriores. É bem provável que esta omissão de Marx justifique-se no fato de que a comuna poderia ser a “forma final descoberta” para desenvolver a luta de classes, no entanto Marx era ciente de que muitos dos envolvidos buscavam inspiração na revolução de 1789, e a isto Marx curvara-se, tanto que tempos antes do início da revolução este já afirmava que: ”Os operários franceses não devem deixar-se levar pelas recordações nacionais de 1792” (p.99). Após o final da comuna quando Marx e Engels analisam os rumos da insurreição e reescrevem um novo prólogo para o manifesto comunista, estes afirmam: “Depois da comuna não basta que a classe operária se apodere da máquina estatal para fazê-la servir aos seus próprios fins” (p.100). Se Paris não fora o “melhor lugar do mundo” para se estar durante a comuna ao menos serviu para indicar rumos, experimental propostas e finalmente sepultar antigas ingenuidades ideológicas. Serve a experiência da comuna para análise e interpretação de vários “modelos” tais como: Abolição da máquina estatal, controle social da produção, duplo poder, timidez diante do capital financeiro, preferência da ação político-militar além de Marx e Engels vários são os autores que escrevem analisando as conseqüências da comuna de Paris, a vista de cada um foi, hora um movimento necessário, hora um movimento inevitável, e o aprendizado do campo de batalha serviu para análise e reflexão das capacidades reais do movimento operário.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"><strong></strong> </div><div align="justify"><strong>Análise Crítica<br /></strong></div><strong></strong><div align="justify"></div><div align="justify">Ao final da leitura do texto de Horácio Gonzáles sobre a Comuna de Paris, fica-se sem qualquer dúvida maravilhado com a rica experiência que nos ofereceram os communards, dando-nos a grande possibilidade de observar em uma cidade de vulto a experiência aguardada por muitos durante muito tempo. Repensar a comuna de Paris, nos leva ao questionamento de como algo por tanto tempo idealizado que parecia a “forma ideal de governo”, quando colocado na prática dura poucos dias. Mesmo o próprio Marx em suas observações vendo aproximar este provável acontecimento, estava ciente de que não bastaria aos trabalhadores tomar para si o comando da cidade, era preciso estar preparado para isto. O governo realmente popular que se instala na prefeitura de Paris não tem precedentes históricos, no entanto, este governo proletário dura apenas 62 dias, rico em experiência a serem observadas e analisadas, no entanto, mostra diversas falhas na concepção teórica no governo dos trabalhadores.<br />E durante a leitura do texto, por diversas passagens descritas observamos a falta de preparo dos operários no momento que tiveram oportunidade de exercer os destinos da cidade. O comando da comuna era feito uma verdadeira “Colcha de retalhos”. Muitos entre os Communards eram homens vindos das mais diversas correntes ideológicas, que efetivamente, não chegaram nunca a um entendimento total, e isto facilitou o descontrole das ações de enfrentamento ao governo de Versalhes, culminando assim em um fim com tão pouco tempo de existência.<br />Nas eleições municipais são eleitos dirigentes com as mais variadas tendências teóricas, o governo mostra-se tão descentralizado que decisões são tomadas em um determinado setor, e os outros setores sequer tomam conhecimento. Em vários episódios o governo mostra-se ingênuo em suas decisões, ao contrario do governo de Versalhes, organizado militarmente com uma clara intenção de como conduzir a guerra contra os communards.<br />Restou da comuna o fato de que pela primeira vez era colocado em prática em vasto campo de análise, para que fossem repensados valores e posições ideológicas por tanto tempo propagadas.</div><div align="justify"></div><div align="right"></div><div align="right"></div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right">Celso de Almeida.</div><div align="right">*Foto: Comuna de Paris</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-7294622107025620119?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-37674801342388102012009-04-25T15:13:00.000-03:002009-04-25T15:15:39.160-03:002009-04-25T15:15:39.160-03:00A História não é um fluxo contínuo<div align="justify"> </div><div align="justify">A História constitui um dentre uma série de discursos a respeito do mundo, embora esses não criem o mundo, eles se apropriam e lhe dão todos os significados que têm. O objeto de estudo da História é o passado, deve-se, no entanto ressaltar que passado e História são coisas diferentes, não estão unidos um ao outro de tal modo que se possa ter uma única leitura ótica deste passado, ambos existem livres um do outro, o responsável pela leitura deste passado é o historiador, e dele depende a interpretação deste, cabe lembrar que a interpretação feita não depende somente da visão histórica deste profissional, pois ele sofre durante o ato de reescrita da história pressões do dia a dia; pressões familiares, profissionais, tais como: tempo que lhe é dado para terminar o trabalho, número de páginas em que este trabalho deverá estar contido, orçamento ao qual ele deve estar vinculado e limitado, dentre outros. A história não é um fluxo continuo de eventos, e sim uma escolha descontinua, feita pelo homem, <a name="CONSTRUÇÃO">quando se escolhe o mesmo termo para representar tanto a realidade, quanto o conhecimento, que sobre ela se tem. É esta a situação da História, de um lado, representa o histórico e, de outro, o conhecimento acumulado ou a disciplina da história</a>. O estudo da História é sem dúvida onde o passado encontra o presente. As pesquisas feitas pelo historiador através dos métodos escolhidos por ele para avaliar as verdades históricas já propostas por outros s é que irão determinar a transformação deste passado, também dependendo neste momento da reescrita, sua posição ideológica, política, religiosa, econômica e social. Pressuposto este que determina que a análise deste passado e sua apreensão não devem jamais ser única, pois dependerá sempre da visão de cada historiador. Um clássico exemplo deste ponto de vista na escrita da história vem do período iluminista, em uma mesma época viveram historiadores que deram diferentes interpretações e que tiveram formas de análise diferentes, Montesquieu com sua visão mais filosófica e com sua teoria de que a evolução da história estaria pautada no avanço do conhecimento do homem, contrasta com a visão mais econômica e tecnológica de Adam Smith que baseava a sua visão teórica de evolução da historia de acordo com a evolução dos métodos de progresso econômico e tecnológico do homem. Para cada um destes historiadores a História terá uma interpretação diferente.<br />Diante dos fatos apresentados conclui-se que apesar da dificuldade em analisar o passado, esta é efetivamente feita por historiadores com diferentes pontos de vista. Deve-se promover uma observação crítica, porém imparcial, pois na escrita da História não existem “alicerces da História”, sendo este um conceito variável, a cada mudança de perspectiva de observação, surgirá uma nova interpretação, de um mesmo fato histórico. A História procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas. As transformações são a essência da História; quem olhar para trás, na História de sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Mudamos constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que se percebe a mudança.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Celso de Almeida.</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-3767480134238810201?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-4798505436660894602009-04-25T15:07:00.000-03:002009-07-31T12:18:40.277-03:002009-07-31T12:18:40.277-03:00O CAFÉ NO RIO DE JANEIRO<div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SfNRt_T8DSI/AAAAAAAAAHE/1L0u7S50H5o/s1600-h/caf%C3%A9+rio+de+janeiro.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5328692634640452898" style="margin: 0px auto 10px; display: block; width: 320px; height: 241px; text-align: center;" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SfNRt_T8DSI/AAAAAAAAAHE/1L0u7S50H5o/s320/caf%C3%A9+rio+de+janeiro.jpg" border="0" /></a> </div><div align="justify">Antes da revolução industrial o café era pouco mais que uma curiosidade na Europa. Na corte de Luiz XIV consumia-se a bebida como uma novidade exótica. A exemplo do chocolate ou do mate, ao café foram inicialmente atribuídas propriedades excepcionais. Um exemplo disto foi justificar-se o crescimento demográfico turco, que foi atribuído ao café, devido ao largo consumo da bebida pela população.<br />A partir do ano de 1715 há registro da existência de plantações no continente americano. No Brasil a introdução das primeiras mudas foi feita pelo Tenente Palheta que obteve as mudas na Guiana francesa e iniciou sua plantação no estado do Pará. Quanto ao Rio de Janeiro, os primeiros registros de plantações de café datam de 1760, quando o Bispo Castelo Branco trouxe algumas sementes, que foram plantadas inicialmente no pomar do convento dos barbudinhos, e também em São Cristovão, no Mendanha, em São Gonçalo e Resende.<br />O marquês do Lavradio foi o primeiro grande incentivador do plantio de café, concedendo inclusive, isenção de serviço militar aos plantadores no município de São João Marcos e D.João VI concedeu sesmarias para o cultivo de café.<br />De um início tímido, mais agora as plantações multiplicaram-se, e o café começa a ganhar importância no mercado mundial, para que se estabeleça um paralelo do crescimento da produção no Brasil, observa-se que em 1766 há registro de exportação de café no Rio de Janeiro de 8.500 toneladas, apenas 12 anos depois de 1808 são exportadas 82.200 toneladas pelo mesmo porto. A Percepção da importância do café já é clara em 1822 quando José Bonifácio elege-o, junto com o fumo, para figurar na bandeira do império brasileiro.<br />A produção cafeeira iniciou-se como uma produção familiar, simultânea a grandes plantações, agora começa a dar sinal de hipertrofia das grandes plantações, sugerindo que: economias de escala, barreiras de autoconfinamento e apropriação das melhores terras por grandes produtores, debilitaram a pequena produção cafeeira. A persistente queda do preço internacional, com um constante aumento da oferta, e um alargamento do mercado para a bebida, somadas a simultânea elevação do valor do escravo, principalmente a partir de 1850, fizeram da grande plantação a forma dominante da cafeicultura fluminense.<br />Sem exagero, o café como atividade econômica central nasceu no interior da cidade do Rio de Janeiro, foi também aí o lugar de seu primeiro recuo. A devastação das matas da Tijuca, inicialmente com os canaviais, e depois com a multiplicação cafeeira, afetou os mananciais da cidade, o que ocasionou um recuo na plantação e a necessidade de um urgente reflorestamento. Mesmo assim podemos dizer que o café se projetou na história brasileira a partir da Tijuca.<br />A marcha expansiva da cafeicultura injetou densidade demográfica na província fluminense. Antes do café, a produção de alimentos para a cidade, e a economia do açúcar na planície fluminense, eram os principais núcleos ativos no interior. Apenas o litoral era ocupado, pontilhado por modesta presença em Parati, Angra dos Reis e outros pequenos povoados.<br />Até a chegada do café na província fluminense, o grande destaque da produção era a cana de açúcar, para a produção do açúcar e da cachaça, com a chegada do café houve um salto com direção ao interior fluminense, portanto podemos até afirmar que o Rio como conhecemos é certamente uma criação do café. Não restaram vestígios de outras iniciativas de incentivo a ocupação, no período Joanino, houve tentativas de plantações de anil e chá, que redundaram em fracasso.<br />A formação de cafezal tem início com a operação de desmatamentos. As terras virgens e bem drenadas são as mais adequadas para o cultivo do café. No Rio de Janeiro a operação de derrubada e remoção dos troncos das matas virgens, é realizada geralmente em escarpas e declives. Na cafeicultura fluminense não houve plantio em curvas de nível nem qualquer preocupação com a conservação do solo, geralmente as fileiras de café se alinhavam de baixo para cima, o que facilitava a erosão. Entre as fileiras do café eram consorciados os plantios de milho e do feijão. Após o quinto ano o cafezal inicia sua produção que atingia carga total por volta do sétimo ano. Duas pragas sempre rondaram os cafezais; a erva de passarinho e a saúva. O cafezal depois de formado exige um mínimo de três capinas anuais além de outros cuidados, estas técnicas de plantio e manejo assim como de beneficiamento nos foram transmitidos provavelmente por produtores da Guiana francesa, de onde vieram nossas primeiras mudas.<br />No início da expansão cafeeira, as terras virgens fluminenses praticamente não tinham nenhum valor. Foram utilizadas para o plantio as antigas e imprecisas sesmarias distribuídas no recôncavo fluminense e ao longo do caminho novo para Juiz de fora. A partir de 1822 foi extinta a concessão de sesmarias e praticou-se o reconhecimento de posse. A plantação cafeeira utilizava alguma mão-de-obra livre, feitores, e artesões, porém a força do trabalho da plantação era essencialmente de escravos. A não utilização da mão-de-obra escrava, em operações de derrubada e limpeza de florestas devia-se a redução do risco de morte, fato que demonstra a preocupação com o valor do escravo. Em uma fazenda com cafezais plenamente produtivos a escravaria representava aproximadamente 40% do valor da propriedade. A compra de escravos, de ferramentas e bens necessários à manutenção da escravaria, representavam o investimento na plantação. Na economia escravista a fazenda plantada tinha baixa liquidez. O grande valor era o conjunto de escravos-etimologicamente, “a fazenda” a produtividade do cafezal depende do trato que recebe, e o trato é dado em função do preço. Depois de formado o cafezal não mais admite plantio nas entrefilas, o que aumenta a despesa com alimentação para a escravaria.<br />Entre 1835 e 1867, a produção cafeeira se multiplicou seis vezes, ao final deste período o Rio de Janeiro era responsável por 90% do café brasileiro, já em 1870 é patente o declínio da produtividade nas primeiras zonas plantadas com o café, porém, até a abolição o Rio de Janeiro manterá seu predomínio na produção.<br />Ao longo da primeira metade do século XIX, o café fluminense sustentou as exportações do império e ocupou com 60% a primazia da produção mundial. O porto exportador do café era o do Rio de Janeiro. Não é exagero afirmar que foi a ampliação da oferta do café fluminense que criou o mercado mundial do produto.<br />A primeira vista, o processo produtivo é singelo tecnicamente tanto para a formação da lavoura cafeeira quanto para a colheita e beneficiamento, no entanto sob um aspecto decisivo, o investimento em café é mais complexo que até mesmo o da cana-de-açúcar, a plantação de café exige prazo de financiamentos mais longos do que os requeridos pelo engenho ou pela indústria têxtil o motivo principal que dá causa a esta necessidade de longos prazos é o tempo entre o preparo da terra, o plantio e a colheita.<br />A fronteira de terras apropriadas para o café foi progressivamente movendo-se de acordo com a expansão da ferrovia, e modificou a forma da contratação do colono ligado ao café, principalmente em São Paulo, passou-se a utilizar os imigrantes contratados para formar a plantação, recebiam um pagamento por pé de café, e a partir deste ponto utilizava-se a mão de obra escrava. No Rio de Janeiro prevaleceu a grande plantação utilizando mão de obra exclusivamente escrava em quase todas as etapas.<br />Como agente financiador de crédito ao produtor não havia durante o primeiro império nenhum órgão oficial, este financiamento ficou por conta das “casas comissárias”, que se encarregavam pelo crédito para compra de escravos, ferramentas e alimentos, fornecidos até o início da produção, e em contrapartida esta obtinha exclusividade na compra da produção. Estas casas mantinham ligações com bancos no exterior para suas operações cambiais. Grande parte do dinheiro empregado nos financiamentos, veio, sem dúvida do comércio negreiro que tinha no Rio de Janeiro seu principal ponto. O grande sistema mercantil do tráfico negreiro articulou-se com a implantação cafeeira, como já o fazia com a produção açucareira e de aguardente. O ouro vindo das Minas Gerias, serviu de portfólio do capital mercantil colonial, como reserva de valor e garantia de liquidez internacional. E apesar da vinda de bancos estrangeiros, principalmente ingleses, para o Brasil, o comando do negócio cafeeiro que nasceu solidamente fundado em interesses internos, permaneceu sob o comando do capital nacional. O dinamismo do sistema de financiamento dependia da constante oferta da mão-de-obra escrava, este era um ponto crítico, que iniciou ter problemas quando em 1831, pressionado pela Inglaterra, o Brasil formalmente aceitou a proibição do tráfico, tendo este continuado clandestinamente. Mais relutante ainda o império proíbe em 1850 o tráfico vindo da África, o Rio passa a importar escravos de outras partes do Brasil, no entanto outros fatos se sucederam, a guerra do Paraguai produziu uma relativa baixa na mão-de-obra, com o adendo da alforria para a prestação do serviço militar, e mesmo no pós guerra a grande maioria destes não voltou as lavouras.<br />O fim do tráfico valorizou os escravos encarecendo sua aquisição e isto acelerou a decadência das velhas lavouras já com reduzida produtividade, caiu o valor residual das terras envelhecidas e estes cafezais antigos foram abandonados. Baixo preço do café, baixo trato do cafezal, escravos desviados para a produção de alimentos, visando atender as demandas surgidas nas áreas de cafezais já produtivos foram fatores que contribuíram para o inicio da decadência do ciclo do café. Além disso, a partir de 1820, surgiu uma praga conhecida como mal de Cantagalo, a necessidade da venda de escravos, as velhas plantações, já improdutivas ou declinantes, outros fatores que também contribuíram: reduzir o número de capinas, a poda e o decote, operações que prolongavam a vida útil do cafezal.<br />Havia uma imensa rede de estradas carroçáveis que drenavam a produção de café para uma série de pequenos portos, e destes, o café era trazido ao porto do Rio, para então partir rumo ao mundo. Imensa foi à rede de estradas e caminhos abertos em função da expansão do café no Rio de Janeiro, e mesmo em estados vizinhos, o café criou uma rede de pequenas cidades locais, cuja razão da existência é inteiramente externa à sua vida urbana. Destas cidades a que merece maior destaque é Vassouras, onde era flagrante o contraste de luxo das sedes das fazendas cafeeiras com a modéstia relativa das residências de fazendeiros nas cidades locais.<br />O café fluminense gerou lugares sem dinamismo, cidades locais débeis que se esvaziaram com o declínio da cafeicultura, como exemplo às “cidades mortas” do Vale do Paraíba. Sobreviveram poucas cidades locais que serviam de segunda residência para os ricos da metrópole, são exemplos; Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e Cabo frio.<br />Em 1880 é ainda prospera a cafeicultura na província do Rio de Janeiro, mas sua rentabilidade é declinante. Nesta época o café está sendo rapidamente erradicado do Vale do Paraíba e, em compensação, incorpora-se ao norte fluminense à produção tem neste período a diferenciação do café bebida: o tipo do café do Rio é menos valioso que o tipo de café de Santos, as terras do oeste paulista são superiores as de Itaperuna, produzem um café com bebida e tamanho mais valorizados no mercado internacional. Entre 1870 e 1900 inicia-se a decadência da cafeicultura fluminense, neste período a um longo descenso cíclico do café a nível mundial, e a produção fluminense, chega a reduzir-se a metade. Ao longo do Séc. XX a história do café fluminense é a crônica de uma longa morte anunciada. Ainda um pequeno fôlego durante as décadas de 1950 e 1960 com a descoberta de que o café Rio é o mais indicado para a produção do café solúvel.<br />O café está ligado à preservação da unidade nacional. As tendências separatistas ou foram superadas pela mão militar, a partir do Rio de Janeiro, ou por negociação. Prevalecendo sempre como força conciliadora o temor oligárquico de revoltar populares que ameaçassem seu patrimônio. Mesmo com o declínio da cafeicultura a maioria dos grandes plantadores de café conseguiu contornar a crise, ora investindo até mesmo em café no interior de São Paulo ou com negócios comerciais e financeiros no próprio Rio de Janeiro.<br />Certo é que até mesmo por razões topográficas e de qualidade do solo, a agricultura do estado do Rio de Janeiro, após o ciclo cafeeiro jamais foi uma atividade substancial e dinâmica.<br /><br /></div><div align="right">Celso de Almeida.</div><div align="right">*Foto: Plantação de café.</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-479850543666089460?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br4tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-26579598164985496792009-04-05T20:37:00.000-03:002009-07-31T12:20:15.865-03:002009-07-31T12:20:15.865-03:00O PAPEL DO NEGRO ESCRAVO NO PROCESSO DE LIBERTAÇÃO<a href="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SdlCQM0993I/AAAAAAAAAG8/FPxPGeMswtA/s1600-h/escravo.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5321357280803682162" style="margin: 0px auto 10px; display: block; width: 241px; height: 239px; text-align: center;" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SdlCQM0993I/AAAAAAAAAG8/FPxPGeMswtA/s320/escravo.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">A escravidão no Brasil constituiu-se como uma experiência de longa duração, deixando marcas em diversos aspectos da cultura e da sociedade. No ponto de vista da historiografia conservadora, que tem por hábito a valorização de determinados heróis como sendo os únicos responsáveis por grandes feitos da história, poderemos ver a princesa Izabel como a principal responsável pela libertação dos escravos. No entanto, este ponto de abordagem ignora todo um processo histórico que a conduziu a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888.<br />Durante os mais de 300 anos de escravidão, muita luta foi travada, muito suor derramado “sob o cabo da enxada”, muito sangue escorrido durante os não raros castigos recebidos no cativeiro. Seria uma pretensão absurda pensar em descrever toda a luta do negro contra a escravidão. Aqui o que se pretende, no entanto, é destacar a importância que os negros tiveram na luta contra a mais cruel das subjugações do ser humano, a perda total de liberdade, sua despersonalização e dessocialização, sua transformação em simples “coisa”, a mercê das vontades de seus senhores. Devemos enaltecer os negros, que em sua luta souberam com coragem e dignidade emergir de um ambiente de degradação onde foram atirados, para nos presentear com suas tradições, arte e cultura.<br />Desde o primeiro momento da escravidão foram comuns as revoltas nas fazendas, em que grupos de escravos fugiam, formando <a title="Quilombo" href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Quilombo">quilombos</a>, cuja definição para Fernando Martins, em seu livro Poliantéia Santista é: “Lugar de gente alerta ou de prontidão. Perseguida, buscada, ameaçada e, por isso mesmo, em defesa.” Os quilombos eram comunidades onde os integrantes viviam em uma organização comunitária semelhante à existente na África, lá eles podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos.<br />Completamente apartados da condição humana eram utilizados como animais de carga, com muitos deveres e nenhum direito. A eles só restava o caminho da resistência e da não aceitação de sua desumana posição. Estes sempre que tiveram oportunidades e meios, demonstraram, sejam nas revoltas ou nos quilombos, qualidades de comando e organização, coragem e capacidade de iniciativa, esses fatores eram extremamente necessários em sua luta pela liberdade. Os negros nunca se submeteram pacificamente a escravidão, de forma geral, sempre reagiram com os instrumentos que possuíam.<br />São diversas as formas de resistência implementadas pelos escravos ao longo do período escravista: As fugas, sejam individuais ou coletivas, talvez tenham sido a forma mais freqüente de reação, foi de fato tão largamente utilizada que instou a coroa portuguesa a adoção de medidas severas contra elas, chegando ao absurdo da marcação a ferros quentes com a letra “F” aqueles que recorriam a este instrumento de resistência, cabe dizer que, este era o mesmo tipo de marcação utilizada no gado. Grande parte dos escravos fugitivos dirigia-se aos quilombos. Outras formas de resistência foram: os abortos, para que as crianças não fossem submetidas à escravidão; assassinatos de senhores, feitores e capitães do mato. Há registros de que famílias inteiras de senhores de escravos tenham sido assassinadas.<br />No limite de sua resistência física e moral, o escravo se matava. Além do gesto de libertação, dando ponto final a sua condição de objeto, ele ainda golpeava fundo seu senhor, fazendo com que este amargasse o prejuízo do investimento que fizera para sua compra; asfixia, enforcamento, arma branca, arma de fogo e veneno, são algumas das formas de auto-eliminação. O suicídio foi sem dúvida a mais radical forma de resistência. Também no dia-a-dia do trabalho ocorriam diversas formas de protesto, podemos citar: a morosidade no trabalho, a automutilação, a quebra dos instrumentos de trabalho, além de outros atos nocivos aos interesses senhoriais.<br />O negro reagiu também contra um “projeto” do colonizador que desejava apagar da memória dos escravos qualquer coisa, mesmo que só um pensamento, que os fizesse retornar a sua terra natal. Para a manutenção deste vínculo o negro se fez valer de algumas artimanhas. Um bom exemplo desta resistência está nas manifestações religiosas, em certos traços da culinária africana, preservados pelos negros, e também na capoeira, um hibridismo, que disfarçava de dança uma forma de luta que muito lhes servia em enfrentamentos contra, principalmente, feitores e capitães do mato.<br />Muitos historiadores já comprovaram através de documentos a ocorrência de processos jurídicos pelas alforrias, representando estes, mais uma forma de resistência. As várias representações da liberdade nos permitem afirmar que os escravos e libertos dimensionavam suas necessidades de modo muito claro e enfrentaram o problema da escravidão buscando soluções múltiplas para o encontro de sua própria humanidade. Diante das formas de lutas adotadas na resistência a escravidão, aquelas em que, apesar de pouco documentadas, podemos observar maiores detalhes são: as revoltas e os quilombos. A não existência de vasto material a respeito destes episódios históricos deve-se principalmente ao fato de que a documentação era produzida por escravistas, não sendo, portanto de seus interesses um possível registro de derrotas ou mesmo uma demonstração explicita dos horrores da escravidão. Estudos mais recentes buscam o esclarecimento cada vez maior deste passado recente de nossa história.<br />Das revoltas, a mais conhecida foi a dos Malês, em Salvador. Tendo sido a primeira revolta totalmente organizada por escravos e libertos, merece que nós reflitamos, quem eram eles e quais os principais interesses contidos no plano dos revoltosos. Os malês eram um grupo de escravos, dentre os quais, havia muitos com experiência em combates ocorridos na África, possuíam grande capacidade de organização até mesmo dentro das senzalas, eram islamizados e pretendiam o fim da imposição da religião católica, o assassinato e o confisco de todos os bens de brancos e mulatos, a implementação de uma monarquia islâmica e a escravidão de todos os não muçulmanos. Com rapidez as autoridades prepararam um contra ataque, conseguindo reagir ao ataque aos quartéis em Salvador. Ao tentarem sair da cidade o grupo foi cercado pelas forças oficiais. Cerca de duzentos revoltosos foram levados aos tribunais e suas condenações variaram de pena de morte, trabalhos forçados, degredo e açoites. A partir deste episódio os negros foram proibidos de praticar suas cerimônias religiosas típicas. Esta revolta apesar de rapidamente controlada, serviu para demonstrar as autoridades e as elites coloniais o potencial de contestação e revolta que envolvia a manutenção do sistema escravista. Gerando assim, um grande medo nas elites de que novas revoltas pudessem se espalhar pelo Brasil, transformando o país em uma completa anarquia.<br />Dentre os quilombos o que mais merece destaque é sem dúvida o de Palmares, não que se possa medir em importância a existência deste e de outros quilombos, mas este foi um “Estado” dentro do Estado, com relações econômicas estáveis, estrutura socioeconômica estabelecida e contatos comerciais com vilas próximas, afinal foram mais de 60 anos de existência. A formação deste e de outros quilombos foi sem dúvida muito numerosa e extremamente importante no processo de reação contra a escravidão; Palmares durante todo este tempo afrontou, de certa maneira, a sociedade colonial, frustrando não menos que vinte e cinco expedições que visavam destruí-lo, agindo os quilombolas com uma tenacidade admirável, e com o vigor e coragem próprio de quem defende a sua “pátria”. Palmares merece destaque pelo tamanho que atingiu, pelo número de escravos e simpatizantes da causa libertadora que abrigou, e que por diversos momentos chegou até mesmo a negociar com o governo e com senhores de terras, em um ato quase que de reconhecimento das autoridades da força que este quilombo possuía.<br />Outro importante quilombo merecedor de nossa citação, não é um grande quilombo ou um quilombo de grande duração de existência, vale citá-lo, pois que, foi criado em 1882 por iniciativa não de negros fugitivos, mas sim por iniciativa de abolicionistas, como Américo Martins e Xavier Pinheiro. Em uma reunião na casa de Francisco Martins dos Santos, resolveu-se criar um quilombo no <a href="http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0100b16.htm">bairro do Jabaquara</a> em São Paulo, nos fundos da propriedade de <a href="http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0034.htm">Mathias Costa</a>, onde passaram a dar abrigo a negros fugitivos das fazendas da região. Para manter a ordem, foi escolhido o nome de Quintino de Lacerda como líder. O quilombo do Jabaquara foi extinto em 1886, quatro anos após sua criação, sua extinção coincide com o fim da escravidão em Santos. Somente dois anos depois com a lei Áurea assinada pela Princesa Isabel, foi que todos os escravos foram declarados livres no Brasil.<br />Ocorreram casos de negros que após serem alforriados, buscaram uma forma de “vida branca”, inclusive, quando possível, adquirindo escravos. Houve no entanto, aqueles que mesmo conseguindo a liberdade, não deixaram de lutar pela libertação de seus companheiros africanos, um caso bastante interessantes é citados no livro, “Ser escravo no Brasil”, de Kátia Mattozo; É a história de um negro que chegou ao Brasil em 1821 no navio Emília, no ano de 1836, já alforriado, dirigia uma empresa com a intenção de repatriar negros à África, e conseguiu graças ao seu empenho reconduzir ao território africano 200 negros, após alugar ao valor de 5.000.000 réis um navio inglês, dentro dos repatriados 60 faziam parte do carregamento do navio Emília. Este caso demonstra a participação do negro no processo de busca da liberdade.<br />Um fato que nos mostra bem a não aceitação de forma passiva da situação de escravo pode ser observado neste trecho do livro de Hebe Mattos, Escravidão e Cidadania no Brasil Monárquico: ”Durante as lutas de Independência, no Rio de Janeiro e em Salvador, por mais de uma vez a autoridade monárquica pediria aos maiores senhores de escravos que alforriassem alguns cativos para somarem esforços junto às tropas brasileiras. Face a atitude titubeante (quando não francamente contrária à proposição) dos proprietários, muitos escravos se anteciparam e fugiram para se alinhar com as tropas brasileiras”. Eles encontravam assim mais uma forma de resistência a escravidão, pois que ao final das lutas, o governo determinava que lhes fossem concedidas alforrias.<br />A partir da guerra do Paraguai o movimento abolicionista ganha força, milhares de escravos que retornaram da guerra vitoriosos, muitos até condecorados, correram o risco de voltar à condição de escravos por pressão de seus antigos donos, este era um problema social a ser enfrentado pelo governo do Império.<br />Não sem lutas e sacrifícios começou a brotar no Brasil uma mentalidade antiescravista, o início deste pensamento foi forjado pelos próprios negros. Nesta fase da história, os quilombos e a propaganda abolicionista passam a ser a principal preocupação do Império, pois a economia brasileira estava centrada no trabalho escravo. Esta preocupação acabou por gerar ações violentas por parte dos senhores de escravos, em resposta ao aumento da violência por parte dos senhores, os negros responderam com o aumento das fugas e a formação de um número cada vez maior de quilombos e com a ocorrência cada vez maior de vinganças sangrentas, que não eram em sua maioria vinganças premeditadas, fruto de índoles malvadas, e sim, reação natural e humana em defesa da própria sobrevivência.</div><div align="justify"></div><div align="right"></div><div align="right">Celso de Almeida.</div><div align="right">*Foto: Escravidão</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-2657959816498549679?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br7tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-58493862875307832712008-10-29T17:16:00.000-02:002008-10-29T17:21:53.151-02:002008-10-29T17:21:53.151-02:00Novas tecnologias na educação<a href="http://4.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SQi3pexclTI/AAAAAAAAAGg/5LQKa-HzOI4/s1600-h/tecnologias.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5262658087845401906" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand; HEIGHT: 172px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SQi3pexclTI/AAAAAAAAAGg/5LQKa-HzOI4/s200/tecnologias.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Para analisarmos a importância da entrada de novas tecnologias na educação, deve-se ter em mente que o avançar destas tecnologias sempre ocorreu na história do ser humano, visando sempre propiciar um aumento de suas possibilidades de sobrevivência. A evolução das tecnologias utilizadas na educação é nítida e irreversível, trazendo imensa contribuição positiva ao ensino, contudo, não se deve deixar de ressaltar que nem tudo é benéfico nesta “invasão” da educação. Nesses tempos de sociedade globalizada, e informação diversificada existe um processo de adequação que precisa ser feito, e sua adaptação precisa ser realizada etapa a etapa para possibilitar que todos os envolvidos neste processo educacional possam compreender o avanço que se apresenta e preparar-se para a convivência e boa utilização dos meios que lhe são ofertados a cada dia. Professores, escolas, alunos e a sociedade necessitam estar prontos para esta nova realidade. Todas as tecnologias aplicadas, tanto na educação quanto em qualquer outra parte do cotidiano humano um dia já foi motivo de surpresa, no entanto com o passar do tempo e seu uso diário deixam de causar estranheza, não sendo mais encaradas como artefatos tecnológicos.<br />São tantas inovações tecnológicas introduzidas na educação que já podemos dizer que são novas tecnologias para uma nova educação. Como todas as inovações elas contribuem com aspectos negativos e outros positivos. Dentre os aspectos positivos destacados por Vani Moreira, Texto: “em foco: educação e tecnologias” podemos citar: aumento das possibilidades de comunicação e de informação entre as pessoas; desterritorialização do conhecimento e a possibilidade do surgimento de uma sociedade da informação; já nos aspectos negativos segundo a autora, destacamos: o fato de que essas novas tecnologias ainda não estarem disponíveis a todos, a necessidade da formação de docentes aptos a interagir com estas novas tecnologias e a inadequação da estrutura curricular, fato que ainda não permite a plena utilização das novas técnicas.<br /></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"><br />A relação professor e novas tecnologias</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"><br />As novas tecnologias não vieram para substituir os professores, mas modificam algumas de suas funções; o professor não é mais o único detentor/repassador de conhecimentos e informações, na era da sociedade da informação, esta tarefa está fortemente ligada aos bancos de dados, livros, vídeos. O professor deve estar preparado, tendo os bancos acadêmicos importância singular nesta preparação, para ser agora o estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer; pesquisar; buscar informação mais relevante. É importante que o professor assuma também o papel coordenador da apresentação dos resultados obtidos nas pesquisas dos alunos. Alguns dos dados apresentados contextualizam os resultados, os adapta a realidade dos alunos, transforma a informação em conhecimento, e o conhecimento em saber; em vida; em sabedoria. Aos professores não restam muitas saídas, segundo Burgo Jung em seu livro: Preparing teachers for the 21st century, “o futuro é determinado pelas escolhas que fazemos no presente. Os professores têm a opção de se recostar e deixar as mudanças invadirem seu mundo e só então, reagir; ou de participar ativamente na moldagem do futuro.”<br />Estas novas tecnologias vieram para ficar, portanto, não existe possibilidade de que exista em um futuro bem próximo, um bom profissional da educação que não seja capaz de interagir com todas estas novas possibilidades tecnológicas, é necessário adaptação dos cursos de formação de professores a estas novidades, os currículos escolares por sua vez não podem continuar atrelados a tecnologias passadas. Ao governo e aos empresários da educação, cabe a obrigação de fazer chegar a cada sala de aula as novas tecnologias que possibilitem a igualdade do direito de acesso a todos, contribuindo para a democratização cada vez maior da informação, e dando ao professor a possibilidade de se reposicionar como o mediador desta busca pela informação.<br />Não adianta a luta “romântica” pela “velha” forma de educação, não resta dúvida que tecnologias como: vídeos; TV, cd; DVD; data show (meio de comunicações audiovisuais), dentre outras, vieram para ficar, mas, sem dúvida o que realmente veio para “sacudir” a educação é o uso do microcomputador e o acesso à internet, cada dia mais democratizada. Esta é uma realidade em algumas escolas, mas também uma tendência de médio e longo prazo em toda a rede de ensino. O professor precisa rever suas posições e ampliar a utilização destes recursos, isto é sem dúvida, “falar a língua” dos alunos, e saber utilizar estes recursos é a forma de aproximação que resta aos mestres, para atingirem suas metas educacionais.<br />O aluno nem precisa ir à escola para buscar informações, no entanto, informação nem sempre significa conhecimento, e é aí que entra o professor, é ele quem deve ajudar a interpretá-las, relacioná-las, hierarquizá-las, ele é quem deve ajudá-los a questionar, a procurar novos ângulos, a relativizar as informações e a tirar conclusões.<br />A facilidade de obter as informações está levando a uma acomodação no encontro dos primeiros resultados, a uma leitura superficial, é onde se torna importante o papel do educador, não como apenas repetidor de informações prontas, mas como um articulador de aprendizagens e um avaliador de resultados.<br /></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"><br />A escola e as novas tecnologias da educação</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"><br />Manter a escola tal como está, é insustentável, é preciso incentivar as mudanças, flexibilizar aulas e currículos, gerar aulas diferentes, estimular a criatividade. A rotina e a monotonia esterilizam a motivação dos alunos, são muitas as novas tecnologias a disposição para aprender e ensinar. No entanto, a simples introdução dos meios tecnológicos na escola, pode ser uma forma enganosa de ocultar seus problemas, sob a bandeira da modernização tecnológica. O desafio é como inserir na escola ao mesmo tempo: experiências culturais heterogêneas, o entorno das novas tecnologias da informação e da comunicação. A internet, o celular, a multimídia, estão revolucionando nossas vidas, no entanto na educação sempre colocamos dificuldades para mudança, sempre buscamos justificativas para a inércia, ou pior, mudamos os equipamentos, mas não os procedimentos. A escola precisa observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e trazê-los para a sala de aula, discutindo com os alunos, ajudando-os para que percebam os aspectos negativos e positivos das abordagens de cada assunto. As tecnologias ajudam a desenvolver habilidades criativas, e o professor deve adequar cada habilidade a um determinado momento e a cada situação de aprendizagem.<br />A educação é um processo de construção da consciência crítica, e as novas tecnologias são pontes entre a sala de aula e o mundo, permitem mostrar várias formas de captar um mesmo objeto, representando-o sob ângulos diferentes, são diferentes formas de repensar a realidade, mas, todas elas combinadas, integradas, possibilitam o desenvolvimento de todas as potencialidades do educador, dos diferentes tipos de inteligências, habilidades e atitudes dos alunos. A escola é um espaço de inovação, de experimentação saudável de novos caminhos. Não devemos romper bruscamente com o passado, mas programar mudanças e supervisioná-las com equilíbrio e maturidade.<br /></div><br /><div align="right">Celso de Almeida.</div><br /><div align="right">*Foto: Novas tecnologias</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-5849386287530783271?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br1tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-54346017064028896612008-10-29T16:54:00.000-02:002008-10-29T17:15:31.124-02:002008-10-29T17:15:31.124-02:00Montezuma e os signos<div align="justify"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SQiyRxxvLEI/AAAAAAAAAGY/WjtSw4s2iTc/s1600-h/Montezuma.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5262652183071894594" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 171px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SQiyRxxvLEI/AAAAAAAAAGY/WjtSw4s2iTc/s200/Montezuma.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div>Este texto, Montezuma e os signos, aborda a importância dos símbolos para os povos do novo continente. Os Astecas que possuíam uma visão cíclica do tempo utilizavam estes símbolos para justificar acontecimentos do passado, do presente e para previsão do futuro. Destaca a diferente forma de comunicação entre índios e espanhóis, diferença essa que leva a um sentimento de superioridade espanhol, mas cabe ressaltar que não existe inferioridade dos índios, nem no plano lingüístico, nem simbólico; como destaca o texto analisado, na época da chegada de Colombo, foram os índios que primeiro aprenderam a língua dos espanhóis e não o oposto.<br /><br /><br /><br />As formas de adivinhação e interpretação de mensagens<br /><br /><br />Os índios dedicavam grande parte de seu tempo a interpretação das mensagens, todas relacionadas as diversas formas de adivinhação existente. A primeira delas é a adivinhação cíclica realizada pelo sacerdote local, tendo como base religiosa o calendário religioso de treze meses que indicava um caráter próprio de cada dia, levando o indivíduo a um futuro prospero ou nefasto de acordo com as predestinações do dia de seu nascimento, em acordo com o livro dos destinos e o calendário. A segunda forma de adivinhação era a pontual, que usualmente tomava a forma de presságios, qualquer acontecimento que saía do comum afastando-se da ordem pré-estabelecida, era interpretado como prenúncio de outro acontecimento, geralmente nefasto, estaria por acontecer, dando uma indicação clara de que nada acontece por acaso. Portanto, no cotidiano, assim como no excepcional “acreditavam em mil augúrios e presságios” (motolinia, II, 8), existiam ainda adivinhos profissionais que recorriam às técnicas habituais: pela água, grãos de milho, fios de algodão. Grandes chefes Astecas visitavam regularmente o adivinho antes da tomada de qualquer decisão importante. A história dos Astecas é contada em suas próprias crônicas, é feita de realizações de profecias anteriores, como se um acontecimento não pudesse ocorrer se não tivesse sido previamente anunciado. Só poderia tornar-se ato àquilo que foi anteriormente verbo. Estavam convencidos de que todas as espécies de previsão do futuro sempre se realizavam, e somente em casos excepcionais tentavam resistir à sorte que lhes era anunciada pelos videntes, mas via de regra tinham certeza de que todas se realizariam, viam o mundo como superdeterminado, tudo era possível e, portanto tudo era previsto, a palavra chave para os povos ameríndios era “ordem”. A sociedade determinava a sorte do indivíduo, este não representava em si uma totalidade social, é unicamente elemento constitutivo de outra totalidade, a coletividade. O que os Astecas mais prezavam não era a opinião individual, ou a iniciativa individual, o que importava era o social. A própria importância da família estava abaixo de importância do grupo social. Outro exemplo que demonstra bem a importância que os Astecas davam ao grupo e a seguir as normas já determinadas, é o do rei Nezahualpill, que manda executar a própria filha, por esta ter infringido a regra ao permitir que um jovem lhe dirigisse a palavra, este ao ser questionado sobre a excussão da filha responde: “que não devia infringir a lei a favor de ninguém, pois se o fizesse daria mau exemplo aos outros senhores e ficaria desordenado”. O benefício obtido da submissão a regra do grupo pesa mais que a perda de um indivíduo, por isso podemos observar os sacrificados aceitarem sua sorte, se não com alegria, pelo menos sem desespero; o mesmo acontece no campo de batalha, seu sangue serve para manter viva a sociedade. O futuro do indivíduo é determinado pelo passado coletivo, o indivíduo não constrói seu futuro, este se revela; daí o papel do calendário, dos presságios, dos augúrios.<br /><br /><br />As formas de comunicação<br /><br />Forçando o sentido da palavra comunicação, pode se dizer que existem duas importantes formas de comunicação: na primeira a comunicação entre os homens e a segunda a comunicação entre o homem e o mundo. Constatamos que a comunicação cultivada pelos índios era a comunicação entre o homem e o mundo, e aos espanhóis importava principalmente a comunicação entre os homens. Habituados com a comunicação entre os homens, por imaginar o mundo como não sendo um sujeito sendo capaz de manter uma forma de diálogo; e ao perceber esta visão dos índios os espanhóis investem-se de um sentimento de superioridade ante o povo Asteca para quem a comunicação com o mundo desempenha papel de fundamental importância, por que interpreta o divino, o natural, o social, através de indícios e presságios.<br /><br /><br />A chegada dos espanhóis, os primeiros contatos e o medo do Rei<br /><br /><br />Durante a invasão espanhola, Montezuma nunca deixa de enviar espiões ao campo adversário, e sempre está ciente dos fatos: assim fica sabendo da chegada das primeiras expedições, ao passo que os espanhóis ainda ignoram completamente a existência dele. Os Astecas possuíam um sistema de “correio” extremamente bem organizado, realizado através de corredores (treinados desde a infância) que se revezavam, assim desenhavam seus mapas e mensagens em papel e podiam transmiti-los à distância. Durante a primeira fase da conquista, quando os espanhóis ainda estão perto da costa, a mais importante mensagem que Montezuma envia é a de que não deseja nenhum tipo de intercâmbio de mensagens. Ao receber as mensagens vindas da costa Montezuma não se alegra, muito ao contrário, na visão dos astecas: “Montezuma baixou a cabeça e sem dizer uma palavra, a mão sobre a boca, ficou um longo momento como (se estivesse) morto, ou mudo, pois não pode falar nem responder”. (Duran, III, 69). Esta paralisia não enfraquece unicamente a coleta de informação; já simboliza a derrota visto que o soberano Asteca, e antes de qualquer coisa, um mestre da palavra (ato social por excelência) e que a renuncia a linguagem é o reconhecimento de uma derrota. Os mensageiros traziam a Montezuma diariamente notícias dos movimentos dos invasores, e este, foi acometido de enorme medo, principalmente pelas informações pedidas pelos invasores a respeito de sua pessoa. Montezuma fica totalmente aturdido, sem saber que atitude tomar, segundo Duran, a reação inicial de Montezuma é querer se esconder no fundo de uma gruta. De acordo com os conquistadores, as primeiras mensagens de Montezuma afirmam que ele está disposto a dar-lhes qualquer coisa em seu reino, com uma condição: que renunciem ao desejo de vir vê-lo. Não devemos esquecer o pensamento divinizado em relação aos espanhóis (aos menos nos primeiros momentos da chegada). Sem saber que atitude tomar, Montezuma revela-se extremamente confuso, primeiro pune com a prisão os mensageiros que lhe trazem notícias dos espanhóis, depois, buscando auxílio dos presságios, no entanto, vendo que as previsões não lhe eram favoráveis, manda para a cadeia velhos e velhas, os sacerdotes temendo por seu próprio destino decidem nada mais revelar ao rei, e terminam também sendo punidos com a destruição de suas casas, morte de suas mulheres e filhos. Sendo então compreensível o rareamento de informações recebidas sobre o comportamento dos espanhóis ou para a interpretação dos presságios. Os inimigos de Montezuma agora não eram outros povos da meso-américa, e desta vez apesar de recolher informações não era tão fácil saber que atitude tomar, devido à enorme diferença no comportamento dos espanhóis. Todas as ações dos espanhóis pegam os índios de surpresa, como se fossem eles que conduzissem uma guerra regular e os espanhóis os atormentassem com movimentos de guerrilha. As atitudes de receio dos índios diante dos espanhóis começam pela enumeração dos presságios que anunciavam a vinda de homens estranhos para tomar o reino. Várias previsões, em diferentes épocas, feitas por adivinhos dos povos da meso-américa até o Peru davam sempre conta, com impressionante sincronismo, da chegada de homens estranhos para a tomada do reino. Os presságios são extremamente semelhantes em diversos pontos do continente americano, um cometa, raios, um incêndio, homens bicéfalos, pessoas falando durante o transe. Mas, tal coincidência de concordância entre os presságios e o que realmente ocorreu, leva-nos a acreditar que possam ter sido “inventados” posteriormente. Assim procedendo à solução para os acontecimentos estava encontrada, e esta solução é tão apropriada que ao ouvir o relato, todos pensam lembrar-se de que os presságios tinham realmente aparecido antes da conquista; enquanto isso, as profecias exercem um efeito paralisante sobre os índios que tem conhecimento delas. O modo como ocorreu o contato entre espanhóis e índios e responsável pela imagem deformada que estes terão dos espanhóis durante os primeiros contatos e, principalmente, pela idéia de que eles são deuses; idéia que exerce um fator paralisante e este fato só pode ser explicado por uma incapacidade de perceber a identidade humana dos outros, isto é, admiti-los ao mesmo tempo, como iguais e como diferentes. Esta capacidade de identificar os espanhóis como seres iguais faz com que os astecas tenham ocorrido naquilo que foi provavelmente o maior dos erros, enquanto os espanhóis na impossibilidade de identificá-los como seres humanos os tipificam como animais, os Astecas diante deste mesmo quadro de impossibilidade classificarão os estrangeiros como Deuses, erro que não tardou muito para que fosse notado, porém, este erro de avaliação durará tempo suficiente para que a batalha entre espanhóis e índios já estivesse decidida, e a América submetida a Europa.<br /><br /><br /><br />A importância da palavra para o povo Asteca<br /><br /><br />Assim como outros povos, os Astecas também se identificavam e identificavam os outros povos através do domínio da língua, restando para aqueles que não eram entendidos o tratamento de pior espécie. A oratória era dignificada, e por isto os pais sempre preocupavam-se com o desenvolvimento de seus filhos nesta arte, os dignitários reais eram escolhidos principalmente por suas qualidades oratórias. A associação entre o poder e o domínio da língua e claramente marcada entre os Astecas. O próprio chefe de estado é chamado Platoani (aquele que possui a palavra), e o que designa o sábio é; aquele que sabe pintar e interpretar os manuscritos (o possuidor de tinta vermelha e tinta negra). O próprio Montezuma é tido como um orador nato. Quando falava atraía, com suas frases refinadas e seduzia com seu raciocínio profundo. Para destacarmos o poder da oratória Asteca podemos citar Vasco de Quiroga, que 15 anos após o fim do império Asteca, conta: “cada um deles nos agradeceu por sua vez, com tal eloqüência que era como se tivesse estudado a arte da oratória durante toda a vida.” A oralidade é em uma sociedade sem escrita é revestida de vital importância, cabe a ela a materialização da memória social, isto é, o conjunto de leis, normas e valores que devem ser transmitidos de uma geração a outra, para garantir a identidade da coletividade. A ausência da escrita é um elemento importante. Os desenhos estilizados, um grau inferior a escrita; mas registram a experiência, e não a linguagem. As três grandes civilizações ameríndias não se situavam em um mesmo grau de desenvolvimento da escrita, que variava de: totalmente ausente até rudimentos de uma escrita fonética. Mas, o importante a se destacar é que uma escrita ausente não pode assumir a função de suporte da memória, função que ficou destinada a palavra.<br /><br /><br />Religião, conceito de tempo e marcação<br /><br />A religião, seja qual for seu conteúdo, é um discurso transmitido pela tradição, e o que importa é a garantia de uma identidade cultural. E exatamente por isso não é colocada em questão, a opinião pessoal não tem valor, não há como racionalizar uma tradição. Os espanhóis tentaram sem sucesso buscar razões para sua escolha pela religião cristã, e este insucesso de racionalização faz criar uma ruptura entre a fé e a razão. Sobre os indígenas podemos destacar a admiração de muitos estudiosos por um estado que dava atenção à educação das crianças: ricos e pobres são escolarizados, na escola religiosa ou na escola militar. Entre os índios a submissão do presente ao passado é uma característica marcante, o antigo tem ascendência sobre o novo. Nesse mundo voltado para o passado, dominado pela tradição, surgem os conquistadores estrangeiros: um acontecimento absolutamente imprevisível, surpreendente, único, tanto assim que se fez necessário presságios recolhidos posteriormente como forma de justificar o ocorrido. O tempo indígena é baseado em ciclos enquanto o calendário espanhol/europeu é linear, seguindo uma sucessão sem repetições. Para os índios haviam dois calendários, um religioso, de 260 dias e um astronômico de 365 dias, baseando-se estes calendários na condição de que a cada vinte ou cinqüenta e dois anos este ciclo se repete. Para demonstrar a idéia do tempo mostrada graficamente, para os Maias e astecas, é a roda e para nós a flecha. Os livros, Maias e Astecas, justificados por adivinhos e profetas, utilizando-se dessa concepção de tempo, permitem prever o futuro; já que o tempo se repete, e o conhecimento do passado leva ao conhecimento do presente e do futuro, pois que seriam em linhas gerais, a mesma coisa. Não são unicamente as seqüências passadas que se parecem, as futuras também. Por isso, os acontecimentos são contados ou no passado, em forma de crônica, ou no futuro, sob a forma de profecias.<br /><br /><br />Montezuma e Cortez, conquistado e conquistador<br /><br /><br />Montezuma estava atrelado a um mundo completamente ritualístico, com uma marcação de tempo em ciclos, onde acontecimentos do passado repetiam-se no futuro, daí no momento até então único, a chegada dos espanhóis, resulta a incapacidade de Montezuma em produzir mensagens apropriadas e eficazes. Grandes mestres na fala ritual, os índios se saem muito mal na improvisação, e esta é precisamente, a situação da conquista a invasão espanhola é um fato novo, jamais ocorrido, e exigiria improvisação dos índios a esta nova situação, no entanto, esta não é uma atitude a ser tomada com facilidade pelos índios. Cortez, no entanto, pratica a arte da improvisação diariamente, vê-se forçado a adaptar-se a novas situações constantemente, e tem plena consciência destas necessidades que pratica. Em vão Montezuma procura por alguma explicação no passado que o possibilitasse agir no presente, não encontra, e como improvisação não é um ato normal entre os índios, todas as suas mensagens enviadas aos espanhóis impressionam pela ineficácia. Para convencê-los a deixar suas terras Montezuma envia-lhes ouro, mais um erro, não poderia haver mais nada que os convencesse a ficar. Além de Montezuma outros chefes têm atitude semelhante na tentativa de tentar agradar os espanhóis e convencê-los a partir, e para tal, enviam-lhes mulheres, que terminam por servir como um segundo forte motivo para sua permanência, além de que, muitas vezes aliadas aos espanhóis, tornam-se importante armas contra os próprios índios. Em uma atitude de tentativa de desencorajar os espanhóis, os astecas anunciam que todos os prisioneiros espanhóis seriam sacrificados e comidos, esta atitude ao contrário de desencorajá-los, faz com que lutem com maior afinco, afinal agora só existe uma escolha, vencer. Tendo falhado em todas as mensagens enviadas ao invasor, começam a falhar a própria comunicação entre os índios, e pela falha de eficiência de Montezuma, muitos chefes começam a mudar de lado, fator determinante para a vitória espanhola. Outra forte característica dos índios é a total incapacidade em mentir e dissuadir, por isto eram facilmente iludidos pelas inverdades e dissimulações espanholas, detalhe que em um cenário de guerra, muitas vezes vale mais que uma arma. O papel da mulher na sociedade asteca é bem definida, é ela a geradora da vida, portanto, incapaz de tornar-se uma guerreira de função contrária aquela destinada a mulher. A função do guerreiro é a de maior prestígio na sociedade e embora os especialistas da palavra gozassem de grande prestígio, mão atingiam o mesmo status social do guerreiro, tanto assim que o rei deveria combinar estes dois lados, guerreiro e especialista da palavra. A pior das ofensas que se poderia fazer a um homem era chamá-lo de mulher, prova disto é a fala de Cuauhtemoc ao ouvir a fala de Montezuma, que já feito prisioneiro pelos espanhóis, dirige-se ao povo, e mal termina seu discurso, para que Cuauhtemoc diga em voz alta: “que diz esse covarde do Montezuma, essa mulher dos espanhóis, porque é esse o nome que podemos dar a ele, já que se entregou a eles como uma mulher, por medo, deixando-nos com os pés e mãos atados, atraiu sobre nós todos os males.’(tovar, PP.81-2). O que os guerreiros Astecas não previam é que ao menos em sentido figurado, as mulheres ganharam a guerra. Os Astecas não estão acostumados com uma guerra total, feita pelos espanhóis contra eles, uma novidade em sua tradição, para eles a guerra deve acabar num tratado estabelecendo o montante dos tributos pagos pelo perdedor ao vencedor. Neste trecho podemos ver claramente de que forma a guerra era encarada pelos Astecas: “pelo menos no início, os Astecas conduzem uma guerra que está submetida à ritualização e ao cerimonial: o tempo, o lugar, o modo, são previamente decididos, o que é mais harmonioso, porém menos eficaz. Era costume geral em todas as cidades e todas as províncias deixar, nos limites extremos de cada uma, uma larga faixa de terra deserta, inculta, para as guerras.” (Motolinia III, 18). O combate tem hora certa para começar e para acabar. O objetivo do combate não é tanto matar, mas fazer prisioneiros (o que favorece claramente os espanhóis). A batalha começa com um envio de flechas, “se as flechas não ferissem ninguém, e o sangue não corresse, retiravam-se como podiam, pois viam nisso um presságio seguro de que a batalha acabaria mal para eles.” (Motolinia III, “carta de introdução”). Portanto, a análise deste trecho deixa claro que mesmo antes de “ganhar a partida”, os espanhóis já haviam obtido uma vitória decisiva: a que consiste em impor seu próprio tipo de guerra; a superioridade deles já não pode ser mais posta em dúvida.<br /><br /><br /><br />Os presságios anunciam maus tempos<br /><br /><br />Em todos os cantos do México maus presságios anunciam os problemas que estavam por vir, quatro anos antes da chegada dos espanhóis, templos queimavam, suas paredes desmoronavam sem que houvesse um motivo justificável, relata-se a passagem de dois cometas. Sacerdotes previam a chegada de homens estranhos, trazendo estranhos animais, sonhos revelavam a destruição da morada dos deuses, fato que efetivamente ocorreu. Esta frase demonstra o quanto sombrias eram as previsões: “não haverá mais templo, nem lares, nenhuma fumaça se erguerá, tudo virará um deserto, pois homens novos chegam a terra.” (Motolinia III, 19). Como o passado domina o presente, o acontecimento novo deve ser projetado no passado, sob a forma de presságio, assim, não se podia contradizer o que já era determinado. Se um acontecimento não havia sido previsto, simplesmente, não se poderia admitir sua existência, assim dava-se muito mais importância aos relatos antigos que aos acontecimentos que se apresentavam. Tal era a necessidade desta ligação que se um novo fato não houvesse sido previsto, “fabricava-se” esta ligação através de presságios. Outra grande dificuldade de oposição aos espanhóis está no fato de serem considerados deuses, dificultando a solução no plano humano. O comportamento dos espanhóis sempre foi incompreensível para os índios. O comportamento indígena era de perplexidade diante dos invasores, presentes dados aos índios eram simplesmente destruídos ou ignorados, esta perplexidade era tanta que em muitas situações os espanhóis não se davam sequer ao trabalho de fazer a guerra: preferiam ao chegar, convocar os dirigentes locais e realizar vários disparos de canhão para o ar: os índios calam de pavor, bastando, portanto, em muitos casos o simples uso simbólico das armas. Neste encontro conflituoso entre espanhóis e ameríndios, quem leva a melhor são os espanhóis, muito mais afeitos a comunicação entre os homens, entretanto, não há só um tipo de comunicação; existe também a necessidade da comunicação do humano com o mundo, mas em um momento de conflito existe grande necessidade de improvisação, e isto era um fato impossível de ser entendido pelos índios, que confiam seus destinos aos presságios, onde aquilo que não tivesse previsto, não poderia ocorrer. A vitória dos espanhóis, portanto, é facilmente compreendida. Neste confronto entre Europa e América, apesar de aparência de superioridade de um dos lados, traduzidos por sua temporal vitória, podemos dizer que não há vencedores nem vencidos, a vitória traz em si o início da derrota, não apenas de um dos lados, mas de ambos. </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="right">Celso de Almeida.</div><div align="right"> </div><div align="right">*Foto: Montezuma e Cortez</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-5434601706402889661?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br1tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-46935132091543376102008-05-16T15:22:00.000-03:002008-05-16T15:39:07.287-03:002008-05-16T15:39:07.287-03:00Meio Ambiente<a href="http://4.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SC3UwD0AHoI/AAAAAAAAADk/g7CiCPaZoRg/s1600-h/194.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5201047066805018242" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SC3UwD0AHoI/AAAAAAAAADk/g7CiCPaZoRg/s320/194.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Causa dos Impactos Ambientais e as Conseqüências dos desastres naturais</div><br /><div align="justify"><br />Erroneamente, os seres humanos sempre consideram a Terra uma fonte inesgotável de recursos e dotada de uma infinita capacidade de diluição de recursos. Com seu incrível crescimento populacional, eles tomaram para si muitos recursos destinados também a outros seres vivos, como água, alimento e espaço. Assim foram eliminando as espécies que competiam com eles, com suas lavouras e suas criações.<br />Sempre que o ser humano esgotou os recursos de um ambiente, procurou um novo lugar. Com o tempo entretanto, nosso planeta está mostrando o que realmente é: uma porção limitada do universo, com um sistema de vida extremamente frágil. A Terra é como uma nave, que nos conduz em permanente viagem pelo espaço. Nós, os “passageiros da Terra”, enfrentando dois grandes problemas: aumentando a nossa poluição a um ritmo de quase dez milhões por mês e temos de sobreviver unicamente com as “provisões de bordo”, sem possibilidade de parada para reabastecimento. A raça humana parecia se conscientizar do grave perigo que corremos com a degradação do planeta, precisamos tomar conhecimento do que podemos fazer a respeito para que a espécie humana e o planta sobrevivam, o que podemos fazer para mudar o quadro de rápida redução da diversidade biológica. O caminho para a solução dos problemas é a tomada de conhecimento do que estamos fazendo contra o planeta.<br /></div><br /><div align="justify">Impactos ambientais e suas causas<br /></div><br /><div align="justify">Desde que os mais distantes antepassados do homem surgiram na Terra, eles vêm transformando a natureza. Durante muitos séculos, o homem foi bastante submisso a natureza. Enquanto ele era caçador e coletor, sua ação sobre o meio ambiente restringia-se a interferência em algumas cadeias alimentares, ao caçar certos animais e colher certos vegetais para seu consumo. A utilização do fogo foi, talvez, a primeira grande descoberta realizada pelo homem, permitindo que ele se aquecesse nos dias mais frios e cozinhasse seus alimentos. Ainda assim, o impacto sobre o meio ambiente era muito reduzido. Com o passar do tempo, alguns grupos humanos descobriram como cultivar alimento e como criar animais. Com a revolução agrícola, há aproximadamente 10.000 a.C, o impacto sobre a natureza começou a aumentar gradativamente, devido a derrubada das florestas em alguns lugares para permitir a pratica da agricultura e pecuária. Além disso, a derrubada de matas proporcionava madeira para a construção de abrigos mais confortáveis e para a obtenção de lenha. A partir de então, alguns impactos sobre o meio ambiente já começaram a se fazer notar: alterações em algumas cadeias alimentares, como resultado da extinção de espécies animais e vegetais; erosão do solo, como resultado de pratica agrícolas impróprias; poluição do ar, em alguns lugares, ela queima das florestas e da lenha; poluição do solo e da água, em pontos localizados, por excesso de matéria orgânica.<br />É importante perceber que, paralelamente a espantosa aceleração do crescimento demográfica, ocorreu avanços técnicos inimagináveis para o homem antigo, que aumentaram cada vez mais capacidade de transformação da natureza. Os ecossistemas têm incrível capacidade de regeneração e recuperação contra eventuais impactos esporádicos, descontínuos ou localizados, muitos dos quais provocados pela própria natureza, mas a agressão causada pelo homem e contínua, não dando chance nem tempo para a regeneração do meio ambiente. O homem também é parte integrante do meio em que vive. Ele também é componente da frágil cadeia que sustenta a vida no planeta, e não o senhor absoluto da natureza, e, embora não lhe seja mais submisso, continua precisando dela para a sua sobrevivência e para a sobrevivência de milhares de espécies dos diversos ecossistemas. Daí a necessidade premente de se rediscutir o modelo de desenvolvimento, o padrão de consumo, desigual distribuição de riqueza e o padrão tecnológico existentes no mundo atual.<br /></div><br /><div align="justify">Principais impactos<br /></div><br /><div align="justify">Impacto ambiental deve ser entendido como um desequilíbrio provocado por um choque, resultante da ação do homem sobre o meio ambiente. No entanto, pode ser resultados de acidentes naturais: a explosão de vulcão pode provocar poluição atmosférica. Mas devemos dar cada vez mais atenção aos impactos causados pela ação do homem. Quando dizemos que o homem causa desequilíbrios, obviamente estamos falando do sistema produtivo construído pela humanidade ao longo de sua historia. Estamos falando do particularmente do capitalismo, mas também do quase finado socialismo.<br />Um impacto ocorrido em escala local, posa ter também conseqüências em escala global. Por exemplo, a devastação de florestas tropicais por queimadas para a introdução de pastagens pode provocar desequilíbrios nesse ecossistema natural. Mas a emissão de gás carbônico como resultado da combustão das árvores vai colaborar para o aumento da concentração desse gás na atmosfera, agravando o “efeito estufa”. Assim, os impactos localizados, ao se somarem, acabam tendo um efeito também em escala global.<br /></div><br /><div align="justify">As florestas tropicais<br /></div><br /><div align="justify">Um dos principais impactos ambientais que ocorrem em um ecossistema natural é a devastação das florestas, notadamente das florestas tropicais, as mais ricas em biodiversidades. Essa devastação ocorre basicamente por fatores econômicos, tanto na Amazônia quanto nas florestas africanas e nas do Sul e Sudeste Asiático. O desmatamento ocorre principalmente como conseqüência da:<br />- Extração da madeira para fins comerciais;<br />- Instalação de projetos agropecuários;<br />- Implantação de projetos de mineração;<br />- Construção de usinas hidrelétricas;<br />- Propagação do fogo resultante de incêndios;<br /></div><br /><div align="justify">A exploração madeireira é feita clandestinamente ou, muitas vezes, com a conivência de governantes inescrupulosos e insensíveis aos graves problemas ecológicos decorrentes dela. Não levam em conta os interesses das comunidades que habitam os lugares onde são instalados, nem os interesses da nação que os abriga porque, com raras exceções, esses projetos são comandados por grandes grupos transnacionais, interessados apenas em auferir altos lucros. Os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de biomassa todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias. Podem também ser resultado de uma prática criminosa difícil de cobrir ou ainda de acidentes, inclusive naturais.<br />A primeira conseqüência do desmatamento é a destruição da biodiversidade, como resultado da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais. Muitas espécies que podem ser a chave para a cura de doenças, usadas na alimentação ou como novas matérias-primas, são totalmente desconhecidas do homem urbano-industrial e correm o risco de serem destruído antes mesmo de conhecidas e estudado. Esse patrimônio genético é bastante conhecido pelas várias nações indígenas que habitam as florestas tropicais, notadamente a Amazônia. Mas essas comunidades nativas também estão sofrendo um processo de genocídio e suicídio étnico que tem levado a perda de seu patrimônio cultural, dificultando, portanto, o acesso aos seus conhecimentos.<br />Um efeito muito sério, do desmatamento é o agravamento dos processos erosivos. Em uma floresta, as árvores servem de anteparo para as gotas de chuva, que escorrem pelos seus troncos, infiltrando-se no subsolo. Além de diminuir a velocidade de escoamento superficial, as árvores evitam o impacto direto da chuva com o solo e suas raízes ajudam a retê-lo, evitando a sua desagregação. A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas. As conseqüências dessa interferência humana são várias.<br /></div><br /><div align="justify">Conseqüências:<br />- Aumento do processo erosivo, o que leva a um empobrecimento dos solos, como resultado da retirada de sua camada superficial, e, muitas vezes, acaba inviabilizando a agricultura;<br />- Assoreamento de rios e lagos, como resultado da elevação da sedimentação, que provoca desequilíbrios nesses ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e, muitas vezes, trazer dificuldades para a navegação;<br />- A elevação das temperaturas locais e regionais, como conseqüência da maior irradiação e calor para atmosfera a partir do solo exposto. Boa parte da energia solar é absorvida pela floresta para o processo de fotossíntese e evapotranspiração, Sem a floresta, quase toda essa energia é devolvida para a atmosfera em forma de calor, elevando as temperaturas médias.<br />- Agravamento dos processos de desertificação<br />- Proliferação de pragas e doenças, como resultado de desequilíbrio nas cadeias alimentares. Algumas espécies, geralmente insetos, antes sem nenhuma nocividade, passam a proliferar exponencialmente com a eliminação de seus predadores, causando graves prejuízos, principalmente para agricultura.<br /></div><br /><div align="justify">Além desses impactos locais e regionais da devastação das florestas, há também a queima das florestas que tem colaborado para aumentar a concentração de gás carbônico na atmosfera. É importante lembrar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.<br /><br />Desastres naturais<br /></div><br /><div align="justify">Hoje, há mais desabrigados no mundo em conseqüência de desastres naturais do que de conflitos. Na década de 90, as catástrofes naturais como furacões, inundações e incêndios afetaram mais de dois bilhões de pessoas, causando prejuízos superiores a US$ 608 bilhões, em todo o mundo – uma perda maior do que nas quatro décadas anteriores, combinadas. Porém, cada vez mais, a devastação provocada por estes desastres naturais é de origem “desnatural,” devido a práticas ecologicamente destrutivas e a um número cada vez maior de pessoas residindo no caminho do perigo, como por exemplo.<br />Contribuindo também para o custo crescente dos desastres, está a gigantesca expansão da população mundial e da urbanização, colocando no caminho do perigo mais e mais pessoas e um maior número de atividades econômicas. Uma em cada três pessoas – cerca de 2 bilhões – vive hoje a 100 quilômetros de um litoral. Treze das 19 mega-cidades mundiais (com mais de 10 milhões de habitantes) se localizam em áreas costeiras. Os efeitos projetados do aquecimento global, como eventos climáticos mais extremos e a elevação do nível do mar, simplesmente multiplicarão as perdas potenciais.<br />Embora “desastres desnaturais” ocorram por todos os lados, seu impacto recai desproporcionalmente sobre as populações pobres, que vivem em áreas vulneráveis e dispõem de poucos recursos para se precaverem ou se recuperarem das calamidades. Entre 1985 e 1999, 96% das fatalidades causadas por desastres registrou-se em países em desenvolvimento.<br />Durante a década passada, os desastres geofísicos e os relacionados às condições meteorológicas aumentaram em mais de 60% e isso reflete tendências a longo prazo. Com certeza, se as populações em áreas de alto risco continuarem a aumentar e as florestas continuarem a diminuir, há pouco motivo para otimismo. Além disso, muitos países industrializados continuam a lançar cada vez mais gases de efeito estufa na atmosfera. De acordo com um editorial na revista “Science”, adiar a redução dessas emissões “é como recusar tomar remédio para uma infecção em fase de desenvolvimento: isso com certeza vai sair mais caro no futuro”. Referindo-se a esses custos, um relatório canadense sobre diminuição de desastres disse: “A mudança climática pode ser considerada a questão ambiental mais profunda e abrangente com a qual a comunidade internacional já lidou.”<br /></div><br /><div align="justify">Principais desastres naturais e conseqüências:<br /></div><br /><div align="justify">· Inundações<br />As inundações são provocadas pelos rios e mar e são mais sentidas no curso inferior dos rios e litoral costa baixa.<br />Conseqüências:<br />· Deslizamentos de terras que podem provocam destruição e mortes.<br />· Prejuízos materiais e humanos<br /><br />· Secas<br />As secas correspondem a períodos com valores de precipitação muito baixos ou inexistentes em relação à normalidade. Podem durar vários anos ou um ano.<br />Conseqüências:<br />*Degradação dos solos* Desmatamento* Desertificação* Fome – mortalidade<br /></div><br /><div align="justify">· Trocas de calor<br />Variação de temperaturas.<br />Conseqüências:<br />* Destruição de culturas<br />* Incêndios (Aumento do calor) e avalanches (queda brusca da temperatura)<br />* Mortalidade<br /></div><br /><div align="justify">· Tempestades tropicais<br />Tem origem no mar e normalmente dão origem a furacões (enormes sistemas de baixas pressões em que o ar ascende violentamente e em espiral) e quando chegam a terra arrasam extensas áreas e causam graves inundações<br /></div><br /><div align="justify">· Sismos<br />São movimentos bruscos, mais ou menos intensos, da crosta terrestre. Podem ter origem no mar (Maremotos) ou em terra (Terremotos), são mais freqüentes nas regiões de contato de placas.<br />O homem tem interferido nos vários ecossistemas naturais, e com essa interferência tem prejudicado a ele mesmo, quando não é feita de maneira correta. Independente das alterações no ambientes serem grandes ou pequenas todas elas, a longo ou médio prazo trazem conseqüências incalculáveis.<br /></div><br /><div align="justify">Não somos os seres mais importantes no cenário da vida na Terra, mas os únicos pensantes. É importante que as pessoas percebam que têm a responsabilidade de zelar pelo ambiente.<br />Estamos pagando um preço muito alto por toda essa comodidade, industrialização e desenvolvimento, pois a verdadeira causa de todos os impactos ambientais são as ações dos próprios homens, que infelizmente ficaram “cegos” frente a todo esse caos global e não percebem que eles mesmos estão “pagando à vista”, através do aumento dos desastres naturais.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Celso de Almeida</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-4693513209154337610?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br3tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-74707160283611429362008-05-16T14:27:00.001-03:002008-05-16T15:23:11.604-03:002008-05-16T15:23:11.604-03:00O Socialismo Soviético<a href="http://3.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SC3OGz0AHnI/AAAAAAAAADc/Z4L3Nz2Obgk/s1600-h/Stalin+(socialismo).jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5201039761065647730" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SC3OGz0AHnI/AAAAAAAAADc/Z4L3Nz2Obgk/s320/Stalin+(socialismo).jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">As Origens<br /></div><br /><div align="justify">No texto, “O socialismo soviético”, é evidenciada a construção do socialismo na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas durante a década de 1930, com transformações econômicas, sociais, políticas e culturais. Apesar de consolidado na década de 30 o socialismo é um processo que tem suas raízes nos anos de 1918 a 1920 quando a URSS passava por uma guerra civil e para suprir o abastecimento de suas cidades e soldados, o governo bolchevista requisita alimentos produzidos pelos camponeses, política essa que fica conhecida mais tarde como “comunismo de guerra”. A revolução finda com o triunfo do governo revolucionário, que tinha agora a dura missão de dar dirigibilidade ao país, no entanto a situação na era caótica, o país se encontrava desmantelado, desconexo e faminto; transportes desordenados, desabastecimento, desemprego e inflação descontrolada do rublo e rebeliões camponesas. A União Soviética era agora um país arcaico, isolado do mundo, enfrentava rebeliões de camponeses, que se sentiam traídos pelo governo; os operários industriais, base social do regime, encontravam-se desfalcados de seus membros mais idealistas, mortos durante a guerra. O governo lutava para convencer o povo a suportar tamanho sacrifício e apesar da degradação tentava convencer a população de que a nação soviética era uma civilização superior. Diante desse quadro caótico pelo qual passava a União Soviética, Lênin propõe em 1921 a NEP (Nova política econômica), que visava superar a crise implantada pelo comunismo de guerra. A nova política econômica é aceita com descontentamento pelo partido comunista da união soviética.<br /></div><br /><div align="justify">A Construção do socialismo<br /></div><br /><div align="justify">Após a morte de Lênin surgiram duas propostas dentro do PCUS, uma seria a aliança entre funcionários e camponeses, que necessitariam ser convencidos, do benefício da coletivização da terra; o enriquecimento da população rural alavancaria o crescimento industrial que assumiria ritmo ascendente para atender a demanda de camponeses por bens de consumo. Por esse projeto o socialismo seria construído lentamente. A segunda proposta visava investir na indústria pesada que fosse custeada pelo campo com cobrança de tributos aos camponeses, “Acumulação socialista primitiva, à custa dos camponeses” (pág.84). Na guerra das palavras os membros do PCUS são convencidos de que a segunda proposta é aquela que deve ser colocada em prática, afinal o sacrifício estaria a cargo dos camponeses, classe tida como reacionária e pouco confiável cujo enriquecimento não poderia ser aceito, nem sequer supor um crescimento lento rumo ao socialismo. A idéia era mudar o mundo e isso exige rapidez e agilidade. A política agrícola implantada vai gerar uma crise originada pela insatisfação por parte dos camponeses que se recusavam a vender seus produtos pela taxa fixada pelo governo achando que os valores cobrados deveriam ser maiores; o que vai provocar um racionamento de alimentos em 1928. Essa crise vai gerar uma reforma política econômica defendida por um habilidoso político chamado Joseph Vissarionovich Djugachvili, conhecido como, Stalin, que percebendo o desejo dos militantes bolchevistas apóia o socialismo convencendo a maioria dos membros do partido comunista da possibilidade de uma vitória do socialismo na URSS independente da ocorrência ou não, de levantes operários no restante da Europa. Com a derrota de seus adversários políticos e o apoio do comitê central do PCUS são iniciadas em abril de 1929 com a aprovação do plano qüinqüenal a coletivização do campo e a industrialização acelerada na URSS liderados por Stalin. Tem início em Janeiro de 1930 a primeira etapa da segunda revolução russa com a coletivização do campo. Stalin não se importava com os custos humanos e naturais que seriam necessários para a industrialização do país, para ele a reação de desespero dos camponeses para conservar suas terras foi motivo para mobilizar milhares de agentes para liquidar os Kulaks, camponeses que tinham no máximo 10 hectares de terra, uns poucos animais e mão-de-obra familiar acrescida de um ou dois trabalhadores assalariados cujo total não ultrapassava 10 pessoas, para Stalin os Kulaks eram uma classe exploradora, “último bastião do capitalismo”. (pág85)<br />Operários e militantes do PCUS, jovens do Komsomol, a juventude comunista, e a GPU, Polícia política, podiam ser encontrados facilmente no campo para mostrar como a coletivização era espontânea. Os camponeses por sua vez, viam-se cercados por tropas armadas e sem ter melhor escolha se rendiam a coletivização, porém antes de entregar a terra ao governo a arruinavam o máximo que podiam destruindo as ferramentas e matando os animais. Os que se rejeitavam seguir a coletivização eram mortos ou banidos para regiões distantes. Não tendo outra escolha, os camponeses se viram obrigados a aderir as Kolkhozes, fazendas coletivas, descobrindo assim um novo tipo de escravidão, a estatal, onde os mesmos tinham todos os seus bens passados para a fazenda que tinha uma direção indicada pelo partido comunista, e estes sendo obrigados a vender seus produtos ao governo por preços baixos. Caso a meta de produção fixada não fosse atingida os membros da fazenda tornavam-se suspeitos de sabotagem. Segundo Daniel Aarão Reis Filho, a coletivação foi “um furacão de morte e de destruição. Uma orgia de sangue e de sofrimento”. (pág. 86)<br />Contrário ao setor agrícola estava à industrialização acelerada que transformou um país arcaico e agrário em um país moderno e industrializado. O crescimento econômico soviético colocou a URSS no final dos anos 30 entre as grandes potências mundiais da época com uma economia industrial capaz de produzir aço, máquinas, turbinas, petróleo, tratores, tanques de guerra e aviões a partir de seus próprios recursos. A economia soviética cresceu mais do que todos os outros países, com exceção do Japão. A industrialização trouxe várias vantagens como a melhora na qualidade de vida da população, a abertura de milhões de vagas de empregos, a melhora na saúde e na educação e os novos valores sociais implantados pelo estado que asseguravam cada vez mais o fascínio popular e político de Stalin. Milhões de soviéticos morreram para financiar as obras que eram necessárias para a industrialização, o governo chegou ao ponto de vender trigo para o ocidente mesmo com a população faminta e importar equipamentos e técnicos especializados, falta de bens de consumo, eram consideradas como inevitáveis pelos soviéticos, as perseguições políticas tinham por objetivo somente aniquilar os inimigos do povo e do próprio socialismo; o sistema de GULAG (Administração estatal dos campos), verdadeiros campos de concentração tinham explicações convincentes como explicava Stalin: a abolição das classes exigia a intensificação da luta entre as próprias classes.<br /></div><br /><div align="justify">O Culto a Figura de Stalin<br /></div><br /><div align="justify">Na comemoração de seu qüinquagésimo aniversário o líder soviético recebe a primeira manifestação pública para homenagear sua personalidade, Stalin deixaria de ser chamado de Khaziän (patrão, dono) para ser chamado de Vojd (Guia) da nação. Começa então a pronunciar-se uma locução clássica: “Stalin é o Lênin de hoje”; é um líder vivo e que compreende perfeitamente as necessidades do povo e do partido, apresentadas pelo próprio Lenin, considerado um líder genial. O Pravda (Jornal do PCUS) começou a homenagear o líder soviético diariamente. Stalin começa a receber epítetos como “Gênio”, “Corifeu das artes e ciências”, “Melhor amigo das crianças”, “Pai dos povos”, “Guia do proletariado mundial” e muitos outros (pág.91). Em seu Septuagésimo aniversário o número de cartas que chegaram ao Pravda foi tão grande que anos mais tarde ainda poder-se-iam lê-las em uma coluna criada no jornal especialmente para o evento. De cada fábrica, mina de carvão, Kolkhoz, sindicato, escola, ou célula partidária chegava uma lembrança para Stalin, segundo Deutscher o museu da revolução, em Moscou, tornou-se um local de exposição dos presentes enviados ao líder. Apesar de ser venerado pelo povo, Stalin não era muito carismático, vivia trancado no Kremlin e dificilmente aparecia em público; quando aparecia tinha breve contato com os soviéticos ficando à distância, não tinha eloqüência em sua fala que era e monótona, por isto sua voz era substituída pela voz de um locutor de voz rica e profunda que durante a segunda guerra lia as ordens do dia e falava pelo líder soviético, apesar de diferente de todos os outros líderes políticos as idéias de Stalin entusiasmavam os ouvintes pela clareza e perfeição com que eram formuladas.<br />Todas as lojas tinham uma decoração com seu retrato às vezes até mesmo no lugar de mercadorias em falta, encontrava-se em qualquer espaço público uma representação de Stalin, nas praças centrais e nos picos das montanhas existia uma gigantesca estátua homenageando o líder soviético, livros de receita culinária tinham palavras do líder sobre a necessidade de se alimentar bem como introdução, nos jardins de infância e zoológicos, bandeiras afirmavam: “Obrigado Stalin por nossa infância feliz”. Porém as mudanças obtidas pela sociedade nos anos 30 podem ser consideradas as grandes responsáveis pela admiração que se tinha pelo líder. A veloz industrialização do campo transformou em pouco tempo um país arcaico em um país industrializado, agora era possível ter acesso ao trabalho, alimentação, vestuário, assistência médica, habitação subsidiada e de certa forma igualdade entre os soviéticos; a educação e a saúde tiveram um índice de crescimento surpreendente, assim como a expansão econômica permitiu variadas ascensões sociais, técnicos e engenheiros locais foram formados e beneficiados com cargos na indústria e na burocracia estatal; pode-se dizer que a ascensão social formou grupos privilegiados no regime. Como em uma receita, mistura-se a propaganda política maciça e intensa por parte do governo e os resultados obtidos pela industrialização e conseguiremos entender os carismas consagrados ao líder soviético e o porquê de tamanho sucesso e admiração, era a forma que os soviéticos beneficiados com a industrialização e a melhoria de vida que a mesma trouxe tinham de agradecer.<br /></div><br /><div align="justify">O Terror Stalinista<br /></div><br /><div align="justify">Stalin além de criador foi também um produto do modelo soviético, a fragilidade do líder e um partido político organizado nos modelos leninistas e a ajuda da própria sociedade para eliminar possíveis “sabotadores”, “espiões”, e “traidores” fizeram com que a URSS passasse nos anos de 1936 a 1938 o período conhecido como grande terror stalinista, A morte de Kirov, suposto aspirante ao cargo de líder da URSS no ano de 1934 dá margem a Stalin e seus comandados de aplicar um golpe de estado. Para o líder soviético, haveriam inimigos dentro do partido. Essa foi a oportunidade ideal para Stalin garantir e impor definitivamente seu poder. Tem início uma era de expurgos políticos dentro do PCUS e uma grande repressão política de massa, a imprensa noticiava o processo contra grandes líderes soviéticos e do próprio partido. Surpresos os soviéticos e todo o movimento comunista viram chefes históricos do partido e do estado serem condenados por conspiração, assassinatos e ações terroristas, todos confessaram seus “crimes”, confissões essas que eram verdadeiros espetáculos teatrais alcançados através da tortura ou chantagem com a prisão de seus familiares, teatralização ensaiada diversas vezes perante a polícia antes de serem apresentadas ao público, aqueles que não “professavam seus crimes” eram eliminados sem a teatralização dos tribunais. Aqueles que por algum motivo tinham suas vidas poupadas eram enviados aos campos de concentração. Comícios eram feitos em quase todas as cidades reunindo milhões de pessoas em protesto contra os “traidores”. Cartas secretas eram entregues a militantes do PCUS com denúncia de crimes no interior do partido, reforçando assim a necessidade de vigilância revolucionária.<br />Os soviéticos não foram enganados pela propaganda oficial, “os russos sabiam bastante bem quanto sofrimento lhes coubera, e ainda cabia sob o jugo de Stalin”(pág 95). O grande terror foi o auge de um processo iniciado em 1918 com a guerra civil; no início, os bolchevistas perseguiram os adeptos do antigo regime; depois a perseguição foi aos “contra-revolucionários”, em seguida os partidos políticos opositores. Para culminar o terror iniciou um processo de perseguição a qualquer um suspeito de atividades “anti-soviéticas”. Diga-se que o terror político não foi obra exclusiva de Stalin, ele teve apoio de grande parte da sociedade soviética. Em 1939 a maioria do comitê central do PCUS eleita em 1934 havia caído junto com a maior parte dos secretários provinciais e locais do partido, assim como seus colaboradores e familiares próximos; todos fuzilados ou enviados a campos de concentração. Denuncia de complôs, sabotagem, espionagem e crimes aterrorizavam o país durante o grande terror.<br />O terror tinha o objetivo de voltar-se exclusivamente contra aqueles que eram contrários ao governo ou críticos a Stalin, não importando se eram camponeses, operários, elite, intelectuais, oficiais do exército ou até mesmo membros do PCUS, nesse caso aqueles que apoiaram o líder da “segunda revolução russa” e a ele juraram lealdade e fidelidade. O regime de terror visava á consolidação do poder de Stalin e do regime Stalinista, como a única alternativa política possível.ou seja, qualquer um que fosse suspeito de atividades “anti-soviéticas” era preso. A sociedade agia como cúmplice da polícia política acusando e desprezando colegas e familiares. Stalin dizia ter 500 mil novos cargos para distribuir, a cada ano, cargos esses que passaram a ser ocupados pelos técnicos e engenheiros formados graças à industrialização no país e que apoiavam as perseguições e a liderança de Stalin; assim o líder soviético se mantinha no poder na medida em que o grande terror avançava.<br />Em cinco de março de 1953 morre Stalin, sua morte levou milhões de soviéticos à praça vermelha, no dia oito de março o número de pessoas na praça vermelha para ver o corpo do líder soviético era tão grande que não foi possível controlar a multidão, desencadeando numa tragédia onde milhões de pessoas foram esmagadas contra as barreiras montadas pela KGB, muitas morreram pisoteadas no meio da aglomeração.<br />O terror atingiu a todos os grupos sociais, não existia posição social ou política que garantisse que o individuo não seria alcançado pela avalanche do terror, incitado e apoiado pelo sentimento de satisfação? Simples, a queda de dirigentes partidários, industriais e arbitrários, tornava-se um momento de júbilo popular. Detestados, estes “pequenos tiranos”, ao caírem em desgraça apenas estavam sofrendo um justo ato de justiça e de vingança.<br /></div><br /><div align="justify">O Modelo Soviético<br /></div><br /><div align="justify">O povo soviético conheceu ao longo da década de 1930 a segunda revolução russa. Uma revolução feita “pelo alto” a partir dela foram realizadas transformações econômicas, sociais, políticas e ideológicas, estas mudanças deram origem ao modelo soviético do socialismo. No campo econômico ocorreu a planificação e a centralização das atividades produtivas, a nacionalização de todas as empresas do país com o surgimento da ideologia da “estabilidade”, que garantiria a implantação do socialismo. No plano político as mudanças foram do partido único ate o Partido – Estado, com a monopolização dos postos da administração estatal. No plano social, a subjugação dos camponeses e um intenso processo de mobilidade social. No campo ideológico, o modelo do “marxismo-leninismo” imposta como única forma de pensar, crer, agir e se comportar, institui-se o “culto secular do estado”, com um processo de “santificação” do território soviético e culto a personalidade do líder, a qual todos deveriam reverenciar. A polícia política e os campos de concentração completaram as instituições do socialismo soviético.<br /></div><br /><div align="justify">A caminho do fim<br /></div><br /><div align="justify">Não há dúvidas de que o modelo de socialismo soviético está intimamente ligado ao nome de Stalin, não se pode reduzir a construção do socialismo somente a interjeição da propaganda oficial ou ao terror totalitário, pois ambos não bastam para explicar o apoio e a admiração de milhares de pessoas de várias partes do mundo, inclusive dentro da União Soviética, ao líder soviético, não haveria possibilidade de um contato total de uma sociedade se não houvesse permissão e acordo com boa parte desta sociedade. A União Soviética foi talvez a maior das utopias que a história já registrou, Stalin por suas ações para manutenção e perpetuação no poder cometeu um infinito número de crimes. Segundo Milovan Djtilas, “a história não conhece déspota mais brutal e cínico do que ele. Como criminoso, foi metódico e cruel. Foi um desses raros e terríveis dogmatistas capazes de destruir nove décimos da raça humana para fazer feliz o décimo restante. (pag. 106).<br />Mesmo diante da consolidação democrática no mundo os pobres continuam a conviver com terríveis injustiças, da parte de políticos, corruptos que mesmo formalmente democratas, continuam a governar a favor das classes dominantes.</div><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Celso de Almeida.</div><div align="justify"></div><br /><div align="justify">*Foto: Stalin</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-7470716028361142936?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br2tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-77113744968873404742008-05-16T14:27:00.000-03:002008-05-16T14:35:24.059-03:002008-05-16T14:35:24.059-03:00Baixa Mesopotâmia e Egito no milênio inicial da vida civilizada<a href="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SC3FyT0AHiI/AAAAAAAAAC0/gloqHBGniKk/s1600-h/egito.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5201030612785307170" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SC3FyT0AHiI/AAAAAAAAAC0/gloqHBGniKk/s320/egito.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">O longo caminho em direção a urbanização na Ásia ocidental<br /></div><br /><div align="justify">Por volta de 7000 a.c à região do oriente próximo asiático já conhecia aldeias neolíticas, plenamente sedentárias. Quatro mil anos depois a Mesopotâmia estava urbanizada, com cerca de 14 cidades importantes, que subordinaram outras menores e numerosas aldeias. No velho mundo foi essa região a única a efetuar por si só o processo de urbanização, pois não dispunha de nenhum modelo para ser seguido. Foi necessário que se fossem encontradas soluções à medida que os problemas se apresentavam ao longo do período de urbanização. Dentre as dificuldades enfrentadas pelos habitantes da região podemos destacar: as cheias dos rios, a defesa do território, a disputa por recursos naturais e por áreas de comércio.<br />Apesar do efeito fertilizador oriundos das cheias dos rios serem um fator benéfico à agricultura, estas inundações ocorriam em um período em que os cereais cultivados já estavam crescidos, e a violência das cheias ameaçava levá-los de roldão, junto com casas e rebanhos. A forma de enfrentar este problema foi à construção de um complexo sistema de barragens, canais de irrigação e drenagem, cuja manutenção exigiam enorme e constante esforço.<br /></div><br /><div align="justify">Instituições administrativas<br /></div><br /><div align="justify">Aponta-se para a possibilidade de que três instituições fossem encarregadas de enfrentar as dificuldades sugeridas durante o processo de urbanização da Mesopotâmia, seriam elas: “Órgãos colegiados”, derivados ainda de organizações tribais; “Os templos”, entendidos também com complexo econômicos e administrativos, além das funções religiosas e o “Palácio real”, que igualmente ao templo possuía múltiplas funções.<br />Cabe ressaltar que em um período anterior aos templos como complexos políticos religiosos e administrativos, as decisões mais importantes eram tomadas por dois órgãos, são eles: O conselho de anciãos e a assembléia dos homens livres dos quais existem evidências de terem se perpetuado até mesmo depois da urbanização, apesar de ter sua importância bastante reduzida. Ainda no quarto milênio os templos são um complexo econômico, político e administrativo, já o palácio real como entidade desagregada dos templos segundo alguns arqueólogos, somente surgiu no terceiro milênio.<br /><br />Diferenças administrativas entre a Mesopotâmia e o Egito<br /></div><br /><div align="justify">Dois fatores diferenciam a baixa Mesopotâmia do início dos tempos históricos (primeiros séculos suficientemente iluminados por fontes escritas) do Egito da mesma época. A primeira diferença marcante é estar a Mesopotâmia dividida em uma dúzia de cidades-estados, bem consolidadas e ciosas de sua independência, em contraste com a emergência do Egito histórico, já a está época consolidado como um reino centralizado em que o crescimento da urbanização era controlado pelo palácio real; a segunda diferença seria a de que em cada cidade da baixa Mesopotâmia existia privilégios fiscais, legais e de jurisdição, plenamente reconhecidos aos homens livres proprietários, vistos como um corpo de cidadãos dotados de direitos bem estabelecidos, coisa completamente desconhecida no Egito, em que o Faraó, o Deus vivo, tudo pode e tudo determina.<br /></div><br /><div align="justify">Das Cidades-Estados aos primeiros impérios Mesopotâmicos<br /></div><br /><div align="justify">Em toda a baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milênio, encontramos cidades-estados independentes. Cada uma delas com seu setor urbano, dividido em: “cidades amuralhadas”, “cidade externa”, situada fora dos muros e que entremeava zonas residenciais, terras cultivadas e estábulos e o “porto pluvial”, onde se encontrava o comércio exterior e onde viviam mercadores estrangeiros, proibidos de instalar-se na cidade amuralhada. Este setor urbano servia de núcleo a um “território de extensão variável”, que continha cidades menores, povoados, aldeias numerosas, campos e pastagens.<br />Nos templos, antes da existência dos palácios, moravam o En(senhor) provavelmente eleito pela assembléia dos homens livres,o “En” era uma espécie de sumo sacerdote, a assembléia também poderia eleger, mesmo temporariamente, um monarca, isto normalmente ocorria em ocasiões de grave perigo externo para a cidade. A monarquia dos primeiros tempos históricos seria então uma monarquia eletiva. Por isso, o rei deveria consultar a assembléia antes de empreender campanhas militares. Existem sinais que dão conta das possibilidades de ter ocorrido em torno da metade do terceiro milênio uma “realeza sagrada”. Estas indicações esparsas sobre as modalidades de governantes supremos na baixa Mesopotâmia, são, por vezes difíceis de conciliar e parecem até certo ponto contraditórias. Não é, portanto, desejável que se exclua a possibilidade de que tenha ocorrido uma heterogeneidade de uma cidade para outra.<br /></div><br /><div align="justify">A unificação da Mesopotâmia<br /></div><br /><div align="justify">O comando militar, necessário a defesa do território e das rotas comerciais bem como a conquista e ao saque, foi fator essencial ao surgimento de uma monarquia permanente, hereditária e separada dos templos. As funções político, administrativas e econômicas dos templos, assim como também a influência do conselho e da assembléia, diminuíram na medida em que se consolidava o poder monárquico. A partir de meados do terceiro milênio o particularismo das cidades-estados dá a impressão de chocar-se com uma consciência étnica unitária das comunidades da Mesopotâmia, servindo de base a hegemonias cada vez mais extensas, que acabaram por desembocar em impérios efêmeros, mas crescentemente coerentes com sua organização.<br /></div><br /><div align="justify">O 1º e o 2º Império<br /></div><br /><div align="justify">O primeiro dos impérios mesopotâmicos foi criado por Sargão I. Promoveu a nomeação de governantes acadianos, em muitos casos, parentes do próprio rei, com isto pretendia diminuir a autonomia das cidades-estados. O exército foi ampliado, assim como o palácio real e a máquina burocrática. Mesmo assim, o império acadiano não durou muito tempo, em função das revoltas internas e dos ataques externos. Após a queda do 1º império houve um período de descentralização e do domínio estrangeiro, os Gútios vindos do leste, dominaram parte da Mesopotâmia.<br />O segundo império teve a sua frente à 3ª dinastia da cidade de UR. Foi notável por seu controle econômico. De início compreendeu a Mesopotâmia inteira e algumas regiões exteriores, no entanto, apesar das precauções, como a separação dos poderes civil e militar, nas cidades dominadas, com a aplicação de um sistema de guarnições, possibilitadas por um grande contingente do exército, um bem organizado correio real, um sistema de remuneração dos burocratas, através de rações e da doação de terras em usufruto, foi empreendido grande esforço na direção da unificação legislativa que incluía a promulgação da primeira compilação importante de precedentes judiciários ou “julgamentos típicos”. Também este 2º império sucumbiu por revoltas internas e ataques vindos do exterior.<br /></div><br /><div align="justify">Consolidação de uma forma de governo<br /></div><br /><div align="justify">Ao termino do terceiro milênio, não obstante a fragilidade dos impérios reinantes, o regime monárquico está bem consolidado e apresentava contornos institucionais nítidos. No interior do estado, o palácio real se tornara muito mais importante econômica e politicamente mais importante que o templo. No entanto, mesmo durante o apogeu imperial o poder monárquico mesopotâmico nunca se aproximou do modelo autocrático do Egito. Mesmo reis que ousaram intitular-se “Deuses” reconheciam sua dependência para com as grandes divindades. E os homens livres, mais importantes, constituíam em cada cidade um corpo de cidadãos com direitos reconhecidos. O papel legislador do rei supunha como destinatário dos códigos legais promulgados, cidadãos que tivessem existência própria, não sendo estes exclusivamente súditos do rei. Ao monarca cabia a função de promover a justiça nos territórios sob seu domínio. Prova de que a autonomia dos cidadãos era reconhecida, estava no fato de que em várias cidades as assembléias e o conselho, mesmo com poderes reduzidos, foram mantidos.<br /></div><br /><div align="justify">A religião, Reis e Deuses na Mesopotâmia<br /></div><br /><div align="justify">Uma história completa da religião mesopotâmica no terceiro milênio, sobretudo na sua metade inicial, não poderia ser escrita com precisão devido à falta de fontes sólidas de informação. Uma das explicações para tamanha complexibilidade de análise é de que na verdade não devemos falar em uma religião e sim, de religiões. Aponta-se uma religião em três níveis: A sacerdotal, praticada nos templos, centrada na imagem divina em seu santuário, a religião monárquica, que se referia as funções religiosas reservadas ao soberano e a religião dos homens comuns, que só participavam de longe ou como espectadores da maioria das grandes cerimônias religiosas oficiais.<br />Na concepção mesopotâmica do universo, não existe qualquer separação entre o mundo humano, o natural e o divino. Não há diferenças entre coisas animadas e inanimadas pois que tudo é criação dos Deuses. Todas as regiões de funcionamento deste universo, criado pelos Deuses, são ditadas por eles, existindo total homogeneidade de princípios e funcionamentos entre os níveis do humano e do divino.<br />Também a monarquia é uma criação divina, a realeza desceu dos céus não uma, mas duas vezes, a primeira humanidade irritou os deuses e foi eliminada pelo dilúvio onde somente o rei Ziusudra de Shuruppak, juntamente com sua mulher, constituindo-se na semente da nova humanidade, segundo a “lista real suméria”.<br />Os vínculos entre o rei e o divino eram estreitos. Muitas vezes o soberano declarava-se filho direto de uma deusa, que esta o amamentara, sem, no entanto, que isso representasse uma divinação da pessoa real. O monarca governava, julgava, agia, combatia sempre como um representante da divindade e por isso, havia a necessidade de consulta constante aos desígnios supremo dos deuses. Mesmo os reis divinizados em vida, sempre proclamavam sua submissão aos deuses sumero-acadianos, a quem jamais buscaram equiparar-se e que certamente nunca quiseram substituir.<br /></div><br /><div align="justify">O caminho para a unificação<br /></div><br /><div align="justify">Existem provas indiretas da presença de sistemas locais de poder que merecem consideração, algumas centenas de anos antes da unificação do país. São estas provas: Existência de artesões de alta qualificação produzindo grandes quantidades de objetos cerimoniais; presença de celeiros de alta capacidade; passagem do cobre martelado a frio a metalurgia, o que supunha a exploração de minas; o transporte e armazenamento de minério; construções que exigiam para sua ereção algum sistema de distribuição de rações aos trabalhadores e, portanto, algum sistema de tributos que permitisse armazenar excedentes de cereais. Nesse momento as obras necessárias ao plantio eram ainda insignificantes e realizadas de forma regional, não servindo, portanto, ao propósito de considerá-las responsáveis pelo processo de centralização do estado. Estas obras estariam ligadas a certa área regional, que mais tarde vieram a transformar-se em províncias do Egito centralizado. É possível imaginar que nestes territórios (nomos), surgissem relações urbano-rurais nascentes e o aparecimento de núcleos político-territoriais definidos, cujo conflito deve ter desembocado em confederações cada vez maiores até que, por fim, emergisse o reino unificado do Egito, duplo sim, Vale e Delta, mas com um único monarca.<br />Não existem indicações de escassez da terra no Egito, o que se ocorresse poderia justificar a guerra, e uma provável unificação, no entanto devemos observar que nem sempre a guerra seja realizada por questões de conquista de territórios, ou competição por recursos agrícolas, portanto, existe a possibilidade de que elas tenham ocorrido por motivos diferentes deste e que estejam relacionadas às origens do antigo Egito.<br /></div><br /><div align="justify">O efeito do Nilo<br /></div><br /><div align="justify">Diferentemente dos rios mesopotâmicos, o rio Nilo, tem o seu momento de cheia no auge do verão, quando suas águas retornam ao leito, é o momento exato em que deve ocorrer o plantio, salvo exceções, suas cheias são menos destruidoras que as cheias do Tigre e do Eufrates, contribuindo para que o sistema de irrigação, barragens e drenagens jamais tinham sido desenvolvidas ao mesmo nível das estruturas mesopotâmicas. Com bacias naturais, auto drenáveis, e independentes, praticamente garantia a impossibilidade de conflitos pela necessidade de controle da água entre as diferentes regiões.<br /></div><br /><div align="justify">O estado do terceiro milênio<br /></div><br /><div align="justify">Os egípcios dependiam menos que os mesopotâmicos do comércio exterior, para obtenção de matérias-primas, pois dispunham de minas de cobre, ouro e algum estanho, de pedra para construção e outros recursos. Grande parte destas reservas encontrava-se em territórios dominados.<br />A teoria político-religiosa da monarquia egípcia define o rei como centro de todas as coisas, incluindo até mesmo os países estrangeiros, destinados a serem subordinados por ele. O rei era visto como unificador, pacificador, construtor, aquele que tem direitos indiscutíveis, o único que deve ser obedecido.<br /></div><br /><div align="justify">As primeiras dinastias<br /></div><br /><div align="justify">Durante as três primeiras dinastias, aparece e consolida-se uma tradição cultural centrada no rei-deus. As instituições do governo ainda estão sendo formadas, o palácio real já é o centro da administração, a cobrança de tributos se faz sob a supervisão direta do soberano. Expedições militares externas são enviadas ao nordeste (Sinai), a oeste (Líbia) e ao sul (Núbia), para garantir as rotas comerciais e o fluxo de matérias primas e para a obtenção de mão-de-obra adicional na forma de prisioneiros de guerra.<br />A quarta dinastia é a dinastia dos construtores de grandes pirâmides, dura quatro séculos, é o auge do reino antigo. O aparelho do estado já está totalmente organizado, no início deste período a tendência era de entregar os altos cargos do estado aos parentes do rei, fato que foi modificado com o passar do tempo, formando-se então uma verdadeira burocracia administrativa. É sem dúvida o auge da centralização do poder do rei e da monarquia, em toda a história do Egito faraônico.<br />A quinta dinastia inicia com a afirmação do poder absoluto do Rei, ele fala em nome dos deuses, mas também no seu próprio, sendo igualmente divino. Regulariza-se a partir da quinta dinastia o titulo de “Filho de Ra”, até então outorgado esporadicamente. A maior complexidade do estado aumenta a necessidade de matérias primas e prisioneiros de guerra. Intensificaram-se as expedições militares sob o Reino Antigo, teve início à colonização egípcia no norte da Núbia. O contato marítimo com a Palestina e com a Somália passa a manter-se com alguma regularidade.<br /></div><br /><div align="justify">A religião, o rei e os Deuses<br /></div><br /><div align="justify">As crenças e cultos apresentavam-se ainda menos unificados e sistematizados do que na baixa mesopotâmia. Até o pré dinástico, cada aldeia possuía seu próprio Deus principal. Neste período podem ter ocorrido peregrinações a grandes centros religiosos, no entanto os deuses locais ainda eram supremos. Assim como na mesopotâmia pressupõem-se a existência de uma religião popular na grande maioria das vezes diferentes das cultuadas nos grandes templos e no palácio real. A unificação jamais colocou fim ao culto dos deuses locais: Alguns deuses dos Nomos chegaram a ser cultuados em todo o Egito. Um dos mecanismos de ascensão de importância de um deus regional era sua adoção em posição de destaque no culto monárquico. Os templos construídos em pedra, fechados a grande parte da população, considerados como a residência do deus. Desde o início do período histórico é atestado à presença de sacerdotes ligados aos templos, contudo, a hierarquia sacerdotal foi relativamente tardia: Somente na sexta dinastia os sacerdotes emergem como um grupo social diferenciado no interior do aparelho do estado.<br />O rei não era divino ao nascer, e sim ao ser coroado, tornando-se deus, o novo rei assumia de imediato a herança legítima dos deuses primordiais, que se acreditava, tinham reinado pessoalmente sobre o Egito num passado mítico. Assim o rei estabelecia uma linha de sucessão legítima que vai do deus primordial criador até sua própria pessoa.<br />Os egípcios acreditavam que o estado faraônico surgira concomitante com o ato da criação do universo, e duraria para sempre tanto quanto o próprio cosmo. Como filho do sol, o faraó é o senhor absoluto do território e dos habitantes do Egito. Como deus ele comanda a própria natureza inanimada e viva. Diante do rei, com exceção da família real, todos são plebeus, por igual, o faraó não era apenas um representante do deus, e sim o próprio deus vivo, sua presença no trono garante a cheia do Nilo, assegurando as boas colheitas e a fertilidade das mulheres e rebanhos.<br /></div><br /><div align="justify">Causas do declínio<br /></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">São fatores apontados como causas do declínio do Egito dos faraós: excessiva importância e influência dos sacerdotes desde a quinta dinastia, recebendo doações e isenções fiscais que enfraqueceram o patrimônio estatal, a fraqueza pessoal de certos reis, o avanço do poder da hereditariedade nas funções de dirigentes das aldeias, contribuindo para o desmembramento temporário do Egito; uma grande revolta popular e a invasão de tribos asiáticas no baixo Egito.<br />No entanto nos dias atuais outras hipóteses são levantadas para as causas do declínio do Egito antigo. Dentre estas outras linhas podemos citar: Reforço progressivo no aparelhamento do estado e não sua deterioração ao longo da quinta e sexta dinastia. Ao final do terceiro milênio teria ocorrido um declínio drástico no nível de cheias do Nilo, multiplicando anos de fome, diminuição da população gerando assim um declínio de riquezas do estado, os valores das arrecadações despencam, diminui também a mão de obra para as principais obras públicas gerando queda na qualidade da administração, levando a grande insatisfação interna, somando-se isto aos problemas de ordem externa enfrentados, levando o grande império à queda a partir de aproximadamente 2150 a.c.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Celso de Almeida.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-7711374496887340474?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br6tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-3808168537257659072008-05-15T14:45:00.000-03:002008-05-15T18:43:24.190-03:002008-05-15T18:43:24.190-03:00O Tráfico de Escravos<a href="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SCyrtj0AHhI/AAAAAAAAACs/8rHGszscPP0/s1600-h/Mapa+do+tr%C3%A1fico.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5200720468901895698" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/SCyrtj0AHhI/AAAAAAAAACs/8rHGszscPP0/s320/Mapa+do+tr%C3%A1fico.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><br />Na legislação portuguesa a escravidão parece ter sido estimulada desde a autorização de resgate dos “negros da Guiné”, feita pelo rei Afonso V em 1448, que concedia dízima do comércio de escravos ao infante D Henrique, como governador das descobertas da Guiné.<br />Por menos que queiramos, a escravidão faz parte da nossa história. Mesmo que se tente esconder ou esquecer, não se pode ignorar sua existência. Conhecer o tráfico de escravos no Brasil é entender um pouco a importante contribuição dos africanos na formação da cultura brasileira. Cabe ressaltar que hoje a palavra “tráfico” está intimamente ligada ao crime e a ilegalidade, no entanto, no que se refere ao tráfico de escravos africanos, não houve ilegalidade, pois que era um comércio, organizado, patrocinado, em alguns casos pelos governos, realizado por mercadores que enriqueceram com o lucrativo “comércio de almas”, também geraram grandes lucros aos governos através do pagamento de impostos. A própria igreja apoiou a escravidão, e o papado concedeu a portugueses e espanhóis o direito de; atacar e apreender pagãos e sarracenos, tomar seus bens e os reduzir a escravidão perpétua, através da bula papal “Dum diversas” de 1452. O apoio legal da escravidão estava no direito romano, que se manteve durante a idade média.</div><br /><div align="justify"><br />O início da escravidão na colônia<br /></div><br /><div align="justify">Antes da entrada dos escravos oriundos da África, o Brasil já se utilizava da mão-de-obra escrava. Foram os índios os primeiros a passar pelo processo da escravidão, e que, por um bom tempo, movimentaram a economia da colônia através de sua força de trabalho. Poucos autores dedicaram-se a escrever sobre a escravidão indígena, no entanto ela aconteceu, e foi bem maior que se imaginava. Segundo Sheila de Castro; “foi justamente do índio que se serviu o colono para instalar unidades agrícolas açucareiras, mesmo que com a interferência constante e conflituosa dos jesuítas”. Documentos indicam que o contato inicial com os índios foi amistoso, sofrendo posterior revés, quando os portugueses iniciaram um amplo processo de escravidão dos indígenas, a quem os portugueses viam como mão-de-obra para o trabalho agrícola. Os chamados “negros da terra” foram amplamente utilizados nas produções do nordeste açucareiro, e somente no século XVII a quantidade de escravos africanos superou o número de índios nas atividades agrícolas.<br />Depois da apreensão dos índios localizados ao longo da Costa Brasileira, os colonizadores precisaram embrenhar-se um pouco mais continente adentro a fim de proceder a capturara, depararam-se então com índios bem mais hostis. Em um pequeno trecho de uma carta enviada ao reino podemos ter a noção do pânico dos colonos em relação aos índios: “terra de criação de todas as coisas deste mundo, não há em toda a terra como esta, mas o gentio dela é demônio”.<br />Talvez o que tenha provocado a dúvida se ocorreu ou não uma ampla escravidão indígena, foi o fato da legislação portuguesa ter sido extremamente confusa neste aspecto, pois, teoricamente índios não poderiam ser escravizados de “maneira irrestrita”. Muito destas restrições foram resultado das lutas dos jesuítas, que achavam que a eles cabia o papel da salvação de suas almas. A coroa portuguesa ora proibia, ora liberava, com reservas a escravidão indígena.<br /></div><br /><div align="justify">Dificuldades para o estabelecimento do tráfico indígena<br /></div><br /><div align="justify">Para que exista um comércio regular existe a necessidade de que todo um ciclo comercial se feche, é necessário que exista produto, mercadores, compradores, e reposição de mercadorias de forma regular, que efetivamente nunca conseguiu se fechar no que diz respeito à escravidão indígena. Devido a imensidão do território colonial, seria perfeitamente possível que se estabelecesse um comércio de índios entre as capitanias, se tal comércio se estabelecesse, teria se amenizado o problema da fuga do cativeiro, pois que estaria se desassociando o indígena de sua região de origem, o que certamente não terminaria com a fuga, mas a abrandaria, sobre isto, o naturalista luso-brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira pensava que: “se os pretos não fogem para a África, donde vêm, não é por falta de vontade, mas pela falta de meios para atravessarem tantos e distantes mares”. Esta tese defenderia que os descimentos fossem realizados para distantes capitanias, no entanto, alguns fatores a fazem cair por terra; irregularidades no transporte marítimo de costeiro, era muito mais difícil a navegação a vela de norte-sul do que de leste-oeste, em termos práticos era muito mais fácil atravessar o atlântico e comprar escravos na África, que transportar índios do nordeste ao sudeste ou sul. Outro fator complicador foi a proibição a partir de 1549 do comércio entre as capitanias. A própria navegação de cabotagem proibida até então, só foi liberada em 1766, data em que o tráfico negreiro já estava fortemente estabelecido. Outro fator primordial é que os grandes mercadores que poderiam realizar este comércio, já se apresentaram como vendedores de escravos africanos, o que por si só, já fecha questão no assunto, comércio indígena. Além de tudo, o tráfico indígena esbarrava em fatores fundamentais da condição da colônia do Brasil. O grande capital mercantil estava investindo no negócio de escravos africanos, a rede fiscal da Coroa estava ligada a este tráfico de escravos, a política de exploração, em que a metrópole não dava grande importância ao acumulo de capitais na colônia, apesar do mesmo acontecer, e também ao fator resistência da igreja, que dava prioridade a evangelização dos índios.<br /><br />Entrada da escravidão africana na colônia<br /></div><br /><div align="justify">Vários fatores respaldaram a substituição, que não foi total,[1] da mão-de-obra indígena pela Africana. Cabe ressaltar que a principal delas foi a prática mercantilista e a economia baseada na “plantation”, tipo de sistema agrícola baseado em uma monocultura de exportação mediante a utilização de latifúndios e mão-de-obra escrava, que predominava nas colonizações do período. O tráfico de escravos enquadrava-se na lógica comercial adotada, ou seja, o comércio gerava para metrópole mais lucro, devido aos encargos que lhe eram atribuídos, o que não ocorria no caso dos indígenas. Além disso, outro fator fundamental a utilização de africanos na colônia brasileira foi o conhecimento dos mesmos sobre a escravidão, pois esta já era uma prática difundida na sua cultura. O que tornava de mais fácil entendimento o “mecanismo” da escravidão, em oposição ao indígena que não era capaz de compreender os mecanismos envolvidos no processo escravista. O comércio interno de escravos acontecia naturalmente entre as sociedades africanas, o Europeu apenas aproveitou-se de uma estrutura já estabilizada.<br />Além disto, na escravidão indígena havia uma alta taxa de mortalidade, por vários motivos, além de que, por conhecer o território, os índios embrenhavam-se cada vez mais em direção aos sertões, dificultando cada vez mais sua captura e aprisionamento, fazendo rarear a mão-de-obra e dificultando sua reposição, tão necessária ao andamento dos projetos agrícolas, fazendo crescer a necessidade de uma solução. E o caminho apontado foi a chamada “solução africana”. Segundo Caio Prado: “O trabalho indígena seria pouco lucrativo, se considerada a baixa resistência a doenças e sua aversão ao trabalho agrícola”. Deve-se ressaltar que nas comunidades indígenas no Brasil, o trabalho na agricultura era realizado pelas mulheres. Já Celso Furtado, destaca que o índio foi a mão-de-obra essencial na montagem de toda a economia açucareira quinhentista, este destaca ainda, que a introdução da mão-de-obra escrava africana deveu-se a baixa capacidade de reposição de escravos na lavoura.<br />Não devemos abrir mão ou considerar equivocados os motivos expostos por estes historiadores, no entanto, é Fernando Novais na década de 1970 que talvez nos aponte o mais forte motivo para a introdução da escravidão africana, Novais destaca que a opção pelos africanos foi motivada pelo sistema mercantilista da colonização, especialmente pelos lucros advindos do tráfico atlântico que segundo Novais foi “alavanca fundamental da acumulação primitiva de capital”. O número de escravos introduzidos no Brasil foi extremamente alto, contribuindo para alicerçar uma economia baseada no trabalho escravo.<br /></div><br /><div align="justify">O comércio atlântico<br /></div><br /><div align="justify">O europeu raramente embrenhou-se em território africano para realizar a captura de escravos, esta tarefa era feita pelo próprio povo africano, pois a escravidão já fazia parte da cultura da África. Para se ter idéia clara de que a escravidão estava solidificada entre os africanos, podemos realizar uma pequena comparação; Na Europa onde o que determinava a riqueza de um homem era a posse da terra, as leis de posse de terra eram extremamente desenvolvidas e detalhadas, no que tange a África as leis mais detalhadas e desenvolvidas eram as leis que regiam a posse de escravos, pois, este era o fator determinante de poder e riqueza de um homem na África. Já que na África não existia a terra como propriedade, aquilo que determinava a riqueza de um homem era exatamente o poder que ele tinha de cultivar maior extensão, e para isto era necessário que ele detivesse a primazia sobre outro fator de produção, no caso, da mão de obra, representado pela quantidade de escravos que possuía. O comércio dos negros era realizado através de feitorias espalhadas pela costa da África, onde comerciantes africanos concentravam suas “peças”, e para onde comerciantes escravistas se dirigiam para realizar os negócios, que era basicamente feito através de troca por mercadorias, tais como: tecidos, aguardente, fumo. Não eram os compradores que determinavam de que regiões ou grupos étnicos seriam os escravos comercializados, esta oferta era determinada pelas condições internas da África. A oferta de escravos para o comércio se dava de duas formas; pelo negro já escravizado, ou pelo meio mais comum, através de guerras realizadas para captura. O tráfico atlântico não foi exclusividade dos portugueses ou espanhóis; ingleses, franceses, holandeses entre outros participaram deste lucrativo negócio.<br />Os primeiros negros chegaram ao Brasil em 1530, com a expedição de Martin Afonso de Souza, vindos da Guiné. Não podemos considerar isto como o início da escravidão africana no Brasil, isto só ocorreria décadas depois.<br /></div><br /><div align="justify">A chegada ao Brasil<br /></div><br /><div align="justify">Os portos que receberam maior número de escravos no Brasil foram: Salvador, Rio de Janeiro, Recife, Campos e Santos; desses portos os escravos eram transportados para os mais diversos locais do Brasil. Outras cidades também recebiam escravos vindos diretamente da África, porém, em número bem menor. A proporção de desembarque de escravos variou ao longo dos mais de 300 anos de escravidão, dependendo da principal atividade econômica exercida pela região, servida pelo porto em questão. Durante a fase de maior produção de cana de açúcar no Nordeste, os portos de Recife e Salvador recebiam o maior número de escravos, mas, durante a fase áurea da mineração e do café, coube ao Rio de Janeiro tornar-se o maior porto receptor de escravos. A venda destes escravos era feita em praça pública, através de leilões, no entanto, o comércio de negros não se limitava á venda das “peças” recém chegadas da África. Transações comerciais com escravos eram comuns, como um produto qualquer comerciável. As relações comerciais internas envolvendo escravos acentuavam-se em momentos específicos do processo escravocrata. Com o declínio da produção açucareira no nordeste muitos produtores venderam parte de seu plantel para o sudeste, principalmente para Rio de Janeiro e São Paulo, áreas emergentes na produção de café.<br /></div><br /><div align="justify">O fim do tráfico e as conseqüências para o Brasil<br /></div><br /><div align="justify">O ano de 1850 marcou o fim do trafico africano, desta vez com medidas restritivas enérgicas por parte das autoridades brasileiras, embora até 1857 tenha-se registrado a entrada de africanos no Brasil. A partir daí não resta dúvida de que o tráfico interno foi de suma importância para a sobrevida da escravidão, existem dados que dão conta de que 400 mil escravos foram negociados em 35 anos de tráfico inter e intraprovinciais. Nesta modalidade eram negociados basicamente “crioulos” e assim como no tráfico atlântico, predominância de homens adultos, sendo isto fator decisivo no fim da escravidão.<br />A escravidão no Brasil era sustentada pelo tráfico, não ao contrário, como se possa imaginar, prova disto é que com a crescente pressão inglesa que desejava ver aumentado seu mercado consumidor, o Brasil finalmente estabelece o fim do mercado atlântico de escravos, a partir daí inicia-se a lenta queda do sistema escravagista no Brasil. O encerramento do tráfico com a África não colocou ponto final na escravidão, mais deu inicio a seu fim. Durante algum tempo, foi realizado na colônia um comércio interno entre as diversas regiões, com o deslocamento da mão-de-obra escrava para os locais onde o emprego destes era mais necessário, estima-se que neste período foram comercializados, neste tráfico interno, cerca de 400 mil escravos. No entanto, a falta de reposição dos negros vindos da África encareceu o preço do escravo. Nossa escravidão que jamais possuiu um crescimento interno que pudesse repor as necessidades escravistas, como, aliás, ocorria nas colônias inglesas da América do Norte, sempre foi alimentada por um crescimento da mão-de-obra vinda de fora com a constante chegada dos africanos nos portos brasileiros. O aumento do comércio interno, entre regiões, muitas vezes feitos com negros já nascidos no Brasil, e com famílias já formadas, agravou o conflito e a revolta dos negros, que eram separados de suas famílias, dando origem a revoltas, fugas, formação de quilombos, atentados contra senhores e feitores e até mesmo suicídios. Além disso, o encarecimento do escravo provocou o desaparecimento do pequeno proprietário rural e contribuiu para a “deslegitimação da propriedade”.<br />Portanto, mesmo com a manutenção do tráfico interno, a manutenção da escravidão no Brasil tornou-se muito complicada. Os indicadores mostram que gradativamente houve uma redução da mão de obra escrava. Havia pressões dos grupos abolicionistas, as manifestações dos negros, o surgimento de uma nova possibilidade, o trabalho do imigrante, tornou a abolição de 13 de maio de 1888 inevitável. Foi apenas o ato final de um processo que já se arrastava em lenta agonia. </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Celso de Almeida<br /></div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">*Foto: Mapa do tráfico</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-380816853725765907?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-21171303674761131292008-04-05T15:09:00.000-03:002009-07-31T12:25:47.917-03:002009-07-31T12:25:47.917-03:00O TRABALHISMO<a href="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_fIHQRuZgI/AAAAAAAAACQ/Bv-3xCwV6UQ/s1600-h/getulio-vargas.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5185833522894366210" style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center;" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_fIHQRuZgI/AAAAAAAAACQ/Bv-3xCwV6UQ/s200/getulio-vargas.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Logo após tomar posse no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, Alexandre Marcondes Filho iniciou uma de suas políticas mais significativas, o novo ministro passou a ocupar, todas às quintas-feiras, durante dez minutos os microfones do programa “Hora do Brasil”, e todas às sextas-feiras, o jornal oficial do Estado Novo – A Manhã – publicava o texto, que assim podia ser mais bem fixado pelo público. A partir de 1944 Marcondes passou a falar diariamente na Rádio Mauá, não por acaso chamada de Rádio dos Trabalhadores.<br />Era a primeira vez no Brasil que uma autoridade do porte de um ministro de Estado se dirigia a tão grande público, usando sistematicamente, como instrumento divulgador da mensagem, o rádio. As palestras se dirigiam a um público específico e em grande parte analfabeto, e seu conteúdo, tinha um eixo fundamental: a legislação social trabalhista do Estado Novo. O programa “Falando aos Trabalhadores Brasileiros” resume em seu título a intenção do ministro. Devido às dimensões do território brasileiro e das dificuldades de comunicação, o rádio fora o meio considerado mais conveniente para a realização desta tarefa de esclarecimento. O conteúdo das palestras abrangeria predominante o novo direito social, ainda desconhecido do povo trabalhador, seu principal beneficiário.<br />O impacto e a penetração política de tais palestras são difíceis de avaliar em seus resultados efetivos, no campo político da doutrinação funcionava como detonadora e articuladora de toda uma política ministerial e de governo. O ministério ao longo destes anos não cessara de receber consultas, comentários, referências e sugestões de um público que incluía trabalhadores e muitos outros setores, desta forma fica ao menos provado que a iniciativa radiofônica, ao lado de outras, contribuíra decisivamente para tornar a legislação social um patrimônio do trabalhador e de toda a comunidade nacional. O programa radiofônico só deixou de ir ao ar no momento que a situação política nacional mudou radicalmente. O conjunto de palestras de Marcondes Filho, ao longo de três anos e meio, constitui uma espécie de diário, não só da política trabalhista como do próprio momento nacional.<br />As palestras envolviam inúmeras questões específicas na área da legislação social mas, mesmo com uma enorme variedade de temas, eram recorrentes em certas estruturas básicas. Seu enredo, modificava-se, mas a história que contavam e o desenho de seus personagens centrais eram basicamente os mesmos. O discurso tinha um argumento central que ia sendo retomado seguidamente com o acréscimo de novas informações, que tinham como objetivo ilustrar o que se queria fixar. Os assuntos eram explorados lentamente, e podiam ser retomados após algum tempo. A propaganda devia alcançar seu público justamente na medida em que lhe demonstrava seu valor, sua capacidade e também sua proximidade com o emissor da mensagem. Marcondes inúmeras vezes não se apresentava como ministro, e sim, como “proletário intelectual”.<br /><br />A criação do tempo festivo<br /><br />É importante ressaltar que foi no Estado Novo que teve início uma série de comemorações oficiais que procuravam destacar certas datas, envolvendo a população em um calendário festivo, com grande destaque para as comemorações do 1º de maio. Quando da comemoração do primeiro dia do trabalhador pelo Estado Novo em 1938, o presidente anunciou o regulamento da lei do salário mínimo e assumiu o compromisso de presentear o trabalhador nesta data com uma realização na área social, neste mesmo ano em 10 de novembro, dia de aniversário do Estado Novo, na inauguração do prédio do Ministério do Trabalho, Industria e Comércio em seu discurso o presidente Vargas usou pela primeira vez o termo “Trabalhadores do Brasil”, que se transformaria em seu bordão ao encarnar seu papel de líder das massas operárias. A partir da promessa feita pelo presidente o primeiro de maio passou a ser aguardado com ansiedade pelos trabalhadores para que tivessem então conhecimento de mais uma iniciativa do governo em sua política no direito social.<br />Em três datas- o aniversário do presidente, o dia do trabalhador e o aniversário do Estado Novo – eram ocasiões chave para comunicação de Vargas com a massa operária, cabe destacar é que estas datas se integravam, ao mesmo tempo precederam e redimensionaram a intenção básica da política doutrinária do Ministério do Trabalho após o ano de 1942. Elas estruturaram uma aproximação significativa e personalizada entre autoridades e o público trabalhador.<br /><br />O povo e o presidente<br /><br />Praticamente em todas as palestras o nome de Vargas era citado de forma contundente, é profundamente significativa à participação de Marcondes Filho na construção de uma certa imagem de Vargas – do mito Vargas, cabendo lembrar que este mito foi construído em um espaço de tempo não muito longo, que coincide com os anos do Estado Novo, pois na revolução de 1930, Vargas era apenas mais um entre muitos que fizeram a revolução, não era particularmente reconhecido, condição esta que se alterou com a chefia do Governo Provisório. Foi a partir do Estado Novo que sua figura começou a ser projetada como a de um grande e indiscutível líder nacional. Sob o comando do DIP foi articulada uma das mais bem sucedidas campanhas de propagandas políticas de nosso país, tendo como personagem central o presidente Getúlio Vargas. Festividades, cartazes, fotografias, artigos, livros, concursos escolares, e toda uma enorme gama de iniciativas foi empreendida em louvor do chefe do Estado Novo, seu nome e sua imagem passaram a partir daí a encarnar o regime e todas as suas realizações.<br />A história trabalhista em nosso país se divide em antes e depois de 1930, depois de 1930 todas as providências tomadas envolvendo soluções nas questões sociais eram atribuídas ao próprio presidente Vargas, era dele que todas as soluções emanavam, era o inspirador e o executor de toda a política do direito social, nas mensagens dirigidas aos trabalhadores colocava-se sempre Vargas como quem criou, determinou, estabeleceu, assinou, mandou executar ou cuidar para que...Assim, nada se fazia nesta área sem o prévio e direto conhecimento e aprovação do presidente.<br />De todas as qualidades que caracterizavam o presidente havia uma sempre destacada e que segundo destacava Marcondes em suas falas a nação, que distinguia Vargas como estadista; sua capacidade de antever o curso da história, a clarividência, que fazia com que suas iniciativas políticas tivessem um verdadeiro caráter profético, que poderia ser constatado com o discurso de Vargas ainda como candidato em 1929, pois já neste discurso estaria embutido todo um programa de 15 anos de governo e toda a percepção política da época. A leitura que se fazia de toda obra governamental era a de uma obra antecipatória só explicável pela clarividência de Vargas, qualidade esta que repousava em dois fatores fundamentais: a inteligência superior do presidente e sua extrema sensibilidade, que o levava a uma comunicação franca e direta com o homem do povo, indo então de encontro com a sabedoria das multidões. A Vargas atribui-se sempre o equilíbrio perfeito entre a razão e a emoção, que fazia com que as leis de Vargas fossem ditadas pela sabedoria, embora nascessem do coração. O maior exemplo desta qualidade excepcional era o próprio processo de construção de nosso direito social. Marcondes Filho em suas falas, distinguia dois processos básicos para o estabelecimento do direito social no mundo: ou a melhoria das classes trabalhadoras “provém das cruentas reivindicações populares para fazer progredir o Estado, ou provém da sabedoria do Estado e da clarividência das leis, para fazer progredir o povo”. No Brasil, coube ao Estado antecipar-se e elaborar a legislação, antes mesmo que o espírito associativo dos trabalhadores organizasse o sindicato. O sindicato aqui foi conseqüência e não causa do processo que estabeleceu os direitos trabalhistas. O trabalhador obteve por outorga do poder público, sem lutas, os benefícios que tanto custaram a outros povos. No Brasil cabia ao Estado “fazer progredir o povo”, esclarecendo os trabalhadores e criando neles o espírito associativo que ainda não possuíam. Por isso estes precisam ser educados e mesmo forçados a receber os benefícios sociais. Nas palestras de Marcondes Filho os trabalhadores seriam sempre citados como dotados de ânimo, interesse e capacidade. Suas palestras tinham como pano de fundo recorrente a glorificação do homem brasileiro, da “raça brasileira” em sua força e energia, conquistando a terra bruta e primitiva ou construindo à grandeza industrial do Brasil. Em seus discursos realizava uma autêntica inversão de valores, realçava a contribuição do trabalhador nacional em nítida oposição ao estrangeiro, neste particular, destacava-se a presença do trabalhador negro, que marcava positivamente a raça brasileira e deveria ser respeitado e glorificado, sobretudo diante do nosso terrível passado escravista, o estado Novo assumia uma postura de combate aos preconceitos e sepultava os ideais de eugenia e branqueamento. Tratava-se neste momento de valorizar o trabalho manual, o ato de trabalhar com as próprias mãos, como elemento responsável pela mobilidade e ascensão social, tanto em termos econômicos, quanto políticos. Ser trabalhador era ganhar o atributo da honestidade, que neutralizava em termos de honra o estigma da pobreza. Pobre, mas trabalhador, isto é, um cidadão digno dentro do novo Estado nacional. A carteira profissional, criação dos pós-30, traduzia o tipo de relação entre cidadão e Estado que se desejava construir.<br />A construção da figura de Vargas, a outorga das politicas sociais e a valorização da posição ocupada pelos trabalhadores brasileiros se completavam em um enredo harmonioso que estruturava a comunicação entre o povo e o presidente. Em um discurso em 1942 Marcondes sintetizou o tipo de visão que se buscava fixar em torno do “Homem Vargas”: o grande, o maior responsável pela forma como se estabeleceu o direito social no Brasil, em outras nações o processo fora sangrento pela ausência de qualidades populares dos dirigentes, incapazes de sentir as dores e sacrifícios dos trabalhadores.<br />A partir de 1942 a preocupação central dos pronunciamentos era mobilizar a massa das forças trabalhistas brasileiras, entendendo-se que esta mobilização econômica era o fundamento da mobilização militar. Vargas se dirigia aos trabalhadores como “soldados da produção”, solicitando de todos o esforço máximo para o desencadeamento da “batalha da produção”. Neste contexto, é fundamental ressaltar que todo este esforço de propaganda dirigida especialmente aos trabalhadores era feito ao mesmo tempo à decretação de uma série de leis que, suspendia a vigência de diversos direitos trabalhistas. Em agosto de 1942 o governo decretou a jornada de dez horas de trabalho, sob o argumento do “estado de guerra”,suspendeu o direito a férias em todas ai industrias consideradas essenciais à segurança nacional. Em dezembro um decreto impedia a mobilidade do trabalho nas chamadas “indústrias de guerra” o que transformava literalmente seus empregados em “desertores” em casos de falta e desistência do emprego.<br />Os trabalhadores portanto viviam um momento político muito especial. De um lado, eram forçados a trabalhar em condições em que não tinham vigência vários direitos sociais já garantidos por lei, e de outro, eram conclamados a assumir um papel central na “batalha da produção”, desencadeada justamente pelo homem cujo maior título era ter outorgado estes direitos sociais. O programa “falando aos trabalhadores brasileiros” atuou neste exato período de tempo (1942 à 1945), o que redimensiona a importância de uma campanha doutrinária intensiva e ilumina o teor das advertências do ministro, no que concerne aos inimigos do projeto governamental. Nas palavras de Marcondes Filho dirigidas a Nação, durante doze anos Vargas tudo dera aos trabalhadores pela força da sua vontade. Agora cabia a eles retribuir o bem que lhes fora outorgado, mostrando que estavam a altura dos benefícios recebidos.<br /><br />Dar...receber...retribuir – a política brasileira fora do mercado</div><div align="justify"><br />A proposta política dos anos quarenta estruturava-se basicamente em torno da construção de uma relação entre povo e o Estado/Nação, encarnado na figura do Presidente. A história da relação povo/Presidente era fundamentalmente a história da resolução da questão social no Brasil, era a historia de um Presidente que legislou sobre o problema síntese da nacionalidade, o problema social. Importante ressaltar a forma como essa questão foi resolvida, o que acabava por determinar a forma pela qual esta relação povo/Presidente se efetuava. O ponto primordial desta construção convencionou-se chamar de “ideologia da outorga”, ou seja, a legislação social brasileira, instrumento mediador por excelência das relações entre governantes e governados, foi outorgada pela personalidade clarividente do chefe do Estado ao seu povo. A relação fundadora do Estado era uma relação de doação, uma relação de dar e receber dádivas/presentes/benifícios.<br />O presidente Vargas por sua “clarividência”, antecipava-se voluntariamente às demandas sociais e outorgava a legislação. A outorga impede o uso da força, necessária quando a conquista precisa ser empreendida. Ao doar generosamente, o Presidente, estava igualmente cumprindo um dever do Estado, na realidade o dever primordial, que era o de garantir a justiça social.<br />O ato de doar deve ser entendido interessadamente, como um dever, ele igualmente implica uma outra obrigação; a de receber. Assim receber benefícios é um direito, mas é igualmente um dever. Por este motivo, o Estado precisava não só doar, como criar a obrigação de receber. A força da coisa dada está em produzir em quem recebe a consciência de uma obrigação de retribuir como um dever político de natureza ética. A dinâmica proposta na relação entre povo e Presidente era a de um contrato que estabilizava a nação e sustentava o poder do Estado.<br />Diante disto o procedimento político assume a feição de um fenômeno social “total”, isto é, econômico, jurídico e moral. A força da relação dar-receber-retribuir está em conceituar a prática política como uma espécie de prática religiosa, isto é, como um contrato de adesão direta e total com a autoridade.<br />Ser cidadão, era pertencer a uma totalidade econômica ( trabalhar = produzir riquezas); jurídica (possuir a carteira de trabalho) e moral (compreender o trabalho como um dever/direito), cidadania era pertencimento. Nesta dinâmica, o povo era o princípio e o resultado da ação do legislador. Ou seja, o Estado brasileiro era produto tanto de uma vontade nacional inconsciente (o povo), quanto de uma vontade racional consciente (o legislador). O Presidente era provedor de seu povo, pois tinha a virtude de entendê-lo e, em o fazendo, de amá-lo. Portanto, para doar era preciso possuir muitas propriedades/qualidades. Era esta condição que não só permitia, mas igualmente obrigava à doação. A virtude e a fortuna estavam na base da outorga como procedimento contratual.<br />Receber era um ato virtuoso, pois implicava a idéia de aceitar o vínculo, e como tal, de não faltar com a retribuição ao longo do tempo. Retribuir não é pagar dívida; é reconhecer uma obrigação que extrapola a dimensão utilitária. Era desejo do Presidente que seu povo progredisse socialmente. A idéia de progresso estava vinculada às qualidades do legislador, tornando-se uma doação da autoridade clarividente uma revelação do povo naturalmente bom. Este, ao receber, reconhecia a autoridade, ou seja, obrigava-se moralmente perante ela. Aquele que doava vivia através do tempo na memória dos que recebiam, da mesma forma, aquele que tinha fortuna e não doava, morria verdadeiramente: não era reconhecido, não era identificado nem amado.<br />O contrato de fundação do Estado estabelecia, uma relação pessoal, entre o chefe da nação e todo o povo trabalhador. Quando neste sentido, se refere a “povo” não se fala de toda a população indistintivamente, neste caso “povo” era a massa trabalhadora que estava no mercado formal, os que estavam solidários entre si e com a autoridade. E a marca desta solidariedade era dada por um princípio jurídico-econômico e também moral. O comprometimento pelo trabalho significava ganhar identidade política, no entanto quem estivesse fora do mercado não estaria permanentemente fora dos benefícios governamentais, bastava conseguir “trabalhar” para fazer jus a todas as vantagens sociais dadas pelo governo.<br />Quando se fala em outorga diz-se de um tipo especial de legislação. Eram leis sociais, particularmente as chamadas leis do trabalho, o que tem um significado duplo, não só pelo sentido da lei, como pelo sentido do universo que ela procurava regular. Legislar sobre o trabalho significava regular o tempo útil e pós-útil do cidadão. Definir que, para aqueles que trabalhavam, o pagamento do salário era insuficiente. Isto porque eles davam vida aa coletividade, e tanto seus patrões como o próprio Estado devia-lhes, além da paga material, uma certa situação de segurança e bem-estar durante o período em que eram produtivos, e mais ainda, quando não o eram mais, por velhice ou morte.<br />A legislação não era uma caridade, ela era função da solidariedade criada e devida pela autoridade. Mais este sentimento não vinha contrariar a noção da necessidade, do dever de trabalho, nem tampouco a idéia de que cada um devia lutar por seus interesses, por seu “lugar econômico”. O povo tinha o direito de receber, e portanto o dever de retribuir. Ao contrário, ele não tinha o direito de não receber, pois isto significava não ter o dever de retribuir. Daí porque não retribuir- não pertencer, não trabalhar_ era crime. Era o reverso da cidadania. Era estar fora, recusando o vínculo, a aliança.<br />A invenção do trabalhismo como ideologia da outorga permite justamente refletir sobre a dimensão simbólica que alimentava e dava feição especifica a estas relações políticas, a este pacto social. Esta dimensão põe em foco singular a dinâmica entre repressão e mobilização exercitada neste período, da mesma forma que permite compreender melhor a longevidade das noções construídas pelo discurso político estado-novista.<br />O grau de eficiência e de permanência de um projeto político é uma questão das mais complexas, o estado brasileiro elaborou e gerenciou neste período de nossa história deixaram marcas que, no mínimo, nos esclarecem sobre o papel central que ainda desempenham no que se pode identificar como uma cultura política brasileira. Combinar uma análise científica moderna e sofisticada com um articulado discurso de apelo popular não é tarefa desprezível.<br />O grande “segredo” está na lógica que articulava este discurso. Ele releu o passado das lutas dos trabalhadores sem ao menos mencioná-lo, estruturando-se a partir de uma ética do trabalho e da valorização da figura do trabalhador nacional.<br /><br />Celso de Almeida.<br /><br />*Foto: Getúlio Vargas</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-2117130367476113129?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br1tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-19009588689500250932008-04-03T13:37:00.000-03:002008-04-03T13:42:21.369-03:002008-04-03T13:42:21.369-03:00Professor de História<div align="justify">Esta é certamente para refletir. Conversando com um professor, ele saiu com esta definição do que significa ser um professor de História: "Professor de História é gérmen de sua própria destruição, quando desenvolve e amplia em seus alunos sua capacidade argumentativa". (Fernando Gralha)<br />Perfeita definição, mas também uma meta a ser perseguida, pois afinal o professor de História que não buscar este desenvolvimento de seus alunos está destinado a ser esquecido. O esquecimento é o justo castigo dos incapazes. </div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-1900958868950025093?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-64398983267869443072008-03-30T21:17:00.007-03:002010-05-21T13:46:54.427-03:002010-05-21T13:46:54.427-03:00O MUNDO ÁRABE E AS GUERRAS ÁRABES ISRAELENSES<a href="http://3.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A48gRuZaI/AAAAAAAAABQ/L0wFj78gqsY/s1600-h/328377.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5183705783211025826" src="http://3.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A48gRuZaI/AAAAAAAAABQ/L0wFj78gqsY/s200/328377.jpg" style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center;" /></a><br />
<div align="justify"><br />
Quando Maomé, no século VII, fundou a religião muçulmana, nem ele imaginava que um dia esta crença seria a religião de praticamente todo o Oriente Médio e de uma boa parte do mundo além da Península Arábica. Após a morte do profeta tropas árabes através da expansão militar, em pouco tempo propagaram a fé islâmica em uma grande faixa da terra. Assim a maioria dos povos conquistados foram arabizados e islamizados, com algumas exceções: nos territórios europeus, na Ásia menor e no império persa. Dentro deste império islâmico também existiam cristãos e judeus, que tinham o direito de administrar suas próprias comunidades e professar seus cultos livremente mediante o pagamento de um imposto especial. Pode-se dizer que, de um modo geral, são árabes aqueles que se identificam com a língua, a cultura e os valores dos árabes, e que muçulmanos são aqueles que seguem a religião do islã.<br />
<br />
O SURGIMENTO DO SIONISMO<br />
<br />
Um movimento que pregava a volta de todo o povo judeu à Sion, uma colina de Jerusalém que simbolizava a terra prometida. A década de 1890, fica marcada por um crescente anti-semitismo Europeu, pela falência da política de integração dos judeus à sociedade européia, colocada em prática por vários países durante o século XIX. Foi portanto em contraposição ao anti-semitismo Europeu que a idéia do Sionismo pregava a criação de um estado Laico, não necessariamente na Palestina, que solucionasse o problema de segurança do povo judeu. No entanto, até meados do século XX, quando o anti-semitismo já havia se tornado política oficial na Alemanha nazista, a maioria dos judeus desconsiderava esta proposta, ainda confiante na possibilidade de integração à sociedade européia, na emancipação pessoal, ou adotaram uma solução de imigração individual. Diante deste quadro pode-se observar que nem todos os judeus tornaram-se sionistas.<br />
<br />
ÁRABES E SIONISTAS NA PALESTINA<br />
<br />
Ao final do século XIX, aumenta a imigração sionista em direção à Palestina. Neste momento eram raras as cenas de violência entre árabes e judeus sionistas. Muitos judeus chegaram à Palestina imbuídos do ideal de cooperação mútua e realmente acreditavam estar levando à região progresso e civilização. No início, os árabes palestinos em muito se beneficiaram com este novo quadro, desfrutando do mercado de trabalho aberto com a criação de comunidades agrícolas coletivistas e com a existência de novas cidades. Até o momento do crescimento da imigração judaica na região, os palestinos não possuíam qualquer tipo de reivindicação territorial de cunho nacionalista. Após a divisão do Oriente Médio pelas potências vitoriosas na 1ª Guerra, criando artificialmente países árabes e a afirmação do compromisso de fundação de um “Lar Judeu”, os palestinos fundam seu próprio movimento nacionalista, baseados no argumento de que se os judeus tinham direito aquela terra, eles também o tinham, por estarem na região há mais tempo que os sionistas. Pode-se afirmar que o movimento sionista motivou o nacionalista palestino. Algumas tentativas de construir uma base que permitisse uma convivência mútua durante as décadas de 1920 e 1930, judeus e palestinos deram início a uma disputa sem fim, até os dias de hoje, e os motivos que levam ao prolongamento deste conflito não são difíceis de entender; ambos tem objetivos semelhantes, e se acham dentro de seus direitos. Em 29 de novembro de 1947, as Nações Unidas decidem pelo fim do mandato britânico sobre a Palestina e divisão da região em dois estados autônomos e independentes, um árabe palestino e um judeu. A cidade de Jerusalém, cobiçada por ambos os lados, seria internacionalizada. Os sionistas aceitam os termos da partilha, mas os palestinos a recusam.<br />
No momento em que o plano de partilha foi tornado público e com a divulgação da data do fim do mandato britânico, os choques entre palestinos e judeus acentuaram-se. Quando da proclamação oficial da criação do Estado de Israel irrompeu um ataque dos países árabes ao redor. Com um exército mais bem armado e o aumento contínuo do contingente de pessoal por conta da chegada de imigrantes vindos da Europa, Israel leva a melhor. Também na área política a superioridade israelense era evidente, até porque seus inimigos formavam um bloco nada coeso.<br />
Vários movimentos surgiram no mundo árabe como projeto de união do povo de Maomé, uns defendiam que a unificação deveria acontecer em torno da observância dos preceitos religiosos, outros defendiam que a união dos árabes com o objetivo da criação de um estado único fosse feita através da cultura e da história e dos interesses em comum.<br />
Até 1948 o nacionalismo árabe é um projeto fraco e fragmentado A partir do fim da guerra, o próprio sionismo e a Guerra Fria dão forte impulso ao movimento nacionalista árabe, conferindo-lhe um cunho popular inexistente até então. Em 1956, sob a liderança de Nasser, o Egito realiza a construção da barragem de Assuã e a nacionalização do canal de Suez. Este ato foi o estopim para o início de um conflito que envolveu as principais potências mundiais, que por este motivo suspenderam um empréstimo do Banco Mundial para a construção da barragem de Assuã. Nasser revidou, nacionalizando a companhia que gerenciava o canal, que até então era aberto a todas as nações e era administrado pelos ingleses, que o consideravam vital para manutenção de seu poder marítimo e interesses coloniais. Esta atitude mereceu uma resposta rápida: que veio através de um ataque de Israel, com o apoio da França e da Inglaterra, realiza pequenos ataques no Egito, na região da Faixa de Gaza, adotando a doutrina militar do ataque preventivo. Em pouco tempo Israel toma o deserto do Sinai e chega às portas da cidade de Cairo. A intervenção da ONU não tardou para resolver o conflito, que no entanto, deixou marcas por toda à parte. A aliança entre Israel, França e Inglaterra só veio a reforçar o mito árabe de que os israelenses seriam o trampolim do imperialismo ocidental encravado na região. Nasser tira proveito desta situação consolidando seu nome como a maior liderança do mundo árabe, dando impulso ao projeto de unificação de uma única nação árabe. No início dos anos 60, a política de Nasser fez com que o Egito fosse o principal defensor dos interesses árabes nas relações com o Estado de Israel. Até o ano de 1964 também os palestinos tinham no líder egípcio seu principal porta voz, também neste ano uma conferência das lideranças árabes criou a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), ficando sob o comando egípcio e com forças ligadas aos exércitos árabes vizinhos a Israel. Ao mesmo tempo, grupos de palestinos educados no exílio começam a agir na organização de movimentos genuinamente palestinos, criando assim o Fatah, liderado por Iasser Arafat, que defendia o confronto direto com Israel e a independência em relação aos outros países árabes, além de outros movimentos menores também defensores da luta armada e da utilização de táticas terroristas. No ano de 1967 toda a região parece um barril de pólvora preste a explodir, com atitudes hostis, tanto por parte dos judeus israelenses como também por parte dos árabes e palestinos. Toda esta tensão culmina com a decisão de Israel de, no dia 05 de junho de 1967, iniciar um ataque contra alvos árabes, em poucos dias, toda força aérea egípcia foi destruída e Israel ocupa toda a Península do Sinai, a Cisjordânia e as Colinas de Golan (até então pertencentes à Síria) e ainda anexa Jerusalém ao seu território, a este conflito deu-se o nome de Guerra dos Seis Dias. Este conflito determinou a mudança definitiva do equilíbrio de forças no Oriente Médio, passou a ser claro que Israel era o maior poderio militar da região, e que as novas fronteiras conquistadas, lhe dariam agora maior segurança. O único problema era que essas novas fronteiras lhe dariam maior controle sobre os campos de refugiados, agora dentro de suas fronteiras, e este controle faria com que se fortalecesse o sentimento de identidade nacionalista palestina, gerando um maior número de ataques terroristas contra alvos israelenses. O maior de todos os ataques acontece durante as olimpíadas de 1974 em Munique, quando palestinos invadem a vila olímpica e matam diversos atletas israelenses.<br />
O sentimento de vergonha e ódio crescente entre os árabes pelas seguidas derrotas diante de Israel na tentativa de recuperar os territórios perdidos, Faz com que Egito e Síria invadam Israel no Yon Kippur no ano de 1973. Apesar das perdas que sofre, Israel consegue contra-atacar, avançando em território egípcio até as portas da cidade de Cairo. Um acordo político encerra o conflito, mas este conflito marca, principalmente, pelo fato de que pela primeira vez os países árabes utilizam o petróleo como arma política. Diante disto e visando salvaguardar seus próprios interesses os Estados Unidos passam a interferir mais na região, como mediadores de um passível acordo entre árabes e israelenses. A principal tentativa foi o encontro entre palestinos e judeus em Camp David sob a mediação do presidente Jimmy Carter, que embora saudado em todo o mundo como início da aproximação que colocaria um fim aos conflitos, foi marcado por manifestações hostis em todo o mundo árabe, e com a rejeição dos palestinos que não haviam sido consultados sobre os termos do acordo.<br />
A partir da década de 80, novos fatores passam a influenciar na seara política do Oriente Médio, criando novos focos de conflitos, tais como aumento das tensões entre judeus e palestinos e conflitos no Golfo Pérsico. Com o resultado da Revolução Islâmica no Irã e temeroso das conseqüências desta revolução em seu próprio território, também de maioria xiita, o Iraque decide invadir o Irã, provocando mais uma vez a cisão entre os países árabes, onde o apoio aos países em conflito ficou dividido. O confronto entre Irã-Iraque também revelou ao mundo a crescente importância do petróleo na região; as grandes potências só intervieram quando petroleiros foram atingidos, se destruídos, poderiam prejudicar o suprimento de combustível ao Ocidente. As rivalidades, tensões e mais uma vez a busca de solução para seus próprios problemas, fazem com que o Iraque invada o Kuwait. Liderada pelos EUA, com autorização da ONU, uma grande coalizão internacional ataca o Iraque em 1991. o Iraque busca o apoio dos povos árabes lançando mísseis contra Israel na esperança de que este revidasse, motivando assim a entrada de outros países árabes sem apoio. O plano fracassa porque o governo israelense é orientado a não revidar, para que não se visse envolvido no conflito. Diante disto às forças iraquianas são rapidamente derrotadas.<br />
<br />
A QUESTÃO PALESTINA<br />
<br />
Desde o início dos anos, quando da escalada das ações terroristas palestinas fica evidente ao mundo que a não solução traria conseqüências desastrosas para ambos os lados e provavelmente ao mundo. Claro que nem todos concordam com isso, e as maiores resistências a um acordo estavam justamente entre palestinos e judeus. A partir de 1977, a colonização dos territórios ocupados tornou-se política oficial do governo israelense.e a manutenção dos territórios ocupados vistos como primordiais à política de segurança nacional. Esta política israelense se fortalecia à medida que ocorriam os ataques da guerrilha Palestina. Após o acordo de Camp David o Egito deixa de ser um aliado da OLP, enfraquecendo-a. Esta então muda a direção de suas atitudes passando a trabalhar com a possibilidade de um acordo via diplomacia, mas essa mudança não agrada a todos os palestinos, já que existiam grupos que não desejavam abandonar a luta armada.<br />
Em 1982 Israel invade o Líbano, sob a desculpa de eliminar focos de terroristas, mas com excessivo entusiasmo, termina por invadir a cidade de Beirute causando grande número de baixas entre a população civil e ao próprio exercito israelense e a um grande número de palestinos. A OLP entra em crise, quando suas táticas de negociação deixam de seduzir suas bases, principalmente os habitantes da Cisjordânia e a faixa de Gaza. O desespero desta população levou a “Intifada” (ressurreição), a Revolução das Pedras, que começou espontaneamente, tomando de surpresa o governo de Israel. Afinal armados com paus e pedras, jovens palestinos passaram a enfrentar as tropas israelenses, que reagiam aos ataques atirando contra os palestinos, a esta desproporção de forças, utilizam-se os principais grupos de oposição ao Estado de Israel, como arma de propaganda, buscando a simpatia do mundo para sua causa. Outros grupos, como o Hammas, não se preocupam com o uso político da intifada e passam a tomar parte dos ataques.<br />
<br />
A MUDANÇA DA OLP<br />
<br />
Temendo perder de vez a liderança da população, a OLP gira radicalmente seu posicionamento: renuncia ao terrorismo; reconhece o Estado de Israel e enfatiza a necessidade da criação do estado palestino. Esta mudança de atitude surpreende o governo israelense que se vê pressionado a mudar sua política em relação aos palestinos. Com o conflito no Golfo onde somente a OLP apoiou o Iraque, Israel começa a deixar sua posição de isolamento na região.<br />
A primeira conferência de paz acontece em 1991. Entretanto somente com a chegada ao poder de Itzhak Rabin, as intenções de paz começam a dar resultados. Acontece o encontro entre Rabin e Arafat. Um acordo foi firmado e previa a autonomia palestina sobre Gaza e a cidade de Jericó Com a retirada do exército de Israel. Aos poucos, a autonomia alcançaria outras áreas, desenhando assim a área da autoridade nacional Palestina. O bom clima dado pelo acordo de paz alavanca a aproximação de Israel com outros países árabes como o Marrocos, a Tunísia e a Jordânia. Entretanto nem tudo corria satisfatoriamente, Arafat e Rabin enfrentam a insatisfação dentro de seus territórios, vindo principalmente dos fundamentalistas, culminando com o assassinato do primeiro ministro israelense<br />
<br />
CONCLUSÃO<br />
<br />
Quando se olha na direção do Oriente Médio e em particular na área Palestina-Israelense, a pergunta à busca de uma resposta é: Haverá algum dia de paz no Oriente Médio? Vários fatores dificultam o caminho do processo que levaria à paz na região, mas sem dúvida o fator de maior dificuldade é a atuação de grupos fundamentalistas, tanto judeus como árabe-palestinos, movimentos que unem política e religião e buscam fundamentos históricos para defenderem suas posições. O fundamentalismo enfraquece os governos fazendo com que seus líderes tenham que dispor de energia e tempo, não somente para solucionar o conflito externo, mas para equilibrar as forças internas de cada governo, desviando o foco do que deveria ser o objetivo principal de cada governo: à busca da paz na região.<br />
<br />
Resumo do artigo "O mundo árabe e as guerras árabes israelenses" de GRINBERG, Keila.<br />
<br />
Por Celso de Almeida.</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-6439898326786944307?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-82912643914441006682008-03-30T21:17:00.006-03:002008-04-05T17:06:23.536-03:002008-04-05T17:06:23.536-03:00A VERDADE<a href="http://2.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A53QRuZcI/AAAAAAAAABg/GIHj27M-8DE/s1600-h/328377.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5183706792528340418" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A53QRuZcI/AAAAAAAAABg/GIHj27M-8DE/s200/328377.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><br />A verdade deve ser defendida. Esta afirmação é verdadeira, mais qual verdade deverá ser defendida? A verdade útil? A verdade da qual se utilizam os regimes para estabelecer controle social? Esta verdade, sabemos, nem tão verdadeira será, mais certamente estabelecerá os limites de controle necessários ao poder constituído. O “regime da verdade” imposto a humanidade, não é fato novo, foi assim através dos tempos e dificilmente algum dia isto será mudado, os regimes totalitários e absolutistas da idade média faziam o povo acreditar que seu poder era concedido pelo divino, por quem eram escolhidos. Outros mais antigos ainda, faziam crer que descendiam diretamente de Deus, depois de forma mais recente historicamente, grandes pensadores escoceses faziam o povo acreditar, que era fato inquestionável e verdadeiro, que a burguesia era merecedora de estar a frente das decisões do estado, e fazendo crer que existe a necessidade da divisão em classes sociais, e desta forma, digo, com esta verdade, mantinha-se o povo no lugar do povo, e os dominantes dominando. Nada mudou, hoje somos levados a crer que civilidade é não protestar, desta forma há um controle social evitando a desordem.<br />Conclui-se, que a verdade deve ser buscada por cada um de nós, pois a verdade de uns, não deve ser a verdade da maioria, sua busca deve ser incessante superando nossos interesses pessoais.</div><br /><div align="justify"><br />Celso de Almeida – História.</div><br /><div align="justify"><br />*Foto: Deusa da Verdade.</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-8291264391444100668?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-26421120092358269842008-03-30T21:17:00.004-03:002009-08-03T12:33:38.057-03:002009-08-03T12:33:38.057-03:00ILUMINISMO: ESCOLA ESCOCESA<div align="justify"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A3wQRuZZI/AAAAAAAAABI/C6JWLRvGYvU/s1600-h/328377.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5183704473246000530" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A3wQRuZZI/AAAAAAAAABI/C6JWLRvGYvU/s200/328377.jpg" border="0" /></a>ILUMINISMO<br /><br />Os princípios iluministas andam em geral associados a uma crítica racional propícia a investigação científica e tecnológica, a tolerância, ao humanitarismo e aos direitos universais do homem. Os ideais iluministas têm antecedentes antigos, quando os gregos se consideravam superiores aos bárbaros, partiam da noção de que sua cultura radicava numa valorização da razão e da tradição intelectual que escapavam a outros povos. A valorização da razão é sua principal característica, utilizada como instrumento de análise, reflexão sobre a sociedade na qual viviam. Os iluministas influenciaram na formação da opinião pública e também foram influenciados por ela. A historiografia Iluminista busca também, mostrar a História como produto da ação humana, outro fator inato ao movimento é o ceticismo, que duvida do que é estabelecido como “verdade absoluta” sem antes criticá-la. É preciso ir além dos conhecimentos pertinentes as ciências sociais é preciso vislumbrar outras áreas do saber, para os iluministas só através da razão o homem poderia alcançar o conhecimento, a convivência harmoniosa em sociedade, a liberdade individual e a felicidade. A razão era, portanto, o único guia da sabedoria capaz de esclarecer qualquer problema, possibilitando ao homem a compreensão e o domínio da natureza. As tendências que marcaram o Iluminismo foram: a valorização do culto da razão e predominância da ciência; crença no aperfeiçoamento do homem e a liberdade política, econômica e religiosa. Os iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que Deus está presente na natureza, portanto no próprio homem, que pode descobri-lo através da razão. Para encontrar Deus, bastaria levar vida piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se dispensável. Os iluministas criticavam-na por sua intolerância, ambição política e inutilidade das ordens monásticas. A história contada como progresso da razão humana, seria esta a base historiográfica mais determinante da teoria iluminista.<br /><br />A ESCOLA ESCOCESA<br /><br />A primeira referência ao modelo de história baseada no desenvolvimento econômico surge em alguns textos de Discursos de Hume, A primeira fase da história foi à caça e pesca, em seguida cresceram desigualmente a agricultura e as manufaturas: uma economia de base agrária, limitada ao intercâmbio entre os excedentes camponeses e os produtos das manufaturas locais. O desenvolvimento do mercado é o principal fator de desenvolvimento econômico. Passa-se a entender que a divisão entre a barbárie e a civilização é condicionada pelo processo de divisão do trabalho e a propriedade privada, e as instituições de governo aparecem relacionadas com os estágios de crescimento econômico. A historia baseada em quatro estágios da evolução humana: Caça e pesca, pecuária, agricultura e comércio, e aos diferentes estágios correspondem diferentes formas de organização social e diferentes instituições sobre a propriedade e a forma de governo, sistema legal e divisão do trabalho. Partindo-se da concepção que vê o curso da história como a ascensão da barbárie ao capitalismo, estabelece-se neste período um programa para o pleno desenvolvimento deste, no contexto do liberalismo econômico, com um sistema político que garantisse o respeito pela propriedade privada, com a promessa explícita de progresso para todos.<br />A Escócia tinha-se tornado a primeira nação européia alfabetizada. Isso significava que estava criada uma audiência não apenas para a bíblia mas para outros livros também. À medida que no século XVIII a censura afrouxava, verificou-se uma autêntica explosão de produção literária. Mesmo as pessoas de posses mais modestas tinham agora a sua própria coleção de livros. Aqueles que não os podiam comprar tinham agora a possibilidade de os emprestar nas bibliotecas públicas escocesas, que por volta de 1750 existiam em virtualmente todas as cidades, de qualquer tamanho.<br />Diante de todos os fatores que norteavam a teoria da história na visão dos pensadores da escola francesa, buscava-se legitimar a ascensão da burguesia o direito a propriedade, e que esta sociedade era o ápice da evolução humana, e que este progresso alcançado era um processo irreversível na evolução da humanidade, progresso alcançado pela evolução econômica e tecnológica.<br /><br />A VISÃO CONTEMPORÂNEA<br /><br />Analisando-se as formas de teoria da história tanto do iluminismo quanto da escola escocesa poderemos observar diversos pontos em comum com a visão histórica atual, onde ainda continuamos a estudar a história com a finalidade de analisar o passado para compreender o presente e preparar o futuro.<br />Deste período podemos destacar como visão historiográfica ainda atual vários fatores, tais como: Padrões de comportamento político, econômico, cultural, social e científico. O “Estado Nação”, a “imprensa”, a “economia de mercado”, a “ciência moderna”, a “democracia representativa”, a “cultura secular”, o “expansionismo econômico”, o “equilíbrio entre os três poderes”, a “razão histórica”, o “progresso”, o “contrato social”, a “superação do pensamento tradicional”, o “direito à propriedade privada”, a “busca do conhecimento como forma de evolução”, o “avanço tecnológico e econômico com etapa de evolução da história”.<br />Como se vê, a nossa época, a sociedade em que vivemos, continuam sendo influenciadas pelos ideais e conceitos iluministas: o sentido social do pertencimento, a identidade cultural que partilhamos com os demais membros da comunidade, ainda são influências da nacionalidade que nos abriga. A influência do iluminismo sobre o mundo contemporâneo pode ser encontrada nos vários aspectos de nossas formas de encarar a história. Sociedades democráticas, parlamentos, estado de direito, economia de mercado, avanço tecnológico, igualdade, reciprocidade de direitos e deveres perante as leis, liberdade para empreender e gerir negócios, racionalização da visão de mundo, concepção mecanicista e materialista.<br />Tais elementos formam um complexo de idéias que foram dominantes no período da ilustração e que ainda hoje norteiam nossa visão da história.<br /><br />Por: Celso de Almeida.<br /><br />*Foto: Adam Smith</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-2642112009235826984?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-86082462986926770122008-03-30T21:17:00.003-03:002008-04-05T17:07:54.550-03:002008-04-05T17:07:54.550-03:00AFINAL O QUE FAZ O HISTORIADOR?<a href="http://3.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A2MgRuZYI/AAAAAAAAABA/NN1nHOsXvjs/s1600-h/historiador.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5183702759554049410" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A2MgRuZYI/AAAAAAAAABA/NN1nHOsXvjs/s200/historiador.gif" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><div align="justify">Afinal o que faz o historiador? Responder esta aparentemente simples pergunta, exige uma análise bastante profunda da situação que a envolve, não podendo ser respondida de uma forma limitada aos bancos acadêmicos, há de se lançar um olhar abrangente em todos os aspectos que envolvem a vida deste profissional, sua realidade, seus conceitos e suas ideologias.<br />Atualmente, os historiadores produzem modos de trabalhar para reduzir a influência dos historiadores interpretativos, criando métodos rigorosos de pesquisa que tentam transformar em universais. Debate-se de que forma o historiador adquire seu conhecimento, se as técnicas utilizadas são adequadas na busca da comprovação da verdade, para reescrever o passado, nem sempre digno, correto, justo mais que ainda assim, deve ser contado.<br />Será que o historiador escreve uma história imparcial? Não é difícil concluir, que não, pois a análise do passado e sua reescrita são feitas por um profissional impregnado de influências externas em seu trabalho de pesquisa, muitas das quais, negativas, e por isso mesmo, posicionando-o a favor de alguém ou simplesmente a favor de suas próprias convicções. Torna-se então, necessário refletir, para quem se escreve a história! Ainda existem muitas perguntas sem respostas; seria a história escrita somente para os ricos, ou brancos, pobres, ou negros, homens ou mulheres? A história é escrita para todos nós, e sua escrita deve ser pautada em pesquisas cada vez mais profundas, que permitam comprovar a verdade dos fatos.<br />Quanto a análise pura e simples do papel do historiador; JENKINS diz o seguinte: “Debatem se o historiador pode adquirir conhecimento de maneira objetiva e por meio de “práticas apropriadas” ou se esse conhecimento é intersubjetivo ou interpretativo; se a história está livre de juízos de valorou se é sempre posicionada “para alguém”, se a história é inocente/pura ou ideológica, se é imparcial ou parcial, se é fato ou fantasia. Ou debatem se a empatia pode nos proporcionar um entendimento real das pessoas que viveram no passado; se, indo às fontes originais (vestígios do passado), podemos alcançar um conhecimento verdadeiro e profundo,se aqueles parâmetros conceituais de que falamos representam a essência da história; e, por fim, se os reais segredos do passado serão revelados mediante o rigor do cientista ou o instinto do artista”.<br />Diante destes fatos, deve-se refletir, que apesar das muitas influências que sofre, o historiador deve estar sempre a busca da verdade dos fatos e acontecimentos da história, utilizando-se de todas as técnicas possíveis, dendo buscar sempre a imparcialidade mesmo quando isto não seja tão possível, deve saber que não escreve sobre o passado, mais sim, sobre “os passados”, de todos sem distinção, de cor, sexo, posição social, etnias. Passado de todos os povos, não do homem, mais da humanidade.<br /><br />Celso de Almeida - História. </div><div align="justify"></div><div align="justify">*Foto: Heródoto</div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-8608246298692677012?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br2tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-26220433512019607282008-03-30T21:17:00.002-03:002009-07-31T12:21:19.238-03:002009-07-31T12:21:19.238-03:00EDUCAÇÃO BÁSICA DURANTE O PERÍODO MILITAR<div align="justify"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A0IQRuZXI/AAAAAAAAAA4/od2Ad5iiRno/s1600-h/essa.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5183700487516349810" style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center;" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_A0IQRuZXI/AAAAAAAAAA4/od2Ad5iiRno/s200/essa.gif" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">INTRODUÇÃO</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Neste trabalho discorreremos sobre Educação Básica durante o Regime Militar de Governo (1964/1985). A educação escolar durante qualquer governo segue normas e diretrizes estabelecidas pelos governantes, visando quase sempre interesses políticos, e como tal não foi diferente no período do governo militar. O modelo educacional instituído teve como principal objetivo formar o cidadão para a instrução técnica, ficando relegada a educação básica a uma segundo plano na ordem de prioridade, esquecendo-se que a educação básica influi decisivamente na formação moral e no caráter do individuo. Estas afirmações levam-nos ao questionamento sobre a prática docente, e sobre o modelo educacional adotado, no decorrer do trabalho analisaremos: fatos, leis, formação de professores, movimentos educacionais. Imprescindível ressalvar que a educação funcionava como uma estratégia de hegemonia, procurando difundir ideais através da escola.<br /></div><br /><div align="justify">1 - EDUCAÇÃO BÁSICA NO REGIME MILITAR (1964-1985) </div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Alguma coisa acontecia na educação brasileira. Pensava-se erradicar definitivamente o analfabetismo através de um programa nacional, levando-se em conta as diferenças sociais e culturais de cada região. O período anterior, de 1946 ao principio de 1964, talvez tenha sido o mais fértil da história da educação brasileira. Neste período atuaram educadores que deixaram seus nomes na história da educação por suas realizações. Neste período atuaram educadores do porte de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Paschoal Leme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro entre outros.<br />Foi sob os auspícios da ditadura que foram assinados os chamados “Acordos MEC/USAID”, sendo que técnicos da USAID(United States Agency for International Development) participaram diretamente na reorganização do sistema educacional brasileiro. Os acordos deram à USAID um poder de atuação em todos os níveis de ensino (primário, médio e superior), nos ramos acadêmico e profissional, no funcionamento do sistema educacional, através da reestruturação administrativa, no planejamento e treinamento de pessoal docente e técnico, e no controle do conteúdo geral do ensino através do controle da publicação e distribuição de livros técnicos e didáticos. Essa abrangência de atuação mostra a importância atribuída à educação pelos países centrais, na integração e no posicionamento das sociedades periféricas no contexto geral do capitalismo internacional.<br />Foi a partir das orientações estabelecidas pelos acordos MEC-USAID e dos Relatórios do Grupo de Trabalho da Reforma Universitária e do Relatório Meira Matos, que foram realizadas as reformas educacionais sob a ditadura, culminadas com as Leis 5.540/68 e 5.692/71, sendo a primeira destinada ao Ensino Superior e a segunda aos Ensinos de Primeiro e Segundo Graus (o que hoje denominamos Ensino Fundamental e Médio, respectivamente).Essas reformas acabaram com os movimentos de alfabetização baseados no método crítico desenvolvido por Paulo Freire, no qual a educação aparecia ’como prática da liberdade‘. O método de alfabetização de Freire seria adotado em todo o país, como previa o PNA (Plano Nacional de Alfabetização), criado no governo de João Goulart. O PNA, porém, foi extinto pelo decreto nº 53.886, 1964 e, para substituí-lo, a ditadura implantou a CRUZADA ABC (Cruzada da Ação Básica Cristã), a fim de neutralizar a ação das Ligas Camponesas e, posteriormente, o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização).<br />Para erradicar o analfabetismo foi criado o MOBRAL. Aproveitando-se, em sua didática, do expurgado Método Paulo Freire, o MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no Brasil...não conseguiu.<br />É no período mais violento da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, que é instituída a lei 5.692/71.<br />Rotular a educação que ocorre durante um regime autoritário de “educação autoritária”, nada mais injusto com os muitos profissionais do ensino que lutaram, no dia-a-dia de sua prática, para educar da melhor maneia possível, a despeito das limitações estruturais e da opressão ideológica que enfrentavam. Aumenta-se o tempo da escolaridade e retira-se a vinculação constitucional de recursos com a justificativa de maior flexibilidade orçamentária. Mas alguém teria de pagar a conta, pois a intensa urbanização do país pedia pelo crescimento da rede física escolar. O corpo docente pagou a conta com duplo ônus: financiou a expansão com o rebaixamento de seus salários e a duplicação ou triplicação da jornada de trabalho. Assim, a política educacional da ditadura se caracterizou por proporcionar uma débil formação escolar e algum tipo de treinamento na formação escolar básica para inserção nos processos produtivos.<br /></div><br /><div align="justify">2 - MOBRAL / ACORDO MEC-USAID<br /><br />A educação básica durante o regime militar tomara novos rumos. O acordo MEC-USAID e o MOBRAL são iniciativas decorrentes deste período.<br /></div><br /><div align="justify">2.a - MEC/USAID<br /></div><br /><div align="justify">O acordo firmado objetivava ajustar a educação Brasileira aos moldes americanos, atuando em todos os segmentos do ensino.O fator decisivo a adesão da política educacional encontrava-se na progressiva expansão das multinacionais e da transição cultural americana para o Brasil. A aliança entre essas nações materializou-se na “tutela” do EUA sobre o ensino no país com o envio de assessores para coordená-lo, direcionado-o as necessidades do mercado econômico.<br />Em 1968 o Brasil propõe uma “roupagem nacionalizadora” ao tratado, para acalmar os ânimos sociais.<br /><br />2.b - MOBRAL<br /><br />Outro “slogan” na ditadura militar era a erradicação do analfabetismo cujo pioneiro nesta empreitada foi o MOBRAL, porém as tentativas não proveram êxito, pois o analfabetismo perdurou como um mal endêmico na sociedade brasileira.Criado pela lei número 5.379, de 15 de dezembro de 1967, o programa destinava-se à alfabetização de Jovens e Adultos tendo como meta desenvolver-lhes aptidões para o trabalho e adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo vistas como inerentes para ascensão social, desconsiderando as contradições do sistema no qual estava imerso.<br /><br />2.c – ESTRUTURA MOBRAL<br /></div><br /><div align="justify">O MOBRAL subdividiu-se em setores administrativos e organizacionais. Sendo o primeiro ramificado em: secretaria executiva (SEXEC), coordenações regionais (COREG), coordenações estaduais (COEST) e as comissões municipais (COMUM).O segundo compartimentado em gerências pedagógicas (GEPED), financeiras (GERAF), dentre outros.Para permanecer em atividade o programa modificou-se até sua desativação.<br />Depois da campanha de alfabetização de adultos, passou a contemplar também os adolescentes, redirecionando seu raio de influência para este grupo.Surgiram projetos e planos como: programas e técnicas de educação integrada, programa cultural, programa de profissionalização, diversificação comunitária, etc. Em 1975 o mobral é submetido a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), por estar abrangendo crianças de 9 a 14 anos no programa conhecido como “mobralzinho”.<br /></div><br /><div align="justify">2.d - METODOLOGIA DO MOBRAL<br /></div><br /><div align="justify">O Programa de Alfabetização Funcional apresentava objetivos, vejamos alguns:<br />1. desenvolver nos alunos as habilidades de leitura, escrita e contagem; 2. formar hábitos e atitudes positivas, em relação ao trabalho; 3. desenvolver a criatividade, a fim de melhorar as condições de vida, aproveitando os recursos disponíveis; 4. levar os alunos: - a conhecerem seus direitos e deveres e as melhores formas de participação comunitária; - a se empenharem na conservação da saúde e melhoria das condições de higiene pessoal, familiar e da comunidade;<br />Após a divulgação dos objetivos específicos, nota-se que estes não estão à precisão imediata de sua clientela, não há menção a melhores condições de trabalho ou salariais que naquele momento faziam-se primordiais a população.Mas apenas tratou-se de subjugá-la aos interesses políticos vigentes, no qual os deveres do estado para com a sociedade civil não são tão enfáticos, quanto os da população.Percebe-se isso através da intrínseca mensagem nas entrelinhas.Afirmavam ainda que o método estava baseado nas experiências dos educandos assim como na metodologia Freire, expurgada pelo mesmo.<br /></div><br /><div align="justify">3 - PROGRAMA DE EDUCAÇÃO INTEGRADA<br /><br />Este programa foi implantado em 1971, tendo seu período de expansão entre os anos de 1972 e 1976,criado com o objetivo de dar prosseguimento a formação acadêmica do indivíduo.Apreciemos algumas propostas:<br />1 - propiciar o desenvolvimento da autoconfiança, da valorização da individualidade, da liberdade, do respeito ao próximo, da solidariedade e da responsabilidade individual e social; 2 - possibilitar a conscientização dos direitos e deveres em relação à família, ao trabalho e a comunidade; 3 - possibilitar a ampliação da comunicação social, através do aprimoramento da linguagem oral e escrita;<br />A principal diferença entre o programa de Alfabetização Funcional e o de Educação Integrada é o acréscimo de competências referentes as quatro primeiras séries iniciais, expandindo o papel do MOBRAL.<br /></div><br /><div align="justify">4 - PROGRAMA MOBRAL CULTURAL<br /></div><br /><div align="justify">Este programa foi lançado com fins de propagar a cultura ao povo brasileiro, permitindo aos estudantes acesso a manifestações artístico-culturais.Visava contribuir no campo alfabetizador, por isso considerava:<br />a. contribuir para atenuar ou impedir a regressão ao analfabetismo;<br />b. reduzir a deserção dos alunos de Alfabetização funcional;<br /><br />O programa cultural do MOBRAL pretendia difundir uma imagem positiva do projeto à população.<br />Apesar de vislumbrar a disseminação da cultura, valorizava e preservava os valores vigentes.<br /></div><br /><div align="justify">5 - PROGRAMA DE PROFISSIONALIZAÇÃO<br /></div><br /><div align="justify">Este programa surgiu em 1973, estabelecendo parcerias com entidades privadas buscando profissionalizar a educação.O beneficiário deste, possuiria uma instrução de cunho profissional. Um dos órgãos conveniados foi o Programa Intensivo de Preparação de Mão – de – Obra. Percebe-se a grande preocupação em promover um ensino técnico, voltado para o desempenho de uma função específica, cabendo ao MOBRAL tal treino para a capacitação.<br /></div><br /><div align="justify">6 - PROGRAMA DE AUTO DIDATISMO<br /></div><br /><div align="justify">Visava tornar os alunos “construtores do seu próprio saber”.Destinado a ex – alunos e a comunidade, pretendia motivá-los a retomar os estudos ingressando na rede regular de ensino.<br /></div><br /><div align="justify">7 - ESTRUTURA POLÍTICA EDUCACIONAL<br /></div><br /><div align="justify">As seguidas mudanças no sistema educacional suscitaram modificações na regulamentação do ensino no período, culminando na sansão de leis e decretos .Destacaremos o decreto 477 e a LDB 5692/71.<br /><br />8 - DECRETO 477 DE 26 DE FEVEREIRO DE 1969<br /></div><br /><div align="justify">Define infrações disciplinares praticadas por professores, alunos, funcionários ou empregados de estabelecimentos de ensino público ou particular, e dá outras providências.<br />Art 1o Comete infração disciplinar o professor, aluno, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino público ou particular que: I – Alicie ou incite a deflagração de movimento que tenha por finalidade a paralisação de atividade escolar ou participe nesse movimento; II – Atente contra pessoas ou bens, tanto em prédio ou instalações, de qualquer natureza, dentro de estabelecimentos de ensino, como fora dele;<br /></div><br /><div align="justify">9 - LDB 5692 / 71<br /></div><br /><div align="justify">9.a - CAPÍTULO I<br />Do Ensino de 1º e 2º graus<br /><br />Art. 1º O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania.<br />Art. 2° O ensino de 1º e 2º graus será ministrado em estabelecimentos criados ou reorganizados sob critérios que assegurem a plena utilização dos seus recursos materiais e humanos, sem duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes.<br />Art. 3° Sem prejuízo de outras soluções que venham a ser adotadas, os sistemas de ensino estimularão, no mesmo estabelecimento, a oferta de modalidades diferentes de estudos integrados, por uma base comum e, na mesma localidade:<br />Art. 4º Os currículos do ensino de 1º e 2º graus terão um núcleo comum, obrigatório em âmbito nacional, e uma parte diversificada para atender, conforme as necessidades e possibilidades concretas, às peculiaridades locais, aos planos dos estabelecimentos e às diferenças individuais dos alunos.<br />Art. 7º Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de lº e 2º graus, observado quanto à primeira o disposto no Decreto-Lei n. 369, de 12 de setembro de 1969.<br />Parágrafo único. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais dos estabelecimentos oficiais de 1º e 2º graus.<br />Art. 9º Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acôrdo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos de Educação.<br /><br />9.b - CAPÍTULO II<br /></div><br /><div align="justify">Do Ensino de 1º Grau<br />Art. 17. O ensino de 1º grau destina-se à formação da criança e do pré-adolescente, variando em conteúdo e métodos segundo as fases de desenvolvimento dos alunos.<br />Art. 18. O ensino de 1º grau terá a duração de oito anos letivos e compreenderá, anualmente, pelo menos 720 horas de atividades.<br />Art. 19. Para o ingresso no ensino de 1º grau, deverá o aluno ter a idade mínima de sete anos.<br />Tanto o decreto 477 quanto a LDB 5692/71, mudaram o enfoque da educação brasileira. O decreto com características mais opressoras determinava as punições aos membros da escola quando cometiam uma infração (atitudes que incitem em movimentos contrários ao regime outorgado).Já, a LDB 5692/71primava uma formação educacional de cunho profissionalizante, incluindo-a no desenvolvimento econômico do país.<br /></div><br /><div align="justify">10 - FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO ENSINO<br /></div><br /><div align="justify">A formação dos professores durante o período estudado, restringiu-se a instruir o professor “técnico”, sendo assim a preparação dos profissionais centrou-se nos conteúdos eminentemente de cunho técnicos, e não nos conteúdos pedagógicos, norteadores da prática de ensino. A formação centralizou-se nas exigências da nova política implementada.<br /></div><br /><div align="justify">11 - TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS<br /></div><br /><div align="justify">Tendência Tecnicista 1960: Surge nos EUA cujos teóricos e técnicos passam a influenciar os países latino-americanos em vias de desenvolvimento, dentre eles o Brasil. O objetivo desta escola, montada a partir de um modelo empresarial é favorecer as implicações da sociedade industrial e tecnológica. A pesquisa e tecnologia educacional garantem a objetividade e eficácia na ação da escola. A “nova” orientação dada à educação representava a preocupação com o aprimoramento técnico e o incremento da eficiência e maximização dos resultados e tinha como decorrência a adoção de um ideário que se configurava pela ênfase no aspecto quantitativo, nos meios e técnicas educacionais, na formação profissional e na adaptação do ensino as demandas da produção industrial.<br />O ingresso desta vertente educativa deve-se principalmente ao acordo MEC-USAID.Essa perspectiva torna-se relevante aos anseios momentâneos da sociedade brasileira, onde há predominância dos interesses burgueses. Atrelada às requisições do capital internacional, a política expansionista norte-americana tinha como princípios a incorporação dos países periféricos ao seu ciclo econômico como produtores de matéria-prima e formadores de mercado consumidor.<br />A preocupação com a disciplinarização do alunado demonstrada na Reforma Universitária (Lei nº 5692/71) também foi considerada e manifestou-se por meio do artigo 7º que regulamentou a obrigatoriedade das disciplinas de Educação Moral e Cívica e Educação Física nos ensino de 1º e 2º graus (BRASIL, 1971).<br /></div><br /><div align="justify">RESUMO<br /></div><br /><div align="justify">Alguma coisa acontecia na educação brasileira. Pensava-se erradicar definitivamente o analfabetismo através de um programa nacional. Sob os auspícios da ditadura foram assinados os chamados “Acordos MEC/USAID”. Foi a partir das orientações estabelecidas pelos acordos e dos relatórios do Grupo de Trabalho da Reforma Universitária e do Relatório Meira Matos que foram realizadas as reformas educacionais sob a ditadura.Essas reformas acabaram com os movimentos de alfabetização baseados no método crítico desenvolvido por Paulo Freire, no qual a educação aparecia como “prática da liberdade”. Para erradicar o analfabetismo foi criado o MOBRAL. È no período mais violento da ditadura , onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada que é instituída a lei 5.692/71, que tratava dos assuntos relacionados a educação no Brasil.Rotular a educação que ocorre durante um regime autoritário de “educação autoritária” é injusto com os profissionais de ensino que lutaram no dia a dia da melhor maneira possível. A urbanização do país pedia pelo crescimento da rede física escolar, e foi o corpo docente que pagou a conta desta expansão, com o rebaixamento de seus salários e a duplicação ou triplicação da jornada de trabalho. Outro “slogan” da ditadura era a erradicação de analfabetismo, porém as tentativas não obtiveram êxito. Outros programas foram criados além do MOBRAL, dentre os quais o programa de Alfabetização Funcional e o de Educação integrada, além do acréscimo de competências referentes as quatro primeiras séries iniciais, expandindo o papel do Mobral. Foi criado o Programa Mobral Cultural, com fins de propagar a cultura ao povo brasileiro permitindo acesso aos estudantes a manifestações artístico-culturais, pretendia difundir uma imagem positiva do projeto a população.Surge ainda o programa de Profissionalização em 1973, estabelecendo parcerias com entidades privadas buscando profissionalizar a educação, percebendo-se uma grande preocupação em promover um ensino técnico, voltado para o desempenho de uma função específica. Surge o Programa de Autodidatismo que visava tornar os alunos “construtores do seu próprio saber”, destinados a alunos de comunidades, pretendia seu retorno a rede regular de ensino. As leis; Tanto o decreto 477 quanto a lei 5.692/71, mudaram o enfoque da educação brasileira. O decreto com características mas opressoras determinava as punições aos membros da escola quando cometam uma infração, já a LDB, primava uma formação educacional de cunho profissionalizante, incluindo-a no desenvolvimento do país. A formação dos professores durante o período militar restringiu-se a instruir o professor “técnico”, pouco atendo-se ao s cunhos pedagógicos da educação. </div><br /><div align="justify"><br />ANÁLISE CRÍTICA </div><br /><div align="justify"><br />Dos fatos apresentados, concluímos que com tantas mudanças que já ocorreram no sistema educacional brasileiro, nenhuma mais radical que as ocorridas durante o período do governo militar, e muito embora se diga que a educação permaneceu estagnada durante este período, isto não é totalmente verdade, muitos programas foram criados em nome de desenvolver a educação no país, e muito embora possa ter havido realmente a intenção de que a educação avançasse em termos de melhorias estas reformas educacionais estavam por demais ligadas ao sistema de governo ditatorial. Com programas mal executados, em sua maioria, todas estas reformas implementadas estavam cunhadas ao fracasso, tanto assim que a maior das bandeiras educacionais do governo que era a erradicação do analfabetismo não obteve resultados, até mesmo a educação tecnicista implantada com a ajuda da USAID mal trabalhada também poucos frutos rendeu ao país. A educação é libertadora, democrática, e sua destinação deve ser a de desenvolver o cidadão em sua plenitude de direitos, portanto impossível de haver uma plena educação em um governo de ditadura, ainda hoje mesmo após passados mais de vinte anos do retorno a dita “democracia” ainda nossa educação sofre efeitos destes vinte anos de governo militar, avançamos, mais a passos lentos e sem vontade política. Educação é aqui entendida, basicamente, como a formação do ser humano para desenvolver suas potencialidades de conhecimento, julgamento e escolha para viver conscientemente em sociedade, o que inclui também a noção de que o processo educacional, em si, contribui tanto para conservar quanto para mudar valores, crenças, mentalidades, costumes e práticas. Montesquieu estabelece uma relação indispensável entre o tipo de regime político e o sistema educacional. É impossível, diz ele, uma república sem educação republicana, uma educação igualitária num regime que não seja igualitário.<br /><br /><br />Celso de Almeida.</div><div align="justify">*Foto: Livro - "O regime militar no Brasil", Carlos Fico</div></div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-2622043351201960728?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br8tag:blogger.com,1999:blog-8592215485906136547.post-62131914524960176542008-03-30T21:17:00.001-03:002008-04-05T17:06:07.582-03:002008-04-05T17:06:07.582-03:00Cansei, Também<a href="http://4.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_Aw4wRuZWI/AAAAAAAAAAw/NZViL0wu8kI/s1600-h/327340.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5183696922693494114" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_KMwqm4cU9hA/R_Aw4wRuZWI/AAAAAAAAAAw/NZViL0wu8kI/s200/327340.bmp" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div align="justify">Artigo publicado no jornal O Globo, no dia 18/08/2007<br />Cristovam Buarque *ww.cristovam.com.br<br /><br />Eu também cansei de gente que só quer levar vantagem, do governo paralelo dos traficantes, de pagar tantos impostos para nada, de tanta impunidade, de tanta burocracia, do caos aéreo, de CPIs que não dão em nada, de ver crianças nas ruas e não nas escolas, de presidiários falando ao celular, de empresários corruptores, de ter medo de parar no sinal, de bala perdida, de tanta corrupção, de achar isso tudo normal, de não fazer nada. (Publicidade do movimento cívico pelo direito dos brasileiros.)<br />Cansei também dos apagões nas paradas de ônibus, onde milhões de trabalhadores e estudantes esperam por transporte, debaixo de sol e de chuva, sob ameaça de assaltos, sem ter a quem reclamar e sabendo que sua tragédia será ignorada nos jornais. Do apagão da saúde nas filas dos hospitais, na cara doente do povo, no olhar de crianças assustadas e mães angustiadas. Cansei da desigualdade com que a tragédia escolhe seus portadores, poupando os que podem comprar remédios, médicos, advogados, até alguns anos de vida, prorrogando a própria juventude.<br />Cansei dos que estão cansados com aviões atrasados, mas sempre se omitiram ante um país que não decola, por causa da omissão e equívocos, da falta de patriotismo e de prioridades. Cansei da tolerância passiva ante os dois muros nos quais o Brasil esbarra: o muro do atraso e o muro da desigualdade.<br />Cansei do país campeão mundial da concentração de renda. E da burrice institucional que mede o progresso pelo número de carros engarrafados em ruas apinhadas.<br />Cansei dos que gritam e esperneiam contra a corrupção no comportamento individual dos políticos, mas usufruem da histórica corrupção nas prioridades da política. Cansei da humilhação dos baixíssimos salários dos professores, mas também das direções sindicais que não se ocupam da tragédia das escolas fechadas, por causa da guerra civil dos morros ou de greves intermináveis, pura e simplesmente.<br />Cansei dos artistas e apresentadores que se dizem cansados da corrupção mas que sempre votaram em corruptos, e que votarão neles novamente nas próximas eleições, pois preferem um corrupto amigo a um honesto que não é de sua turma.<br />Cansei dos publicitários que se cansaram da corrupção, mas que na próxima eleição farão alegremente a campanha dos corruptos que lhes pagarem bem.<br />Cansei do marketing político que ganha para nos enganar e usa os ganhos para nos enganar ainda mais.<br />Cansei da política que nos ilude com ciclos econômicos que pouco deixam para a nação, como os do açúcar, do ouro, do café, da borracha, do algodão, da soja, da industrialização, e que agora nos iludirá novamente com o etanol. Cansei da miopia dos que se negam a ver a oportunidade, e dos que não querem tomar as devidas precauções.<br />Cansei de um país que se diz sem racismo, mas não aceita o uso de cotas para aumentar o número de estudantes negros na universidade. Também cansei do elitismo do movim ento negro que se interessa somente nas cotas para os poucos que querem entrar na universidade, mas ignora os milhões de pobres - negros ou brancos - abandonados no caminho educacional, antes de concluírem o ensino médio.<br />Cansei da acomodação dos milhões de pobres que aceitam que seus pais e mães morram nas filas dos hospitais, porque a cura depende de poucos reais que eles não têm, e que sacrificam passivamente o futuro dos seus filhos, em escolas sem qualidade. Parece que acreditam que saúde e educação são direitos reservados por Deus apenas aos ricos.<br />Cansei, acima de tudo, da aparente impossibilidade de colocarmos juntos os cansados, que têm medo de perder seus privilégios, e os pobres, acomodados na sua falta de direitos. Cansei, mais ainda tenho esperança de que um dia os cansados tenham patriotismo e os acomodados tenham consciência. E que juntos lutem por um país com uma escola boa para cada criança, independentemente da cidade ou da família em que tenha nascido.<br />Cansei também de tanta gente achar que isso é um sonho impossível. Cansei, mas não me desesperei, ainda.<br /></div><br /><div align="justify">* Professor da Universidade de Brasília, Senador pelo PDT / DF. </div><div class="blogger-post-footer"><img width='1' height='1' src='https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8592215485906136547-6213191452496017654?l=celsodealmeida.blogspot.com' alt='' /></div>Celso de Almeidahttp://www.blogger.com/profile/18211200737953835690ten.almeidamartins@oi.com.br0